A disputa entre serviços de entregas no Brasil ganhou novo capítulo. Os Correios enviaram um ofício ao Ministério da Fazenda solicitando que o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) abra um processo contra a transportadora J&T Express Brasil, conhecida por realizar entregas para a Shopee. A estatal brasileira acusa a empresa indonésia de adotar práticas de dumping e operar com margens negativas superiores a 40%, configurando uma estratégia que, segundo os Correios, seria insustentável em um ambiente de concorrência equilibrada.
O documento, enviado no dia 12 de maio de 2025, também recomenda que a Secretaria de Acompanhamento Econômico elabore uma representação ao Cade para a imediata instauração de processo administrativo contra a J&T. Na argumentação, os Correios citam relatos de empresas de pequeno porte que teriam sido “excluídas unilateralmente do mercado” devido a condutas supostamente irregulares da transportadora.
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A solicitação dos Correios pede que o Cade reavalie uma ação que havia sido movida anteriormente pela Associação Brasileira de Empresas de Distribuição (Abraed) e posteriormente arquivada pelo órgão. No texto, a estatal destaca que “a atuação é essencial para conter práticas predatórias e sinalizar ao mercado que ações semelhantes não podem ser toleradas”.
Em nota de resposta, a J&T Express Brasil afirmou que opera em conformidade com a legislação brasileira e os princípios da livre concorrência. A empresa ressaltou que denúncias semelhantes, apresentadas anteriormente pela própria Abraed, já foram analisadas pelo Cade e arquivadas por ausência de indícios de prática anticoncorrencial.
Este caso ocorre em um momento delicado para os Correios, que enfrentam desafios financeiros e buscam reestruturar suas operações. A estatal tem investido em novas estratégias, incluindo o lançamento de um marketplace próprio e a implementação de um plano de redução de despesas que visa economizar R$ 1,5 bilhão em 2025. Entre as medidas estão a suspensão temporária de férias e a redução de jornada de trabalho para 6 horas diárias.
O embate entre os Correios e a J&T Express expõe as tensões no setor de logística brasileiro, especialmente após a expansão do comércio eletrônico e o crescimento de plataformas de streaming que transformaram os hábitos de consumo. O caso também levanta questões sobre o papel da criptografia e segurança nas transações online, cada vez mais relevantes para esse mercado.
O uso de soluções baseadas em inteligência artificial para otimização de rotas e gestão de estoques tem sido um diferencial competitivo para empresas do setor. Enquanto os Correios tentam modernizar seus sistemas com novas tecnologias, empresas como a J&T já nasceram com estruturas mais ágeis e processos digitais integrados.
Fonte: Revista Oeste
