Phil Spencer, o chefe de jogos da Microsoft, recentemente compartilhou suas perspectivas otimistas sobre o futuro da equipe Xbox, mas também expressou preocupações sobre a estagnação no setor e a necessidade de evitar extrair muito dos jogadores existentes.
Em uma entrevista na semana passada, Spencer destacou os desafios enfrentados pela indústria de jogos e revelou estratégias para impulsionar o crescimento. Entre elas, a principal seria procurar novas formas de apresentar jogos para as pessoas.
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Phil Spencer quer focar em trazer jogos para mais pessoas
Spencer observou um crescimento positivo em várias frentes, incluindo PC e nuvem, mas destacou a preocupação com a estagnação no setor de jogos. Ele apontou que, embora a indústria global de videogames seja significativa, o crescimento tem sido modesto, com estimativas indicando um aumento de apenas 0,6% nas receitas em 2023 em comparação com o ano anterior.
“Não acredito que estamos fazendo um bom trabalho em encontrar novos jogadores”, afirmou Spencer, indicando que o número de domicílios globais que jogam jogos de console permaneceu estável nos últimos anos. Ele reconheceu que aumentar os preços dos jogos e encontrar maneiras de extrair mais dinheiro dos jogadores já existentes pode atingir um ponto de saturação, resultando em práticas que ele não aprova.
“Subimos o preço dos jogos”, ele disse, se referindo principalmente ao período da COVID, onde os jogos passar a custar cerca de US$ 70 ao invés de US$ 60 “Encontramos maneiras de obter mais dinheiro por jogador. Acho que em algum momento você atinge um pico nisso, e, francamente, pode ir a alguns lugares manipulativos que não sou um grande fã.”
Para enfrentar esse desafio, Spencer enfatizou a necessidade de encontrar novos jogadores, explorando novas formas de entregar jogos a pessoas que atualmente não têm acesso a eles pelos meios mais “convencionais”. Isso inclui considerar diferentes dispositivos, modelos de acesso e pontos de preço para os videogames.
Jogos em nuvem promete ser uma boa solução para isso
Pensando exatamente nisso, a Microsoft tem buscado ativamente novos jogadores por meio da tecnologia de jogo em nuvem, que permite que possa transmitir jogos tanto para computadores mais básicos quanto para outros dispositivos como smartphones, smartTVs e tablets. Ou seja, isso diminui o foco apenas em consoles e em computadores gamers para desfrutar esses títulos.
Spencer destacou que, embora a adoção e expansão desse tipo de tecnologia de jogo em nuvem tenham sido lentas inicialmente, a tendência está mudando.
Tanto que atualmente o jogo em nuvem agora representa uma porcentagem de dois dígitos das horas totais de jogos da Xbox, com crescimento significativo nos últimos seis meses. A expansão para mercados não tradicionais de consoles, como TVs, Chromebooks e tablets Android, tem sido um destaque nesse crescimento.
“Houve um tempo em que não estávamos implantando mais [servidores]porque tínhamos mais oferta do que demanda para os racks de servidores que tínhamos no local. Isso claramente não é verdade hoje.”
Durante uma das audiências no acordo da Microsoft-Activision, em junho do ano passado, alguns executivos da Xbox revelaram que os jogos em nuvem eram usados principalmente por quem já tinha console mas queria testar um jogo sem precisar baixa-lo primeiro, para saber se iriam gostar ou não. Isso não representaria uma expansão significativa do mercado, porém as coisas vêm mudando nesse sentido. Phil Spencer deixou claro que “Qualquer conversa que temos sobre a nuvem é muito dependente do tempo, pois está crescendo tão rapidamente”.
Nos últimos seis meses, depois dessa audiência, ele revelou que houve um crescimento exponencial do jogo em nuvem principalmente nas TVs, chromebooks, e tablets Android, ou seja, em mercados que nunca serão mercados de console.
A Microsoft também seguiu outro caminho para atrair mais jogadores para a sua plataforma, que foi oferecer dois modelos da sua geração atual de consoles Series X. Um totalmente equipado por US$500, e outro mais básico por US$300, ou seja, o Xbox Series X e S, respectivamente.
Spencer revelou ainda que continua com sua crença de que o Xbox Series S vá superar as vendas vitalícias do modelo mais caro, o Series X.
Desafios do setor e cortes de empregos
Mas, apesar do entusiasmo de Spencer pelo futuro da Xbox, a empresa também vem tendo que lidar com alguns desafios setoriais. A Microsoft recentemente realizou cortes significativos, demitindo cerca de 1.900 funcionários de suas equipes de jogos, incluindo as recém-adquiridas da Activision Blizzard King. Spencer explicou que esses cortes foram necessários para manter a divisão Xbox em crescimento e rentável.
“Tenho um compromisso com a empresa de que o negócio do Xbox seja uma parte rentável e em crescimento da Microsoft. E preciso colocar-nos na melhor posição para o crescimento de longo prazo. A maior parte disso é sobre construir ótimos produtos que superem as expectativas e encontrem milhões de clientes. Mas, honestamente, você sabe, o custo de construir os produtos, incluindo as pessoas que trabalham neles – preciso garantir que tenhamos pessoas suficientes e o número certo de pessoas nos lugares certos para ter sucesso.”
Apesar do crescimento de 61% na receita da divisão no último trimestre de 2023, impulsionado em grande parte pela aquisição da Activision Blizzard, o crescimento orgânico foi de 6%, superando a média da indústria, mas ficando atrás de outras divisões da Microsoft.
Embora seja comum que grandes empresas façam alguns cortes principalmente depois de grandes aquisições, a escala de eliminações de empregos da Microsoft acabou chamando a atenção da mídia e de muitos analistas. Em relação a esse acontecimento, Spencer explica que:
“Diria que foi uma combinação de olharmos todo o portfólio do que estava funcionando, o que temos que fazer, e administrar o negócio, assim como áreas de alinhamento entre Activision, ZeniMax e Xbox”
Phil Spencer também lembrou que desde que a Microsoft adquiriu a família de estúdios da ZeniMax há 3 anos, a empresa também adicionou “cerca de 15.000 pessoas” ao negócio.
Fonte: gamefile
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