Indústria de chips pode entrar em nova crise devido à guerra entre Rússia e Ucrânia

Indústria de chips pode entrar em nova crise devido à guerra entre Rússia e Ucrânia

O conflito armado entre a Rússia e a Ucrânia, embora já exista há quase dez anos, teve seu ápice no pior momento possível para a indústria de chips.

A guerra obrigou as maiores fabricantes, como a TSMC, a procurar soluções para amenizar ainda mais a escassez.

A famosa crise dos chips já completou dois anos e teve origem na pandemia, quando o mundo precisou se isolar. Com o isolamento, a produção das fábricas diminuiu bastante. Mas, além disso, houve vários outros problemas, como incêndios em fábricas da Renesas no Japão.

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Incêndio da Renesas no Japão

No Texas, uma das principais fábricas de chips da Samsung sofreu com as quedas de energia resultantes da forte nevasca que ocorreu no estado americano em fevereiro do ano passado.

Em Taiwan, houve alagamentos que atrapalharam as operações da TSMC e de outras fabricantes de chips.

Rússia e Ucrânia possuem recursos essenciais para indústria de chips

Enfim, além da pandemia, a indústria sofreu como nunca, e agora precisa lidar com as consequências da invasão da Rússia na Ucrânia.

Isso porque a produção de materiais essenciais para a fabricação de chips está concentrada nos dois países. Ambos são grandes fontes de gás neon, usados nos lasers que gravam os circuitos dos chips em silício.

Além disso, o paládio é um metal importantíssimo para os estágios finais da fabricação.

O momento é tão preocupante para a indústria de chips porque cerca da metade do gás neon para semicondutores vem da Rússia e da Ucrânia. Um terço de todo paládio do mundo vem da Rússia, de acordo com analistas da indústria.

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As instalações da Krastsvetmet, uma metalúrgica de paládio da Rússia.

Portanto, uma segunda potencial escassez levanta a preocupação de alguns analistas, tendo em vista que a indústria de chips já se esforça para atender à alta demanda.

Todavia, empresas como a TSMC e a Samsung se mexeram para fortalecer a cadeia de abastecimento em meio ao momento de tensão que há no conflito entre a Rússia e a Ucrânia.

As duas empresas companhias já possuem uma reserva de quase três meses de gás neon.

Fabricantes de semicondutores buscaram soluções alternativas

A maior fabricante de chips do mundo, a TSMC, garantiu alternativas de fornecimento de gás neon após a Rússia enviar tropas para a fronteira com a Ucrânia.

Tal informação foi transmitida ao Wall Street Journal (paywall) por uma fonte próxima da estratégia da TSMC, que afirmou que a fabricante de chips “não prevê problemas de estoque” atualmente.

A TSMC é a maior fabricante de chips do mundo.

Outra empresa que diz não prever impactos relacionados à guerra entre a Rússia e a Ucrânia na indústria de chips é a fabricante alemã Infineon.

A Infineon, aliás, é uma das maiores fornecedoras de chips para a indústria automotiva, que sofreu um grande baque com a crise dos semicondutores.

No entanto, de acordo com a própria empresa, a Infineon tem outras opções de abastecimento. Assim como a TSMC, a fabricante alemã aumentou o seu estoque de gases nobres e outros materiais.

O presidente da Associação da Indústria de Semicondutores dos EUA, Jimmy Goodrich, afirmou ao jornal americano que, caso a guerra tivesse acontecido há dez anos, “os impactos seriam bem maiores que os atuais”.

A razão disso é porque a anexação em 2014 da Crimeia pela Rússia — província que faz parte da Ucrânia — serviu como lição às fabricantes de chips sobre como lidar com incertezas  políticas em determinadas regiões.

Com o conflito, o preço do gás subiu e as fabricantes precisaram encontrar os recursos naturais em outros países.

Sanções dos EUA e saída de empresas americanas do mercado russo podem gerar uma crise maior

Desde o início do seu mandato, em 2021, o Presidente dos EUA Joe Biden tem como plano de gestão aliviar a crise dos chips e aumentar a produção interna de semicondutores.

Joe Biden anunciando plano de investimento do governo americano na indústria de chips.

Além das empresas americanas, o governo Biden se aproximou de outras companhias para incentivar a produção de chips no país. Esse foi o caso da TSMC e da Samsung.

No entanto, no início de fevereiro deste ano, quando o presidente da Rússia Vladimir Putin enviou tropas para a fronteira da Ucrânia, o governo dos EUA alertou às fabricantes de chips sobre os controles de exportação e outras medidas caso houvesse uma possível invasão.

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Um mapa representa o fornecimento de gás da Rússia para a Europa pela Ucrânia.

Essa possível invasão, infelizmente, aconteceu. Sendo assim, o governo dos EUA aplicou sanções econômicas à Rússia, restringindo a venda de chips de empresas americanas à setores estratégicos da Rússia.

Embora a restrição não obrigue às empresas americanas a parar de vender seus produtos na Rússia, diversas companhias decidiram parar suas operações no país por conta própria.

A Intel, a NVIDIA e a AMD, grandes importantes empresas do setor de chips pararam de vender no país. Analistas afirmam que a Rússia não é um grande mercado para fabricantes de chips, mas o jogo pode virar para o outro lado.

Como dito anteriormente, as fabricantes de chips possuem uma certa reserva de gás neon. Contudo, após o fim dessa reserva, os preços podem subir de maneira impressionante.

Em contrapartida, isso não deve ser um problema para os fabricantes de chips. O custo anual estimado de todo gás neon usado é de US$ 100 milhões em uma indústria que lucra globalmente US$ 500 milhões.

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