Você já se perguntou como as informações de telecomunicações e internet atravessam oceanos e ligam continentes e cidades litorâneas? Isso acontece graças aos cabos submarinos, que são conexões submersas nos oceanos responsáveis por manter essa comunicação em todo o mundo.
Atualmente existem milhares de quilômetros de cabos e de repetidores que foram colocados em fundos de oceanos e que ligam países e continentes, mantendo uma rede de comunicação entre todo o mundo. Eles surgiram ainda na década de 50 e até hoje são essenciais, sendo os responsáveis por 99% das comunicações transoceânicas no mundo todo.
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Cabos submarinos e a Internet
O que são os cabos submarinos?
Esses cabos submarinos atualmente são conexões de fibra óptica que são bem protegidas e ficam localizadas no fundo dos oceanos, ou seja, submersas. Eles são usados para transmitir sinais de telecomunicações entre os continentes, países e cidades litorâneas (como acontece aqui no Brasil).
Embora não sejam tão conhecidos e falados como os cabos subterrâneos das cidades, ainda são muito importante e a internet como conhecemos hoje não seria possível sem eles. Se essas conexões transoceânicas não existissem a internet seria muito mais limitada.
Eles já foram feitos de diversos materiais, mas hoje em dia utilizam a tecnologia de fibra óptica. Os dados são transmitidos em uma velocidade muito rápida, a partir do disparo de lasers em sua extremidade, através de fibras de vidros finas que alcançam os receptores na outra extremidade.
Os cabos ganham reforços extras
Como o mar não é um ambiente totalmente controlado, ainda é preciso contar com algumas proteções que garantem mais segurança e mais durabilidade no fundo da água. Essas proteções são feitas principalmente com plástico e metais, além do uso de vaselina, cobre, policarbonato, aço e polietileno.
Ele também não são grossos, tendo cerca de 3,5 cm de diâmetro, já que suas camadas são finas.
As proteções são cada vez mais reforçadas perto da costa, em regiões mais rasas, principalmente por causa da interação maior com os animais nesses locais. Os grandes alvos nesse caso foram os tubarões, já que houveram algumas ocasiões em que esses animais tentaram mastigar esses cabos. Porém eles não são os grandes vilões e sim os próprios seres humanos por causa da pesca e da ancoragem.
Estima-se que atualmente aconteçam cerca de 100 acidentes com cabos durante um ano, principalmente por causa das âncoras de barcos e navios, que são responsáveis por 2/3 desses acidentes. Terremotos também acabam afetando o funcionamento deles.
Os cabos também são trocados antes do final da sua vida útil, que é de cerca de 25 anos, já que antes de chegar ao fim eles já começam a apresentar diminuição na velocidade de transmissão de dados. É mais barato trocá-los nesse momento do que custear a manutenção.
O canal “Whats Inside” do Youtube tem um vídeo bem legal onde eles mostram um pedaço de um desses cabos que foi cortado ao meio. Nat e uma amiga, do canal Nat and Friends, tinham visitado uma fábrica e um navio que naquele momento estava sendo carregado com um novo cabo submarino, e então conseguiu esse “souvenir”. Inclusive, esse cabo estava sendo instalado para ligar os Estados Unidos e o Brasil.
Confira os vídeos da visita e do cabo partido:
Como surgiram os primeiros cabos submarinos?
O primeiro cabo submarino foi construído no ano de 1958, logo depois da invenção do telégrafo. A empresa responsável foi a Cyrus West Field e essa construção levou cerca de 4 anos. Ele ligava a Inglaterra e os Estados Unidos e a primeira mensagem enviada através do novo cabo foi realizada pela Rainha Vitória, da Grã-Bretanha, para o presidente americano James Buchanan. A mensagem era “Glory to God in the highest, and on Earth, peace, good will to men (“Glória a Deus nas alturas, e paz na terra entre os homens a quem ele quer bem”).
Ela foi enviada na manhã do dia 16 de agosto de 1858, às 10h50, porém só chegou ao destino final no dia seguinte, 17 de agosto, às 4h30. Na época o cabo era feito com uma mistura de tecido e borracha e só transmitia 2 palavras por minuto. Ele foi desativado depois de um mês devido a uma sobrecarga de energia.
Entre os anos de 1866 e 1868 outro cabo foi construído pelos ingleses. Depois, em 1870, essa rede se expandiu para o Oriente. Na Segunda Guerra Mundial, em 1940, eles já começaram a ser usados para telefonia, e nesse período os americanos já tinham o domínio sobre eles. Já em 1980 começou a surgir a tecnologia da fibra óptica.
Mas e agora? Quantos existem no mundo?
O site TeleGeography.com fez uma pesquisa no ano de 2018 e conseguiu constatar que existem cerca de 448 cabos submarinos em todo o mundo atualmente. Porém vale ressaltar que esse número muda com frequência, já que tanto surgem novos cabos quanto também alguns são desativados.
Esses cabos formam uma trilha com cerca de 1,2 milhões de quilômetros, tendo alguns mais curtos como o CeltixConnect de 131 quilômetros e outros enormes e bem longos como o Asia America Gateway com 20 mil quilômetros.
Se você quiser ter uma ideia de como é o mapa de cabos submarinos, vale a pena conferir o site deles, clicando aqui. Eles oferecem um mapa interativo bem interessante, mostrando até mesmo caminhos traçados por eles. Embora em alguns casos não seja o traçado real, serve para ter uma ideia dos diferentes cabos em cada região.
Instalação e vantagens
Um detalhe peculiar dos cabos submarinos é que sua instalação é bastante demorada. Ela é feita por um navio, como já era de se esperar, porém antes é preciso usar um instrumento que fica acoplado a ele para criar as fendas onde os caos ficarão mais “escondidos” e seguros. Depois disso, vem o processo de colocar e enrolar o cabo no navio e só esse processo pode durar até 3 semanas.
Algumas pessoas se perguntam se não seria mais fácil usar os satélites para manter essas comunicações, mas a verdade é que os cabos oferecem mais vantagens. Primeiro que mesmo com o risco de acidentes com outros navios ou animais, ele ainda é bem mais seguro e protegido do que os satélites, já que não são afetados com chuvas fortes, ventos e tufões.
Além disso, o tráfego de dados pelos cabos é 1.000 vezes maior do que quando comparado ao satélite. Uma fibra óptica consegue transmitir dados equivalente ao que cabe em 102 DVDs, enquanto os satélites não conseguem transmitir nem o equivalente a 1 DVD no mesmo período de tempo. Além disso, com os satélites, a distância que o sinal precisa percorrer é maior, o que acaba afetando ainda mais na latência.
Mais vantajoso, porém bastante caro
A construção de cabos submarinos é um processo bem caro ultimamente, e por isso geralmente é feita a partir de parcerias entre grandes empresas. Só um projeto nesse sentido pode custar centenas de milhões de dólares.
Além dos custos de fabricação e instalação, ainda é preciso investir em pesquisas para evitar qualquer tipo de falha geológica com sua colocação, entender as zonas de pescas e ancoragem para serem evitadas e garantir que eles sejam resistentes o suficiente em relação a agua salgada e alta pressão.
A empresas que se interessam por essas construções são justamente as operadoras de telecomunicações, e por isso elas geralmente formam um consórcio para usar os cabos. Atualmente muitas gigantes do ramo da tecnologia investem bastante nesses projetos, como é o caso do Google, Microsoft, Amazon e Meta.
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