Em 2017, Netflix elogiava o compartilhamento de senha

Em 2017, Netflix elogiava o compartilhamento de senha

No dia 10 de março de 2017, a conta oficial da Netflix no Twitter postava a seguinte mensagem: amar é compartilhar senha. Ação que também era endossada pelo CEO do serviço, Reed Hastings. No ano anterior, o executivo afirmara que o compartilhamento era uma coisa que a Netflix estava aprendendo a viver com essa possibilidade, e que não havia planos de ir contra a prática. 

 

O mercado de streaming de vídeo mudou muito nos últimos anos, e a posição da Netflix atualmente sobre o tema não é mais de amor. Uma das novas metas da companhia é tentar frear essa prática que foi ganhando cada vez mais força. Mais de 100 milhões de pessoas utilizam a Netflix por contas de terceiros, segundo estimativas da própria plataforma.

Em 2021, Greg Peters, COO da Netflix, comentou sobre o andamento dos testes em relação a um sistema de verificação para contas em algumas regiões. Procedimento que faz parte da rotina de testes da Netflix para tentar encontrar a melhor forma de adotar a restrição ao compartilhamento de senha.

O compartilhamento de senhas não afeta a Netflix financeiramente somente na parte de assinantes que emprestam seus dados de login para amigos e familiares, há um forte mercado paralelo que revende dados de acesso. Estima-se que a Netflix deixe de faturar cerca de US$ 6 bilhões por ano com a prática do compartilhamento de senhas.

No passado, o compartilhamento de senhas poderia até ser bem-visto pelos executivos das plataformas como uma ferramenta de expansão da marca – assim como o período de acesso gratuito também foi, prática que também foi deixada de lado pela Netflix.

Atualmente, com a concorrência feroz, algumas delas com um caminhão de propriedades intelectuais para explorar, caso de Warner e Disney+, por exemplo, o compartilhamento de senhas representa a ausência de um pomposo valor em caixa que poderia ser usado para mais investimentos, necessários para se manter competitivo.

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Segundo informações do The Wall Street Journal, a Netflix vai começar o seu ultimato sobre o compartilhamento de senhas no início de 2023. Os Estados Unidos serão o primeiro país a receber esse modo mais duro da companhia sobre a prática.

Assim como aconteceu nos testes realizados este ano em Argentina, El Salvador, Guatemala, Honduras e República Dominicana, uma cobrança extra será sugerida aos assinantes nos EUA que estiveram compartilhando sua conta. Essa verificação é baseada em informações como endereços IP, IDs de dispositivos e atividades de contas de dispositivos conectados à conta Netflix.

O compartilhamento de senhas é permitido apenas para pessoas que moram na mesma residência.Uma conta Netflix é para pessoas que moram juntas em uma única casa, destaca a plataforma em seu site. 

É costume da Netflix testar a adoção de  novos recursos e políticas em determinados mercados, antes de expandir para todos os países em que atua. É uma forma de “sentir a temperatura” em relação ao tema, baseado no feedback da sua base de clientes.

Ted Sarandos, que divide o papel de CEO com Reed Hastings, já antevê a forte rejeição que a medida causará entre os assinantes. No início de dezembro, durante uma reunião com investidores, o executivo foi categórico em afirmar: “não se engane, não acho que os consumidores vão adorar logo de cara”.

A Netflix e os próprios analistas de mercado compreendem perfeitamente que se trata de uma medida altamente impopular, provavelmente um dos movimentos mais impopulares que a Netflix já fez em sua história, com um impacto, em termos de rejeição, muito superior à guerra da Netflix aos serviços de VPN.

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Editor-chefe no Hardware.com.br, aficionado por tecnologias que realmente funcionam. Segue lá no Insta: @plazawilliam Elogios, críticas e sugestões de pauta: william@hardware.com.br
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