O Brasil tem tarifas de importação inacreditáveis em eletrônicos, critica Linus Sebastian, do Linus Tech Tips

O youtuber canadense Linus Sebastian, que comanda o canal Linus Tech Tips, referência global em termos de hardware, abordou um tema que impacta a vida dos que dependem diretamente do mercado brasileiro, e que causa uma certa repulsa até mesmo daqueles que observam a realidade Brasil, especificamente em termos de preços de eletrônicos, à distância.

Durante a edição mais recente do seu podcast WAN Show, Linus classificou como inacreditáveis as tarifas de importação de eletrônicos praticadas no Brasil. A incredulidade, baseada na observação do youtuber é uma realidade nua e pesada que aflige diretamente o brasileiro, principalmente o consumidor médio. Linus também afirmou que não compreende o motivo dessa política, mesmo gerando receita para o Governo.

Linus observa um certo contrassenso em relação a essa política, já que algo mais razoável, nas palavras do youtuber, poderia fazer com que as pessoas pudessem pagar qualquer uma dessas coisas (referindo-se aos eletrônicos), o volume de importação aumentaria, gerando um ganho líquido maior para o setor. Por tabela, o país teria ainda mais tecnologia de ponta, o que também é bom para empresários.

Segundo Fábio Pizzamiglio, diretor da Efficienza, empresa especializada no comércio exterior, há vários fatores que precisam ser levados em consideração. “O Brasil tem inúmeras taxas de importação e de regulação no território nacional, o que faz com que muitas empresas optem por se estabelecer e produzir os produtos em território nacional. Mas existem outros fatores, como o valor do dólar, que interferem diretamente nessa questão”, afirma.

Para Pizzamiglio, não são apenas os impostos que geram entraves, mas o especialista também afirma a necessidade de revisão desse tipo de política. “Boa parte dos produtos que produzimos dependem de eletrônicos em muitos aspectos. E, nesse contexto, muitas empresas decidem deixar de lado o mercado brasileiro, fazendo com que o valor de importação seja um ônus para muitos empreendedores”, afirma Pizzamiglio.

Porém, o executivo também afirma que empresas buscam cada vez mais soluções para esse entrave. Como é o caso das isenções fiscais, dentre elas está o Drawback, solução encontrada por muitos empresários no país. Nesse segmento, os empreendedores podem importar com isenções com o objetivo de exportação futura.

“Me preocupa muito os governos decidirem por aumentar receitas sem se preocupar com o longo prazo. É claro que na contemporaneidade os computadores e aparelhos eletrônicos precisam ser observados não só como um luxo, mas como um investimento. Vivemos na era da tecnologia onde os computadores se tornaram a forma com que muitos brasileiros trabalham. Esse cenário se intensificou na pandemia. Dessa forma, é importante rever políticas de taxação de importação de eletrônicos, principalmente vislumbrando um crescimento econômico”, afirma o executivo.

https hypebeast.com image 2022 07 apple iphone 14 pro max price increase 100 usd rumors 000.jpg?fit=scale&fm=pjpg&h=200&ixlib=php 3.3

Além disso, Pizzamiglio afirma que é importante uma política monetária séria e que o novo governo busque ter como objetivo central a diminuição do valor do dólar. Pois, mesmo com a diminuição de tarifas, os valores de eletrônicos são mais elevados no país também pelos seus componentes, como chips, que não são produzidos no território nacional.

Não é de hoje que o modo protecionista brasileiro pauta a forma como o consumidor brasileiro é impactado. O caso mais clássico, dentro da esfera dos eletrônicos, foi o período da reserva de mercado, consagrada com a  Política Nacional de Informática – PNI. Este movimento estatal, que vigorou por décadas, corroborado por empresas nacionais, dificultava a chegada de computadores, videogames e outras parafernálias estrangeiras ao país. O objetivo era fortalecer a indústria nacional e reduzir a dependência tecnológica de fora.

Você também deve ler!

O jeitinho, os clones e a chegada do Atari ao Brasil

Durante este período, que ganhou força na década de 80, o mercado brasileiro ficou ainda mais defasado em relação ao internacional, e uma espécie de “pirataria institucionalizada” ganhou corpo, com empresas brasileiras criando clones de produtos oficiais. Diversos consoles, dentre eles, cópias do Atari 2600 e do Nintendinho, inundaram o mercado brasileiro neste período.

Postado por
Editor-chefe no Hardware.com.br. Aficionado por tecnologias que realmente funcionam. Segue lá no Insta: @plazawilliam Elogios, críticas e sugestões de pauta: william@hardware.com.br
Siga em:
Compartilhe
Deixe seu comentário
Img de rastreio
Localize algo no site!