Aplicativo Do Not Track Kids impede coleta de dados de crianças no iPhone

Hoje em dia as crianças estão tendo acesso a smartphones cada vez mais cedo, e por isso os pais precisam redobrar os cuidados com esse uso. Uma ferramenta que pode ajudar bastante para quem usa iPads ou iPhones é o novo aplicativo Do Not Track Kids, que em tradução livre significa justamente “Não Rastreie Crianças”.

Ele promete garantir uma camada extra de proteção que impede a coleta de dados pessoais dessas crianças enquanto elas usam os aparelhos com iOS, ajudando os pais a terem um controle maior sobre esse tipo de atividade. E o criador do aplicativo é simplesmente Patrick Jackson, um ex-pesquisador da Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos.

Aplicativo Do Not Track Kids foi desenvolvido por ex-pesquisador da ANS

O Do Not Track Kids chega como uma opção bem interessante para que os pais garantam mais segurança no uso de smartphones e tablets para os seus filhos. Por enquanto, entretanto, ele só está disponível para aparelhos da Apple, que rodam o iOS ou iPadOS, e pelo visto não há nenhuma promessa de que chegue também para aparelhos Android.

Ele fica rodando em segundo plano no celular ou tablet, mas é capaz de impedir qualquer tentativa de coleta de informações pessoais ou dados sobre o usuário do aparelho. Embora seu alvo principal seja justamente crianças que usam o iPhone ou iPad, ele também pode ser usado por adultos que querem garantir o máximo de segurança no uso desses dispositivos.

Sua função principal é impedir conexões indevidas, que geralmente são feitas por empresas de publicidade e data broker. Na maioria das vezes essas informações são usadas para exibir anúncios que são do interesse do usuário, mas podem também ser usadas para outras finalidades indevidas.

Patrick Jackson foi o responsável pelo desenvolvimento do aplicativo, e ele conhece bem sobre essa realidade, já que foi um pesquisador para a NSA (Agência Nacional de Segurança) nos Estados Unidos e é, atualmente, um pai preocupado. Hoje em dia ele é chefe de tecnologia da Disconnect, uma empresa que é especializada em softwares de privacidade e segurança que são usados para impedir rastreamentos em navegadores importantes, incluindo o Firefox do Mozilla e o Edge da Microsoft.

Em uma entrevista concedida para o The Washington Post, ele revelou que já pretendia fazer uma ferramenta especializada a ajudar os pais a protegerem a privacidade dos seus filhos há algum tempo. As empresas usam esses dados, como por exemplo a localidade, para identificar os aparelhos e mostrar anúncios mais específicos. No caso de crianças, elas são mais susceptíveis a querer o que está sendo oferecido, seja para comprar ou até mesmo para aumentar o consumo e o vício em aplicativos.

Em alguns casos, pais já encontraram até mesmo anúncios com conteúdo inapropriado em aplicativos e sites que seriam feitos para crianças. Mas Jackson ainda vai além, revelando que o seu aplicativo Do Not Track Kids não serve apenas para bloquear anúncios.

“Somos diferentes de um bloqueador de anúncios, pois nosso objetivo não é apenas bloquear o maior número possível de anúncios. Nós bloqueamos anúncios que rastreiam você. E acontece que muitos dos piores anúncios da internet estão rastreando você.”

Como ter acesso ao aplicativo?

O Do Not Track Kids já está disponível na App Store, e pode ser instalado em aparelhos aqui no Brasil, porém ele é um aplicativo pago que requer uma assinatura. Aqui, ela custa R$ 25,90 no plano mensal ou R$ 127,90 no plano atual. Há um período de teste gratuito por 30 dias.

Para quem quiser usar, após instalar e assinar, basta ir na opção Ajustes do iPhone ou do iPad, e em seguida dar permissão ao app Do Not Track Kids. Para isso é só ir em Geral, depois escolher Gerenciamento de VPN e Dispositivo, e depois, DNS.

O app fica rodando em segundo plano, então não atrapalha o uso geral do aparelho, e as crianças nem vão notar nada de diferente. Ele também oferece uma flexibilidade no uso, então o usuário pode escolher por exemplo se o bloqueio de acesso vai ser mais brando ou mais rigoroso em relação as conexões vindas de empresas mais confiáveis como Amazon, Google, Snapchat e TikTok.

Lembrando que coletar dados de crianças é crime

No geral, coletar dados e informações pessoais de crianças menores de 13 anos é um crime. Nos Estados Unidos isso também vale, embora essa lei por lá não seja exatamente tão rigorosa quanto deveria.

Aqui no Brasil a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) deixa claro que também é crime. Ela só adiciona duas exceções para que isso aconteça: quando é preciso localizar os pais dessas crianças ou quando essa coleta de informações tem como objetivo garantir a segurança dela.

Porém, infelizmente, essa prática ainda é muito vista no mundo virtual, principal em relação aos aplicativos. Uma análise feita pela Pixelate que analisou 1.000 aplicativos populares para crianças no iPhone revelou que dois terços deles contavam com ferramentas para coletar dados e informações com o intuito de repassar para empresas de publicidade e assim direcionar anúncios específicos.

As empresas responsáveis pelos sistemas operacionais tentam ao máximo impedir que isso aconteça, por isso hoje em dia cada vez mais é possível controlar o acesso às informações e permissões de aplicativos de forma específica. A própria Apple já anunciou que o iOS e o iPadOS contam com a opção para que o usuário escolha se querem compartilhar seus dados ou não.

No geral, crianças com aparelhos conectados sempre são alvos, e por isso os pais precisam ficar sempre de olho nesse tipo de uso e de acesso. Usar aplicativos como o Do Not Track Kids é um passo nesse caminho, mas não é o único.

Conversas sobre manter um ambiente virtual seguro são sempre bem vindas, e hoje em dia existem muitos materiais gratuitos que podem ajudar nesse tipo de educação, como cartilhas e sites especializados como o internetsegura.br.

Fonte: The Washington Post