A Amazon tem um novo autor de destaque na sua loja Kindle: o ChatGPT. O bot de inteligência artificial (IA) é creditado como autor ou co-autor de pelo menos 200 livros na loja Kindle, de acordo com a Reuters.
No entanto, o número real de livros escritos por inteligências artificiais é provavelmente muito maior do que isso. As políticas da Amazon não exigem explicitamente que os autores revelem o uso de IA.
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Este é mais um exemplo do aumento da escrita gerada por IA no mercado e da criação de conteúdo moralmente questionável desde o lançamento da ferramenta gratuita da OpenAI em novembro.
Revista literária já barrou mais de 500 contos escritos pelo ChatGPT
A revista literária Clarkesworld Magazine tem sido afetada pelo uso excessivo da inteligência artificial para escrever contos. O editor da revista especializada em ficção científica, Neil Clarke, contou ao TechCrunch que a revista está sendo “inundada incontrolavelmente” por submissões de contos criados com ferramentas de IA.
“É fácil com estas ferramentas produzir centenas de milhares de trabalhos em um curto período de tempo, enquanto um autor humano produziria apenas um ou dois“, disse Clarke.
A revista, que é famosa por sempre estar aberta às submissões de contos, teve que fechar temporariamente devido ao grande volume de submissões suspeitas de terem sido escritas com a ajuda de IA.
Até o início deste ano, as submissões suspeitas nunca ultrapassaram 25 por mês. Na verdade, em muitos meses não havia sequer nenhum pedido de publicação suspeito. Antes de decidir parar de aceitar novos contos, a Clarkesworld já havia recebido mais de 500 pedidos de publicações de contos que claramente haviam sido escritos pelo ChatGPT ou ferramentas similares.
Neil Clarke disse que os contos escritos por inteligência artificial seguem padrões muito óbvios. Ele, no entanto, não quis dizer quais padrões são esses e nem como faz para identificar contos escritos ou co-escritos por inteligência artificial. Faz sentido. Ele deve ler centenas de contos todos os meses. Então já tem um olhar treinado para identificar algo autêntico e algo que foi apenas “reciclado” por uma inteligência artificial incapaz de criar algo novo.
YouTube está cheio de vídeos ensinando a ganhar dinheiro com IA
Vários vídeos no YouTube estão ensinando pessoas a ganhar dinheiro com livros e contos escritos por inteligência artificial. Brett Schickler, um vendedor de Rochester, NY, publicou um livro infantil na loja Kindle da Amazon. O livro, intitulado “O esquilinho sábio: um conto sobre poupar e investir”, foi escrito e ilustrado por IA. Ele usou o ChatGPT para fazer o texto e o Midjourney para fazer as ilustrações.
O livro infantil é vendido na loja Kindle por $2,99 em formato digital e por $9,99 em versão impressa. Embora Schickler tenha dito que o livro lhe rendeu menos de $100 desde sua publicação em janeiro, ele só gastou algumas horas criando-o com o auxílio de vídeos no YouTube.
Ele diz que a IA é uma ferramenta valiosa para os escritores, que agora podem criar conteúdo rápida e facilmente. “Não é sobre substituir os escritores humanos, é sobre ajudá-los a expandir sua criatividade e alcançar novos públicos“, disse ele.
O editor da já mencionada revista Clarkesworld Magazine ponderou no Twitter que as ferramentas de IA são programadas para analisar padrões em grandes conjuntos de dados e responder a solicitações. Mas não são construídas para entreter ou surpreender o público através de histórias. Ele continuou:
“As pessoas que estão causando este problema são de fora da comunidade de ficção científica e fantasia. Elas procuram este caminho após ver especialistas em ‘trabalhos paralelos’ que prometem dinheiro fácil com o ChatGPT”.
A questão é: o que é considerado arte ou literatura criada por IA? E se a IA pode criar algo de valor, quem é o verdadeiro autor – a máquina ou a pessoa que a programou? Essas questões ainda são debatidas, mas uma coisa é certa: enquanto a IA continuar a avançar, sua presença na indústria literária e artística só aumentará. E será interessante ver como essa relação evoluirá ao longo do tempo.
Fontes: Ars Technica, Engadget e TechCrunch
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