Os recentes incidentes de danos em cabos de fibra óptica submarinos acenderam um alerta global sobre a vulnerabilidade das infraestruturas de comunicação. Para mitigar esses riscos, a OTAN anunciou um ambicioso projeto de backup utilizando uma rede de satélites chamada HEIST (Hybrid Space-Submarine Architecture Ensuring Infosec of Telecommunications).
Sabotagens e danos: o que está acontecendo?
Dois episódios chamaram a atenção em 2024. O primeiro ocorreu em fevereiro, quando cabos que conectavam a Alemanha à Finlândia e a Lituânia à ilha sueca de Gotland foram danificados. Investigações apontaram para sabotagem deliberada, mas os responsáveis ainda não foram identificados. Já o segundo caso, em novembro, teve seu culpado declarado: os rebeldes Houthi, do Iêmen, assumiram a autoria da sabotagem de um cabo no Mar Vermelho que conectava a Europa à Ásia.
Embora a sabotagem seja uma preocupação crescente, nem sempre esses danos são intencionais. Fatores como âncoras de navios, submarinos ou mesmo eventos naturais frequentemente afetam os cabos, que estão posicionados em profundidades entre 1 e 8 quilômetros no fundo do mar. O reparo desses cabos, além de caro, pode levar semanas, agravando ainda mais o impacto em redes globais de comunicação.
Satélites como solução emergencial
Em resposta a essa vulnerabilidade, a OTAN está desenvolvendo o projeto HEIST, uma rede híbrida que funcionará como um backup no caso de interrupções nos cabos submarinos. Embora não substituam completamente os cabos de fibra óptica, os satélites seriam uma solução temporária para minimizar os prejuízos causados por interrupções prolongadas.
Ainda assim, há limitações significativas. Enquanto os cabos submarinos oferecem velocidades de transmissão de até 100 Tbps, satélites avançados como o Starlink chegam a, no máximo, 200 Gbps. Ou seja, apesar de sua utilidade emergencial, os satélites não conseguem atender à demanda crescente de tráfego de dados de maneira eficiente e contínua.
O desafio de proteger uma infraestrutura crítica
A importância dos cabos submarinos na comunicação global é inegável: mais de 95% do tráfego de dados da internet mundial passa por essas redes. Sua vulnerabilidade, seja por sabotagem ou acidentes, reforça a necessidade de iniciativas como o HEIST, mas também demanda maior vigilância e investimento em segurança.
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