Para coibir fake news, Midjourney encerra acesso gratuito

Para coibir fake news, Midjourney encerra acesso gratuito

Desde seu beta público, oficializado em 12 de julho de 2022, o Midjourney ganhou enorme repercussão. Nome recorrente em muitas discussões sobre o papel da IA para o futuro, a plataforma de geração de imagens a partir de uma descrição em texto, desenvolvida pelo Midjourney Research Lab, tem se destacado pelo resultado surpreendente que pode ser conseguido sem muito esforço pelo chatbot integrado ao Discord.

No entanto, nas últimas semanas o Midjourney se viu envolto a algumas polêmicas em torno de deepfakes de personalidades, líderes e chefes de estado que geraram repercussão pela veracidade das imagens produzidas. Viralizou recentemente redes sociais uma imagem do ex-presidente americano Donald Trump sendo preso, e até mesmo o papa com um casaco estiloso que foram gerados através da plataforma, que já acumula mais de 13 milhões de assinantes em menos de um ano. Também aconteceu a proliferação de imagens de desastres e tragédias geradas pela rede neural do Midjourney.

Além da parcela dos que pagam pelo serviço, milhões usufruem de modo gratuito. A estimativa é que o Midjourney recebe entre 3 e 4 milhões de usuários mensais. Em virtude do impacto dessas imagens que viralizaram e chegaram a ser tratadas como um fato, ou ao menos geraram a dúvida, o CEO do Midjourney, David Holz, declarou no Discord que a empresa encerrará o acesso gratuito ao programa. Além dessa questão das fake news, o executivo pontuou a “demanda extraordinária” que a ferramenta vem recebendo.

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Fechar o modo gratuito também é uma decisão da Midjourney para reduzir o acesso à versão 5 da plataforma, disponível desde 15 de março, capaz de gerar imagens ainda mais realistas.

Holz também reconheceu a dificuldade com o controle do conteúdo, e que a empresa espera melhorar a moderação para detectar abusos. A plataforma está aumentando o número de palavras proibidas, como o caso do termo “arrested” (preso), certamente um efeito após a viralização da imagem que imaginou Donald Trump sendo detido. “Ignorar este filtro para violar nossas políticas pode resultar na revogação do seu acesso.”, diz a plataforma. 

O Midjourney, assim como outras plataformas de IA generativa, também estão enfrentando a reação de artistas, que alegam violão de direitos autorais, já que é possível gerar imagens com base em técnicas e estilos artísticos.

O pronunciamento público do Midjourney em encerrar o acesso gratuito chega logo após mais de 1.000 especialistas e importantes nomes do setor de tecnologia, entre eles, Steve Wozniack e Elon Musk, divulgarem uma carta aberta que sugere a interrupção do desenvolvimento de IA. “A IA avançada pode representar uma mudança profunda na história da vida na Terra, e seu desenvolvimento deve ser planejado e gerenciado com cuidado e recursos adequados”, diz um trecho da carta. 

Arvin Narayanan, professor de ciências da computação em Princeton, e Sayash Kapoor, doutorando na mesma universidade, estão entre os críticos da carta. Ambos afirmam que os riscos mencionados no texto são especulativos e desconsideram os desafios atuais que precisam ser abordados: uso irresponsável das ferramentas e a falta de diretrizes adequadas.

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Editor-chefe no Hardware.com.br, aficionado por tecnologias que realmente funcionam. Segue lá no Insta: @plazawilliam Elogios, críticas e sugestões de pauta: william@hardware.com.br
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