Preço das fontes pode aumentar por causa do reajuste da taxa do selo 80 Plus

Preço das fontes pode aumentar por causa do reajuste da taxa do selo 80 Plus

Há um tema muito espinhoso no mundo do hardware que boa parte dos consumidores não tem a mínima noção em relação à complexidade e o impacto que isso tem diretamente no mercado. Estou falando do mercado de fontes de alimentação, mais precisamente sobre uma  chancela que, com certeza, você já viu, e que rege o mercado. Essa chancela acabou se transformando numa regra básica para que o potencial cliente olhe para aquele produto e o considere viável. Estou falando da famigerada certificação 80 Plus. 

Essa certificação tem uma relevância absurda no meio das fontes de alimentação, os fabricantes envolvidos correm para que o seu produto receba esse tal aval, a certificação, que, infelizmente, não funciona como deveria.

80 Plus

Quem clama sobre a ineficiência dessa certificação que fala sobre a eficiência das fontes são pessoas gabaritadas da indústria, como o engenheiro, overclocker e representante da GALAX na América Latina, Ronaldo Buassali. Mas antes de chegarmos nas considerações de Buassali sobre o selo 80 Plus vamos passar sobre a mais nova repercussão envolvendo a certificação.

Segundo um artigo publicado no site Igor’s Lab, o órgão responsável por conceder o selo 80 Plus aumentou o custo do licenciamento para os fabricantes. O artigo fala que o valor da certificação para cada SKU, isto é, variações dentro de uma mesma série, aumentou em 3 vezes!

Como bem sabemos, numa mesma linha de fontes há as variações em termos de potência (ex. 650W, 750W e 800W), cada modelo que varia em potência dentro dessa mesma série recebe um SKU diferente. A Plug Load Solutions, empresa que atua nesse processo da certificação via 80 Plus é a responsável por determinar esse valor de licenciamento.

Os preços estão assim: após uma taxa de US$ 5.000 para o primeiro registro como empresa, a corporação interessada no licenciamento precisará pagar a partir de janeiro de 20121 US$ 3.500 por cada SKU da linha (anteriormente o valor era US$ 1.000). Por exemplo, numa linha que conta com 6 opções em termos de potência: 550W, 650W, 750W, 850W, 1000W e 1200W, a empresa terá que pagar brutais US$ 21.000! Caso seja uma nova empresa adentrando nesse hall dos licenciados pelo 80 Plus ainda será necessário desembolsar os tais US$ 5.000 da taxa inicial, totalizando US$ 26.000. 

Detalhe: até fontes creditadas com white label certificadas, isto é, modelos que foram projetados por uma companhia mas que na revenda recebe o material de divulgação e série de uma outra marca precisam pagar novamente as taxas de licenciamento. Esse é um ponto interessante a mencionar. Muitas das fontes que você vê no mercado não foram fabricadas pela marca que coloca seu logo na embalagem. Muitos projetos prontos são comprados e modificados em relação a comunicação visual. Uma das marcas referências em termos de projetos que outras empresas vendem é a Seasonic, que também abastece o mercado com as suas próprias fontes.

Esse aumento no licenciamento vai acabar sendo repassado para o consumidor, que, como sempre, é penalizado quando há um monopólio tão expressivo quanto esse do selo 80 Plus. Falando especificamente sobre o Brasil, isso é duplamente terrível, já que o mercado de fontes por aqui é muito fraco, há uma grande carência de linhas realmente boas de fontes, e modelos com preços que já são exorbitantes.

Ronaldo Buassali e sua visão da certificação 80 Plus

Bom, agora vamos dar continuidade ao que eu tinha mencionado anteriormente, a posição de uma cara ligado a indústria do hardware sobre a situação da certificação 80 Plus. Buassali é bem direto quando é pra falar sobre esse assunto. Num post em seu Facebook no ano passado, o renomado overclocker chamou o selo 80 Plus de um verdadeiro “balcão de vendas de certificações”.

Buassali defende seu ponto a partir de alguns fatos que ele menciona no post. Gostaria de destacar dois aqui. O primeiro deles é em relação a própria protocolo referente ao processo de certificação.

Para que uma fonte seja certificada pela Plug Load Solution e o seu 80 Plus basta realizar um cadastro no site e entrar com a solicitação. “Eles irão pedir o envio de 2 unidades para testes e cobrar o valor correspondente. Se a fonte passar nos testes ela estará certificada para todo o sempre. Independente do fabricante remover elementos (prova vídeo abaixo), alterar componentes para baixar custo ou mesmo não cumprir nenhuma especificação”, explica Ronaldo.

O segundo ponto que quero trazer aqui é em relação à temperatura em que os testes são conduzidos. As fontes 80 Plus são certificadas a 23 °C ± 5°C, o que torna muito mais fácil que uma fonte consiga a certificação. Temperaturas mais elevadas são recomendadas para este teste pelo fato de que tem uma relação total com o resultado sobre determinada fonte. “Por isso, as melhores fontes são testadas e avaliadas pelos seus fabricantes em 40 ºC (algumas top de linha a 50 ºC)”, completa Buassali.

Isso sem contar o fato que o mercado de fontes está repleto de modelos com o selo 80 Plus falso. Para o consumidor leigo a presença do tal adesivo, reconhecido como uma das afirmações sobre a fonte ser boa, pode ser o fator decisivo de compra, ainda mais quando falamos de fontes, um componente que costuma ser negligenciadoaté por pessoas com mais conhecimento no assunto.

O ponto central é que o 80 Plus passou de uma solução para um problema, o que deveria ser uma regulação realmente séria para um mercado importante, acabou se transformando num selo que movimenta o mercado apenas pela sua presença.

Ronaldo defende como a melhor alternativa no momento a Certificação Cybenetics, criada pelos melhores nesse ramo de avaliações de projetos de fontes de alimentação – laboratório de testes do TechPowerUp/ Tom’s Hardware. Essa certificação é mais rigorosa em relação ao processo que garante alguns do selos de nível de eficiência, nivel de ruído. Quase 800 fontes já receberam alguma certificação da Cybernetics, algumas estão disponíveis no Brasil.

Sobre o Autor

Editor-chefe no Hardware.com.br, aficionado por tecnologias que realmente funcionam. Segue lá no Insta: @plazawilliam Elogios, críticas e sugestões de pauta: william@hardware.com.br
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