É isso mesmo: este grupo de K-pop é formado por integrantes virtuais, criados por inteligência artificial

É isso mesmo: este grupo de K-pop é formado por integrantes virtuais, criados por inteligência artificial

Independente do gosto pessoal em relação à estética ou som, a estratégia da Coreia do Sul e da sua legião de grupos de K-pop é um case impressionante de sucesso arrebatador, e um forte criador de tendências, principalmente em certas faixas etárias. O impacto de grupos como BTS no comportamento de muitas pessoas mundo afora chama atenção.

No ano passado, por exemplo, o Duolingo, plataforma de aprendizado de idiomas, revelou que o Coreano foi o segundo idioma mais estuado no Brasil entre os usuários da plataforma. Movimento impulsionado pelo crescimento do K-pop e das novelas coreanas, os K-dramas. O Spotify diz que em 2022 houve um aumento de 16% no consumo de músicas deste estilo.

Até então, todo esse movimento em relação ao K-pop, altamente representativo em termos financeiros e de exportação da cultura sul-coreana, foi traçado por grupos em que pessoas reais se apresentam. No entanto, a indústria já cita uma nova onda, a formação de grupos em que os integrantes são avatares, personagens virtuais criados por inteligência artificial.

O grupo que puxa esse novo movimento é o Eternity, que lançou seu primeiro single no ano passado. Suas 11 integrantes são um misto entre humanos e avatares. Com base em IA, foram desenvolvidos rostos que se complementam com corpos de seres humanos.

A empreitada pode causar espanto para alguns, mas, considerando o modo de atuação de “linha de produção” que rege o universo do K-pop, essa ideia pode ser entendida como mais uma estratégia dos mega empresários que oxigenam este mercado, mantendo-se atualizado com qualquer nova tendência. E cada vez mais a inteligência artificial está se tornando representativa. O K-pop não deixaria isso de lado.

A ideia divide opiniões. No clipe do single I’am Real, é possível encontrar comentários dos que aprovam a ideia, e outros tantos que acham um tanto bizarro o conceito, e colocam em xeque a própria qualidade das representações, uma certa repulsa natural dos humanos com avatares realistas, o clássico conceito de “vale da estranheza”, criado pelo cientista japonês Masahiro Moris, que designa a aversão que as pessoas sentem com robôs parecidos com pessoas reais.

Além de uma discussão estética, o tema também levanta questões mais preocupantes, como os limites sobre o uso de inteligência artificial, que pode ganhar um contexto mais preocupante nos próximos anos com o refinamento contínuo do Deepfake. Até mesmo no campo da arte já há um temor em relação às ferramentas que conseguem criar ilustrações com base em descrições de texto. Panorama que ganhou interesse global a partir do lançamento do MidJourney, que apresenta resultados impressionantes.

Os avatares do grupo Eternity foram criados pela Pulse 9, empresa de tecnologia sul-coreana focada em inteligência artificial. A empresa criou um bano de dados com 101 rostos imaginários, dividindo-os em 4 categorias: bonito, sexy, inocente e inteligente. A segunda etapa foi criar uma votação nas redes sociais. Os rostos que tiveram mais votos ganharam a versão final que aparece nos vídeos postados no canal do grupo no Youtube.

A empresa explica que os avatares podem ajudar cantores famosos de K-pop, já que essas representações poderiam agir como substitutos temporários quando os membros de determinado grupo tiveram cansados e precisarem de uma pausa, ou por qualquer outra adversidade.

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Recentemente uma das integrantes do Eternity, chamada Jane, apareceu em um programa de TV e disse que acredita que será avaliada pelo conteúdo, assim como os humanos. Jane também disse que no início de suas atividades, suas expressões faciais não eram naturais, mas ela se desenvolveu gradualmente, e seu fandom aumentou gradualmente e ela foi convidada para a K-Culture Expo na Inglaterra em setembro.

A ideia de grupos que misturem humanos com representações virtuais também já está em execução. A girl band “Aespa” tem 8 integrantes, quatro humanos e quatro representações virtuais.

Aespa

Ideias como essa no mundo da música não são necessariamente uma novidade. Uma aposta que reinou por um tempo foram os shows de artistas póstumos realizados por holograma.

Com o refinamento do Deep Fake, impulsionado pelo aprendizado profundo da máquina, essas representações virtuais serão ainda mais realistas e a devoção que muitos nutrem por artistas reais pode ter o espaço compartilhado com avatares.

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Editor-chefe no Hardware.com.br, aficionado por tecnologias que realmente funcionam. Segue lá no Insta: @plazawilliam Elogios, críticas e sugestões de pauta: william@hardware.com.br
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