EUA articulam acordo proibindo que outros países ajudem a China a desenvolver processadores

EUA articulam acordo proibindo que outros países ajudem a China a desenvolver processadores

Já faz tempo que os Estados Unidos estudam maneiras de frear o crescimento econômico, tecnológico e militar da China. O mais recente movimento nesse xadrez global é o fechamento de um acordo para impedir que alguns países ajudem a China a desenvolver semicondutores.

Ao que tudo indica, o governo liderado por Joe Biden fechou um acordo com o Japão e os Países Baixos. Esse último país é importante, pois é a sede de uma das maiores e mais avançadas fabricantes de equipamentos para processadores, a ASML. Para o governo norte-americano, essa é uma forma de impedir que a China melhore tecnologicamente o seu exército.

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Os motivos dos Estados Unidos

Um dos motivos que levam os Estados Unidos a entrar nessa briga com a China, é o desejo de ser menos dependente de empresas estrangeiras. Especialmente no segmento de semicondutores, que hoje é crucial para qualquer indústria.

Segmento de semicondutores é crucial para a indústria mundial

Para se tornar mais independente, o governo norte-americano deu total apoio à instalação de novas fábricas da Intel no país. O investimento total será de US$ 20 bilhões e o número de unidades fabris pode chegar a oito! Esse seria o maior complexo de produção de semicondutores do mundo! Algumas empresas estrangeiras também estão recebendo apoio para a instalação de novas fábricas. É o caso da Samsung e da TSMC.

Outra preocupação dos Estados Unidos é que a China se torne autossuficiente, tanto na fabricação quanto no desenvolvimento de novos chips. Para retardar essa autossuficiência, os EUA aplicaram sanções à maior fabricante de semicondutores da China, a SMIC. Isso foi no final de 2020.

Isso foi bastante prejudicial para algumas empresas. Na época, a SMIC era uma fornecedora em potencial não só para o governo chinês, mas para empresas como Huawei. Vale lembrar que a Huawei até hoje sofre com as sanções aplicadas pelos EUA. Ela não pode comercializar seus aparelhos por lá e nem fazer parcerias com empresas sediadas na terra do Tio Sam. O Google é um exemplo. E como produzir um smartphone Android sem o ecossistema do Google?

Japão e Países Baixos: peças cruciais nessa partida de xadrez

Voltando à analogia da partida de xadrez, nessa história toda o Japão e os Países Baixos seriam peças como a Torre e o Bispo. Se bem usadas, elas podem mudar o panorama da partida.

O Japão tem duas empresas que poderiam ser fornecedoras para a China de equipamentos e tecnologias para a produção de chips. Estou falando da Nikon e da Tokyo Electron. Mas os Países Baixos é o ponto crucial! Lá é a sede da ASML, a única empresa hoje capaz de produzir máquinas avançadas de litografia baseadas em tecnologia ultravioleta. Uma de suas principais técnicas de fabricação é a Extreme Ultraviolet (EUV).

A tecnologia de litografia baseada em raios ultravioletas é crucial para miniaturizar ainda mais os transistores dos processadores. Em outras palavras, se qualquer empresa hoje quiser produzir um processador de 10 nanômetros, precisa necessariamente usar uma máquina da ASML. O mesmo vale para chips de 7, 5 ou até menos nanômetros.

Trabalhadores em fábrica da ASML

Isso ocorre porque as máquinas da ASML usam comprimentos de onda muito curtos, ideais para diminuir a distância entre os transistores. As máquinas da ASML são tão sofisticadas que só uma Twinscan EXE:5200 custa mais ou menos US$ 340 milhões!

Portanto, impedir que a China tenha acesso a essas tecnologias é uma forma de atrasar o seu desenvolvimento tecnológico e também militar. E como um plus, essas medidas restritivas atrasam também o avanço do país no setor de inteligência artificial, que é a grande bola da vez!

Dessa forma, o New York Times noticiou que o governo Biden costurou esse acordo com o Japão e os Países Baixos, para que eles não forneçam equipamentos e tecnologias para a fabricação e o desenvolvimento de chips.

Acordo pode prejudicar empresas

Máquinas da ASML custam centenas de milhões de dólares

É importante ressaltar que esse acordo não foi oficializado. Mas, segundo informações da Bloomberg, ele já ocorreu na semana passada. De qualquer forma, deve demorar meses até que todas as restrições sejam finalmente oficializadas e postas em prática.

Mas não podemos negar que já existe algum tipo de restrição. Por exemplo, em entrevista à CNBC, o CEO da ASML, Peter Wennink, disse que a ASML já não pode mais vender máquinas EUV para a China.

No entanto, maquinário menos sofisticado, como as máquinas DUV, continuam sendo enviados para território chinês. Não sabemos como a ASML vai reagir se a restrição for total. Perder a China como cliente trará um grande impacto no caixa da empresa. Só em 2022, por exemplo, a China foi responsável por 15% do faturamento da ASML.

O executivo discorda dessas restrições. Além de trazer prejuízos financeiros para a companhia, que não tem nada a ver com essa briga global, ele ressalta que os chineses têm capacidade de desenvolver suas próprias tecnologias. Pode demorar, mas eles vão desenvolver.

Fontes: New York Times, Bloomberg e CNBC

Sobre o Autor

Cearense. 34 anos. Apaixonado por tecnologia e cultura. Trabalho como redator tech desde 2011. Já passei pelos maiores sites do país, como TechTudo e TudoCelular. E hoje cubro este fantástico mundo da tecnologia aqui para o HARDWARE.
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