Um incêndio na fábrica da Renesas em Tóquio ocorreu na madrugada da última sexta-feira (19) e durou cinco horas, comprometendo toda a linha de produção da empresa e adicionando mais um capítulo à crise mundial dos chips e semicondutores.
A Renesas segunda maior produtora de semicondutores para a indústria automotiva em todo o mundo, responsável por 20% da produção global de microcontroladores e outros produtos para grandes montadoras, como a Toyota e a Nissan.
Nessa fábrica de Tóquio, dois terços dos chips produzidos são para indústria automotiva, de acordo com a empresa.
O incêndio danificou 11 máquinas de fabricação de chips e afetou cerca de 5% da sala limpa do primeiro andar do prédio. Outra sala limpa no segundo andar ficou intacta, mas a Renesas afirmou que a produção só poderá voltar depois que o primeiro andar passar por reparos.
Desse modo, o incêndio aconteceu em um péssimo momento para indústria automotiva, que já está sofrendo pelos impactos da crise global dos chips e com as tempestades de inverno no Texas, que resultaram no fechamento das fábricas da NXP e da Infeneon Technologies, primeiro e terceiro, respectivamente, maior produtor de semicondutores automotivos.
Além disso, as tempestades de inverno também foram responsáveis pelo fechamento da fábrica da Samsung no Texas, o que irá comprometer a produção de chips para smartphones e PCs.
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Impactos do incêndio em uma indústria que já sofre com a falta de chips e semicondutores
Hidetoshi Shibata, CEO da Renesas, afirmou em uma coletiva à imprensa que a empresa irá se esforçar para retomar a produção dentro de um mês. No entanto, ele confirma que houve um impacto significante no fornecimento de chips.
“Peço desculpas pelos problemas causados por esse incidente”, disse Shibata. O executivo complementou afirmando que a empresa irá fazer o possível para minimizar o impacto, inclusive, procurando uma forma de produção alternativa.
Mas, de acordo com ele, é difícil afirmar se é possível substituir a produção de outras fábricas.
Ademais, Shibata afirmou que teme o tamanho do impacto do incêndio no fornecimento de chips. Segundo ele, a empresa recebeu ajuda de 50 pessoas envolvidas na indústria automotiva para substituir o maquinário danificado.
Um executivo da Renesas afirmou que o estoque de chips da empresa só consegue aguentar um mês. Isso ocorreu porque, em fevereiro, um terremoto na região de Fukushima forçou que a empresa suspendesse a produção dessa mesma fábrica que sofreu o incêndio. Portanto, não houve uma reposição significativa no estoque.
De acordo com informações do Nikkei Asia, se o estoque da Renesas for combinado com o estoque de outros fornecedores, haverá a disponibilidade de chips para no máximo três meses.