WhatsApp não diminuirá segurança do mensageiro para combater crime

WhatsApp não diminuirá segurança do mensageiro para combater crime

A criptografia de ponta a ponta é um dos destaques do WhatsApp, o que garante que os seus usuários tenham suas mensagens seguras e nem mesmo a plataforma tem acesso a elas. E, em entrevista a BBC News, eles não estão dispostos a diminuir esse tipo de segurança nem mesmo de acordo com leis para evitar crimes.

Quem fez a revelação foi Will Cathcart, o diretor do WhatsApp, revelando que isso seria uma tolice. O assunto vem a tona depois que o Reino Unido criou uma proposta de lei no começo do mês para que mensageiros como o WhatsApp e outros aplicativos permitam a varredura otimizada nas trocas de mensagens em suas plataformas.

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Esse projeto do Reino Unido tem como objetivo principal identificar conteúdos que tenham a ver com abuso sexual infantil. Para isso, parte da exigência desse programa é a Lei de Segurança Online, que possibilitaria a análise de mensagens privadas de usuários. Mas, pelo visto, isso não será tão fácil assim já que o principal deles, o WhatsApp, não está disposto a permitir que isso aconteça.

A Sociedade Britânica para Prevenção de Crueldade contra Crianças respondeu a isso criticando o mensageiro pela decisão de negar esse acesso. Segundo eles, o WhatsApp se tornou uma “linha de frente” nesse problema de abuso sexual infantil, já que ele é o aplicativo mais usado para trocar mensagens diretas. De acordo com um porta-voz da Sociedade, dois terços dos abusos que são identificados tinham envolvimento com mensagens privadas.

“Eles (empresas) não devem ignorar os claros riscos que a criptografia de ponta a ponta pode cegá-los a esse conteúdo (de abuso infantil) e prejudicar os esforços em identificar perpetradores”.

Por enquanto o projeto e a Lei foram adiados para análises, que voltarão no mês que vem.

Diminuir segurança não é uma boa para o WhatsApp

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O WhatsApp tem como grande diferencial sua criptografia de ponta a ponta, que é atualmente o nível mais alto de segurança para mensagens e impede que a própria plataforma ou até mesmo a polícia tenham acesso a elas. Ou seja, as únicas pessoas que têm acesso a uma conversa no aplicativo são as que enviam a mensagem e as que recebem.

Isso acaba se tornando um diferencial para o mensageiro, já que muitas pessoas preferem usá-lo e confiam nessa segurança. O governo britânico revelou que o seu projeto não chega a ferir as leis de privacidade, mas isso ainda gera debates e dúvidas.

A forma mais viável atualmente é a chamada de “cliente-side scanning”, que é um programa para escanear os formatos de mensagens que são enviadas antes que elas cheguem ao destinatário e, durante esse escaneamento, comparar com um banco de dados de conteúdo impróprio ou questionável.

Porém, de acordo com o diretor do WhatsApp, essa solução não funciona na prática, já que isso acaba afetando a criptografia a ponto das mensagens não serem mais privadas e seguras.

“O que está sendo proposto é que nós – seja diretamente ou indiretamente, via softwares – leiamos as mensagens de todos. Não acho que as pessoas queiram isso.”

Ele revelou ainda que não é possível que o aplicativo mude seus padrões de privacidade apenas em um país, então teria que mudar em todos os países, o que não é muito viável.

“A digitalização do lado do cliente não pode funcionar na prática. Se tivéssemos que diminuir a segurança para o mundo, para acomodar o requisito em um país, seria muito tolo aceitarmos, tornando nosso produto menos desejável para 98% de nossos usuários por causa dos requisitos de 2%”.

O assunto ainda é sério e exige debate

O uso do “cliente-side scanning”, ou “digitalização do lado do cliente” ainda é um tópico de debate. Algumas pessoas concordam com o diretor do WhatsApp, revelando que esse método é uma quebra de direitos de segurança e é a mesma coisa que espionagem no telefone das pessoas. Uma delas é Ella Jakubowska, conselheira do grupo de Direitos Digitais Europeus.

Outra pessoa a concordar com isso é a gerente de políticas da organização Open Rights Group, Monica Horten, que inclusive lembrou que isso já aconteceu antes com a Apple. A empresa da maçã até tentou implementar esse tipo de escaneamento nos seus iPhones, mas acabou desistindo da ideia ao perceber que essa ferramenta poderia ser usada para espionagem.

“Se a Apple não consegue acertar nisso, como os governos conseguirão? ‘Client-side scanning’ é uma forma de vigilância em massa. É uma interferência profunda na privacidade”.

Já por outro lado, pessoas como Andy Burrows, chefe de políticas de proteção online da NSPCC, o assunto é mais sério, já que a criptografia do WhatsApp permite que muitos crimes aconteçam sem serem identificados.

“Fica cada vez mais claro que não é preciso opor a proteção infantil à privacidade dos adultos. Queremos uma discussão sobre como fazer um acordo equilibrado.”

Fonte: bbc

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