Toyota, Nissan e Honda (as três maiores montadoras do Japão) se encontram em maus lençóis com Nokia e a Qualcomm.
O cerne da questão é o processo submetido por um grupo de fabricantes de tecnologias para telecomunicações exigirem que as montadoras paguem taxas de patentes pelos utilizados para conectar os seus carros à internet.
O grupo, formado por 48 companhias, que, obviamente, incluem a Nokia e a Qualcomm, detém cerca de 70% das patentes de padrões de tecnologias essenciais para o 4G.
Portanto, o grupo é uma Patente Pool. Ou seja, um consórcio de, ao menos, duas empresas que concordam em cruzar licenças de patentes relacionadas a uma determinada tecnologia.
Essas patentes são consideradas indispensáveis para o desenvolvimento de carros conectados. Elas incluem métodos de transmissão e recepção de ondas radiofônicas no sistema de comunicação interna dos veículos.
Além da Nokia e da Qualcomm, fazem parte do grupo — que irá processar a Toyota, a Nissan e a Honda — outras multinacionais, como a Ericcson, a Philips e a Avanci.
A Patente Pool também conta com a presença de empresas japonesas, como a Sony, a NTT, a Panasonic e a Sharp, o que aumenta a pressão nas três montadoras.
A ação é considerada um movimento de empresas de tecnologia no ramo automobilístico que podem gerar custos maiores às montadoras que pretendem entrar na nova onda de mobilidade.
Quanto o grupo formado pela Nokia e a Qualcomm irá cobrar?
As tecnologias desse grupo de empresas é crucial para as montadoras. Por exemplo, a Nokia fornece infraestrutura de comunicação, como estações de base, e a Qualcomm, certamente, possui patentes relacionadas a determinados semicondutores.
A Avanci está na linha de frente para negociar as taxas das patentes usadas pelas montadoras. A empresa americana se especializou em formular contratos de licença de patentes.
Desse modo, sob a liderança da Avanci, a intenção do grupo é cobrar US$ 15 em troca do uso compreensivo de suas patentes.
Assim, a Nissan, a Toyota e a Honda serão cobradas mesmo se os donos dos veículos não utilizarem o sistema de comunicação.
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No entanto, não há certeza de que as três montadoras irão ceder, pois o que o grupo exige não é tão interessante para a Toyota e a Honda, que, por exemplo, entraram recentemente no ramo de veículos autônomos. Além disso, é necessário observar a crise dos chips, que afetou bastante a indústria automobilística.
Por outro lado, caso a Nissan, Honda e Toyota concordem com as exigências, o resultado será interessante para o grupo da Qualcomm, Nokia, Philips e Sharp.
Se as montadoras pagarem pelas patentes, espera-se que as 48 companhias recebam, anualmente, centenas de milhões de dólares, sem mover um dedo.
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A Toyota planeja vender 10 milhões de veículos até o fim do seu ano fiscal, em março de 2022. Caso todos os carros que utilizem patentes do grupo citado acima, a empresa teria que pagar 0,7% do lucro obtido em tal ano fiscal.
Portanto, para reduzir o risco de maiores problemas judiciais, as montadoras precisam revisar o uso patentes.
Vale ressaltar que, no ano passado, outra empresa americana de licenciamento de patentes processou a Toyota e a Honda pelo mesmo motivo.
Além disso, as montadoras japonesas estão bem atrás das americanas e europeias no que diz respeito ao desenvolvimento de softwares para carros.
Fonte: Nikkei Asia