O Facebook mudou de nome e agora se chama Meta, mas, além da justificativa de Mark Zuckerberg sobre dissociar o nome da empresa-mãe da rede social homônima, há outro motivo pela mudança.
A adoção do nome Meta, segundo a imprensa americana, ocorre na esperança de desviar o foco do debate público envolvendo as notícias de práticas imorais do Facebook reveladas por uma ex-funcionária da empresa.
Tais práticas foram divulgadas pelo Wall Street Journal, que fez uma série de reportagens com base em documentos do Facebook enviadas ao jornal pela ex-gerente de produtos da empresa, Frances Haugen.
Os documentos, apelidados de Facebook Papers, apresentavam pesquisas feitas pelo próprio Facebook que atestavam o efeito negativo do Instagram em adolescentes.
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Após a divulgação das pesquisas, o Facebook passou a ser alvo, novamente, do governo americano, que investiga a empresa sobre tais práticas.
Ademais, o Facebook trava outra batalha contra as acusações de que a empresa enganou seus investidores e o público sobre o crescimento de usuários na plataforma, além das medidas contra a desinformação, discurso de ódio e, sobretudo, sobre como a plataforma foi utilizada para organizar o ataque ao Capitólio, em janeiro deste ano, após a eleição de Joe Biden.
Zuckerberg afirma que o metaverso terá diretrizes de privacidade e controle dos pais
Em relação aos problemas enfrentados pelo Facebook, atual Meta, Mark Zuckerberg afirmou que o metaverso terá diretrizes de privacidade, controles e relatórios divulgando o uso dos dados do usuário.
Além disso, tendo em vista que a polêmica atual envolvendo o Facebook e os desdobramentos judiciais giram em torno da forma como a rede lida com os usuários menores de idade, Zuckerberg afirmou que o Metaverso terá ferramentas de controle dos pais.
“Todos que estão desenvolvendo o Metaverso devem focar no desenvolvimento responsável [da plataforma] desde o início]”, afirmou Zuckerberg. O CEO do Meta afirmou que o “desenvolvimento responsável” é uma das lições que ele internalizou no Facebook nos últimos cinco anos.
Para ele, é necessário enfatizar esses princípios desde o início do desenvolvimento de qualquer plataforma e produto.
Provavelmente, Zuckerberg adotou esse posicionamento, após o seu depoimento no Congresso dos Estados Unidos envolvendo o escândalo das eleições americanas de 2016.
Durante a apresentação da nova empresa, o chefe de Assuntos Governamentais do antigo Facebook, Nick Clegg fez uma breve aparição para comentar sobre as diretrizes do Meta.
Clegg afirmou que o trabalho do Facebook na criação do Metaverso, além de ser transparente com o uso de dados e os controles parentais, a empresa irá consultar grupos de direitos humanos e direitos civis.
Personalidades criticam o nome ‘Meta’ e o motivo do rebranding do Facebook
A escolha do nome Meta, para substituir o Facebook, é uma referência direta ao metaverso, a atual obsessão de Mark Zuckerberg. No entanto, a palavra possui outros significados.
Aqui no Brasil, cuja língua oficial é o português, “meta” é sinônimo de objetivo, mas, além disso, pode ser usado em frases com conotações sexuais. Além disso, em hebraico, a palavra significa morto, algo curioso para uma empresa cujo CEO vem de uma família judaica.
Até mesmo o CEO do Twitter, Jack Dorsey, teceu comentários sobre a rede. Dorsey postou um tweet contendo o significado da palavra “meta”.
“Meta: Aquilo refere-se a si mesmo ou às convenções de seu gênero; autorreferencial”.
meta: referring to itself or to the conventions of its genre; self-referential.
— jack (@jack) October 28, 2021
No Twitter, A Deputada americana Alexandra Ocasio-Cortez fez uma comparação similar à de Dorsey sobre o significado de Meta, mas um pouco mais agressiva.
“Meta no sentido de que ‘somos um câncer para a democracia a se metastizar em uma máquina de vigilância global e propaganda política para impulsionar regimes autoritários e destruir a sociedade civil… por lucro!”
Meta as in “we are a cancer to democracy metastasizing into a global surveillance and propaganda machine for boosting authoritarian regimes and destroying civil society… for profit!” https://t.co/jzOcCFaWkJ
— Alexandria Ocasio-Cortez (@AOC) October 28, 2021
Segundo a imprensa americana, o Facebook adota a mesma estratégia que a marca de cigarros Philip Morris, que, em 2003, passou a se chamar Altria, após a exposição do impacto tóxico da indústria de tabaco na sociedade.
Embora não seja incomum rebrandings de grandes empresas, algumas mudanças são mais efetivas que outras.
Por outro lado, a maioria das mudanças ocorre quando as companhias estão sofrendo críticas da opinião pública, pressão política e repercussões negativas por vazamento de documentos internos, como é o caso do Facebook.
Portanto, segundo profissionais de Marketing, o novo nome do Facebook pode ajudar a criar uma “distância psicológica” dos problemas da empresa com os consumidores. No entanto, não é certo que a estratégia reduzirá os problemas atuais da empresa.