Bibi Mob: Interior de SP cria seu próprio Uber e motoristas levam 95% do valor da corrida

Os aplicativos de transporte já se tornaram parte da vida de muitos brasileiros, mas o que começou como uma solução positiva e vantajosa hoje em dia apresenta alguns problemas recorrentes tanto para os motoristas quanto para os passageiros. Por causa disso, a cidade de Araraquara, no interior de São Paulo, ganhou um aplicativo próprio no estilo Uber, que oferece 95% da taxa de cada corrida para o motorista, o Bibi Mob.

Por causa disso e da grande adesão por parte dos motoristas e passageiros, o Bibi Mob tem sido um grande sucesso na cidade e pode até mesmo servir como exemplo para outros municípios do país.

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Uma nova chance para os motoristas

Atualmente os grandes aplicativos de transporte geralmente pagam aos motoristas cerca de 60% do valor de cada corrida, e isso tem sido motivo para que muitos deles desistam desse tipo de carreira. Por isso, o Bibi Mob surgiu como uma luz no fim do túnel para essas pessoas, já que garante quase todo o valor da corrida, e uma pequena taxa para a gestão do aplicativo.

Um exemplo é Cléber Barbosa, de 41 anos, que é motorista há 4 anos e já estava bastante desmotivado a continuar nessa jornada já que a renda diminuiu e o trabalho aumentou nos últimos tempos. Em entrevista ao UOL, ele revelou que os grandes vilões eram o aumento do combustível e a manutenção do carro, e já que a taxa que ele ganhava de cada corrida era mais baixa, precisou trabalhar o dobro para tirar o que tirava no começo da empreitada.

Com a chegada do Bibi Mob ele revelou que voltou a ficar empolgado com sua profissão e impressionado logo quando as primeiras reuniões aconteceram. “Poder ganhar 95% do valor da corrida era algo que nunca tinha nem sonhado.”

E a adesão dos passageiros também ajudou bastante. Logo na primeira semana de estreia do app, mais de 1 mil pessoas fizeram viagens com ele, o que ajudou pessoas como Cléber a deixar os concorrentes de lado e se dedicar apenas ao Bibi Mob.

Como surgiu o Bibi Mob?

O aplicativo surgiu através de um programa da prefeitura do município, que é localizado no interior de São Paulo, cerca de 277 km da capital. O que significa que ele é gerido pelo governo local.

De acordo com Camila Capacle, que é coordenadora de Trabalho e Economia Criativa e Solidária de Araraquara, o aplicativo surgiu a partir de um programa de incentivo ao cooperativismo da cidade, chamado de Coopera Araraquara.

Diante da situação dos motoristas de aplicativos que estavam com diversas dificuldades e com observações pertinentes, surgiu essa oportunidade para ajuda-los.

“Assim como em todas as regiões, sabíamos dos diversos problemas que têm afetado os motoristas de aplicativos, como o preço dos combustíveis e a baixa remuneração. Aproveitando o mote do Coopera Araraquara, decidimos chamar esses motoristas para que eles montassem uma cooperativa”

Não foi algo rápido e fácil. Tudo começou há mais de 1 ano, em novembro de 2020. Durante esses meses eles conseguiram realizar capacitações de motoristas, cursos diversos e até mesmo reuniões e conversas para que finalmente a Cooperativa de Transporte de Araraquara (Coomappa) surgisse. E foi ela que escolheu a franquia Bibi Mob.

Kátia Anello é a presidente da cooperativa e é motorista de aplicativo há cerca de 4 anos. Segundo ela, já chegou a receber apenas 49% do valor de corridas nos aplicativos comerciais e com o aumento de preço tanto do combustível quanto até mesmo dos serviços para manutenção do veículo, a situação estava bem complicada.

Ela indicou que, mesmo com esses aumentos, o valor do quilômetro rodado pago pelos aplicativos continuou o mesmo, e com o Bibi Mob, isso passou a ser mais justo e inclusive diminuiu para quase zero o índice de cancelamento.

“Agora é possível cumprir as metas. Seja de quilometragem, ou de valor, em um tempo menor do que com os outros aplicativos. Outra questão: o índice de cancelamento de corrida é quase zero, e agora só acontece quando é realmente necessário suspender a viagem”.

O alto índica de cancelamento vem sendo um dos principais problemas nos aplicativos de transporte porque com o aumento do combustível, os motoristas estão precisando ser seletivos com as corridas que fazem, ou seja, melhora também a experiência para os consumidores.

Comparação nos ganhos em relação a outros aplicativos populares

A pedido da UOL, a Coomappa revelou uma pequena tabela de comparação dos ganhos dos seus motoristas em relação a outros aplicativo que eram muito usados na cidade. Eles pegaram como base uma viagem de 4 km que custaria R$ 10 para o usuário.

Nesse caso, ao usar o UBER, o motorista receberia R$ 6 ou R$ 7 pela corrida. Já no aplicativo 99 o valor seria de R$ 7. E, por fim, no Bibi Mob, esse valor repassado para o motorista seria de R$9,50.

Dá para perceber que a diferença é realmente muito notável, e ela se torna ainda mais importante levando em consideração um dia inteiro de trabalho. No Bibi Mob as tarifas não são dinâmicas, ou seja, os preços são fixos para corrida.

Isso significa que não existe um aumento no valor caso tenha pouca demanda de motorista no momento ou até mesmo se a demanda para aquele trajeto esteja alta demais. Porém, os motoristas afirmam que mesmo assim os ganhos compensam.

Bibi Mob também garante segurança para ambos os lados

Um dos aspectos mais importantes dos aplicativos de transporte é a segurança, e o Bibi Mob também garante isso. Assim como acontece nos outros apps, para ser motorista é preciso que a pessoa apresente todos os documentos, que seja vinculado à cooperativa e não tenha antecedentes criminais.

No caso dos passageiros, para se cadastrar na plataforma é preciso enviar uma foto selfie e também uma foto do documento de identidade. Dessa forma o motorista saberá quem é o passageiro certo e que não se trata de um golpe.

Camila revelou ainda que a prefeitura está em fase de desenvolvimento para mais 2 aplicativos nessa categoria, um para motofrete e outro para delivery de comida. O Bibi Mob é de Araraquara mas também funciona em 3 cidades ao redor da cidade: Américo Brasiliense, Santa Lúcia e Rincão.

Fonte: UOL Economia