A Apple quer dominar o mercado educacional

A Apple quer dominar o mercado educacional

Ontem a Apple anunciou uma série de novas iniciativas que visam trazer escolas à era da informação, modernizando o processo de aprendizado. A ideia é baseada no uso de iPads rodando o iBooks 2, que além de livros estáticos, oferece a possibilidade de desenvolver livros interativos e outras atividades.

É importante enfatizar que tanto a Intel (com o Classmate e suas variações) quanto o OLPC e outros projetos já tentaram fazer precisamente o que a Apple está tentando, desenvolvendo dispositivos para uso em sala de aula que fossem usados como material didático, oferecendo e-books e softwares educativos, bem como acesso à Internet. Estes projetos ofereciam também preços de entrada mais baixos que os da Apple, na casa dos US$ 200 por aparelho. Por mais mindshare que tenha a Apple, eles estão tentando entrar em uma mercado onde outros produtos potencialmente mais competitivos já falharam.

Minha experiência com projetos de informatização das escolas é que a maior resistência à ideia vem exatamente por parte dos professores e diretores, que frequentemente não possuem familiaridade suficiente com a tecnologia e temem que os eletrônicos os substituirão ou farão com que percam o controle da classe, oferecendo inúmeras novas distrações aos alunos. Projetos práticos mostram que em muitos casos é exatamente isso o que acontece, com computadores sendo mais usados para acessar redes sociais e o youtube do que para aprender. É quase que um consenso atualmente que um projeto de informatização das escolas precisa ser baseado em plataformas relativamente limitadas, onde o aluno tenha mesmo acesso apenas ao material e atividades propostos. Caso o acesso seja feito através de um site ou intranet, é essencial que apenas o site de destino seja liberado através de uma whitelist. Acesso completo à internet pode ser oferecido apenas em horários específicos.

O uso de iPads pode servir para reduzir a resistência por parte de professores e instituições, já que ele é um dispositivo tido como fácil de usar, além de ser um ícone fashion. Por outro lado, o preço dos tablets fará com que a Apple tenha uma briga difícil pela frente. Mesmo com o desconto educacional, um iPad custa pelo menos US$ 420 por unidade (sem falar nos impostos!), mais do dobro do custo do Intel Classmate, por exemplo. Mesmo nos EUA a ideia tem recebido críticas devido à inacessibilidade para a maioria das instituições, o que dizer do Brasil.

Muito provavelmente, a iniciativa que realmente virá a trazer a era da informação para as escolas não será centralizada em um único dispositivo, mas sim alguma plataforma aberta que possa ser usada sob várias plataformas, acomodando diversos tipos de dispositivos, dos tablets mais caros ao Aakash. Isso eventualmente irá acontecer, se por nenhum outro motivo, pelo simples custo e peso dos livros didáticos, começando pelas universidades e descendo até o ensino fundamental.
 

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