Os gamers de 2022, certamente, consideram a franquia Guitar Hero como algo antiquado e a Activision — até as últimas semanas, antes da aquisição pela Microsoft — era uma empresa com uma péssima reputação devido aos escândalos recentes envolvendo a companhia.
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No entanto, em um mundo bem distante do atual, em que termos como ray tracing, esports, retrocompatibilidade e afins nem existiam, houve uma enorme febre na indústria dos games em relação a uma franquia chamada Guitar Hero.
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Enfim, 15 anos depois, tal termo não tem muita relevância aos gamers, exceto os mais saudosistas. Contudo, isso pode mudar após a aquisição da Activision pela Microsoft, anunciada na última terça-feira (18), com o valor recorde de US$ 68,7 bilhões.
Assim, a compra transfere à Microsoft todas as franquias da Activision Blizzard, como Call of Duty, Diablo, World of Warcraft e Overwatch e também a empoeirada franquia Guitar Hero.
De acordo com o infame CEO da Activision, Bobby Kotick, a Microsoft teria os recursos necessários para ressuscitar a franquia Guitar Hero, que teve seu último lançamento em 2010. (Vamos ignorar o Guitar Hero Live, lançado em 2015, que foi um completo fracasso).
Activision não tinha estrutura necessária para um novo Guitar Hero
Em entrevista ao site VentureBeat, ao comentar sobre a aquisição da Activision pela Microsoft, Kotick ressaltou a quantidade de oportunidades de fazer parte de uma holding de tal magnitude.
O CEO da Activision Blizzard (até 2023, caso a compra receba aprovação do governo) conversou com Phil Spencer, chefe da divisão de games da Microsoft, sobre as possibilidades futuras.
Aliás, na entrevista em inglês, Kotick usou o termo “riffing” para se referir à conversa, que possui dois significados: pode ser um bate-papo informal, mas, também, é um termo musical para descrever a substância rítmica de uma música, sobretudo nas guitarras elétricas.
Após essa breve digressão, voltemos ao assunto principal. Bobby Kotick afirmou que a intenção de lançar um novo jogo da franquia Guitar Hero estava nos seus planos há algum tempo.
“Eu queria fazer um novo Guitar Hero, mas eu não quero adicionar mais equipes aos processos de fabricação, cadeia de produção e garantia de qualidade”, afirmou Kotick, destacando, também, como sempre, a crise dos chips.
“Nós [Activision] não tínhamos a capacidade de fazer isso. Eu tinha uma ótima visão para o formato do próximo jogo da franquia Guitar Hero, mas percebi que nós [Activision] não tínhamos o recurso para isso”.
Na entrevista, Kotick afirma que uma das maiores decepções de sua carreira foi o surgimento de jogos similares ao Guitar Hero, sobretudo o Rock Band, lançado pela rival EA, que, ironicamente, pode ser adquirida pela rival da Microsoft.
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Mais uma ironia é que o estúdio Harmonix, que desenvolveu o primeiro Guitar Hero, foi responsável por desenvolver todos os jogos da franquia Rock Band.
Outra ironia é o fato desse ser uma das maiores decepções da carreira de Kotick, em vez de abusar de secretárias e tentar comprar veículos da imprensa para mudar a imagem da Activision na imprensa.
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Guitar Hero: um fenômeno
Os jogos musicais, chamados Rhythm games, foram um dos maiores fenômenos do final da década de 2000 e início da década seguinte e franquia Guitar Hero, distribuída pela Activision desde 2006, foi o principal nome desse período.
O primeiro Guitar Hero foi desenvolvido pelo estúdio Harmonix e distribuído pela RedOctane, uma empresa especializada em criar controles e periféricos diferentes para videogames.
Em 2006, devido ao enorme sucesso dos dois primeiros jogos da franquia Guitar Hero, a RedOctane foi comprada pela Activision. A Harmonix, por outro lado, se tornou uma subsidiária da MTV Games, o que, posteriormente, iria ser um problema para a Activision e para a franquia Guitar Hero.
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Até então, tudo corria muito bem. Em 2009, de acordo com a Activision o terceiro jogo da franquia, Guitar Hero III: Legends of Rock, lançado em 2007, foi o primeiro jogo a lucrar mais de US$ 1 bilhão em vendas.
O Guitar Hero III, inclusive, marca o momento em que as coisas ficaram mais ousadas, contando com a participação de dois guitar heroes do mundo real: Tom Morello e Slash, que podem ser jogáveis e aparecem em músicas de suas antigas bandas: Rage Against The Machine (Tom Morello) e Guns ‘n Roses (Slash).
Confira abaixo o making-of da captura de movimentos de Slash para o jogo.
Além disso, é nessa época que os gamers começam a postar vídeos de suas performances no jogo, pois, coincidentemente, é no mesmo período em que o YouTube se consolida como plataforma de vídeos após ser comprado pelo Google.
No ano seguinte, a Activision lança o primeiro jogo focado em uma única banda, o Guitar Hero: Aerosmith e também o quarto título dos jogos principais, o Guitar Hero World Tour.
Aliás, é no quarto jogo em que começam a surgir as participações de ícones da música, como Ozzy Osbourne, Sting, Jimi Hendrix e outros. O quinto jogo, lançado em 2009, conta com as participações de Carlos Santana, Johnny Cash e Kurt Cobain.
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No mesmo ano também são lançados os títulos Guitar Hero: Metallica e Guitar Hero: Van Halen.
O fim de uma era
Também Em 2009, um período bem distante dos dias atuais, quando a gigante Activision era uma empresa respeitada e nem estava nos planos da Microsoft, a franquia Guitar Hero, segundo a publisher, era a terceira maior franquia de games, atrás apenas de Mario (perdão pelo trocadilho) e Madden NFL.
No entanto, as vendas dos jogos da franquia Guitar Hero, bem como de outros jogos musicais, começaram a cair. Em 2010, a Activision lança o último jogo da franquia, O Guitar Hero: Warriors of Rock, sem personagens baseados em músicos reais, e com uma nova abordagem na gameplay, como tentativa de reviver a franquia.
Além disso, a intenção dos desenvolvedores era se distanciar das semelhanças com o Rock Band, após inserir outros instrumentos no quarto jogo, considerando um retorno às raízes.
Tal tentativa se mostrou frustrada, pois as vendas do sexto título foram inferiores ao do seu antecessor, além da recepção negativa em relação ao novo modo história do jogo e ao uso de canções menos conhecidas pelo público geral.
Isso ocasionou no encerramento da RedOctane pela Activision em 2010 e, em seguida, a publisher anunciou que a franquia Guitar Hero entraria em hiato.
Ao todo, antes de chegar ao fim, a franquia teve 25 jogos em diversas plataformas, incluindo os spin-offs DJ Hero e Band Hero, bem como títulos focados em artistas específicos, como Metallica, Aerosmith e Van Halen.
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