Servidores de Internet

Em seguida, entramos no mundo dos servidores de Internet, dominado pelos servidores dedicados e pelos datacenters.

A Internet é formada por uma malha de cabos de fibra óptica, que interligam praticamente todos os países. Mesmo em locais mais remotos, é possível se conectar via modem, via celular (ou algum tipo de rede sem fio de longa distância) ou mesmo via satélite. A peça central são os roteadores, que interligam diferentes segmentos da rede, formando uma coisa só. Cada roteador conhece os vizinhos, sabe quais redes estão conectadas a eles e sabe escolher o caminho mais curto para cada pacote de dados:

Naturalmente, os dados transmitidos precisam sair de algum lugar. Entram em cena, então, os datacenters, que hospedam a grande maioria dos servidores responsáveis por manter a Internet funcionando.

Os datacenters são ambientes protegidos, que contam com links redundantes, instalações elétricas de grande porte (com nobreaks e geradores, destinados a manterem os servidores funcionando mesmo em caso de interrupção no fornecimento elétrico), salas refrigeradas, equipes de manutenção disponíveis 24 horas por dia e outros recursos. Em resumo, um datacenter oferece um ambiente controlado, onde os servidores podem operar de forma confiável:

Antigamente, ter um servidor dedicado era um luxo reservado para poucos. Além da máquina em si, você precisava de um link dedicado, que custava um braço e duas pernas (por mês ;). A solução para colocar seu site no ar era pagar por um plano de shared hosting (hospedagem compartilhada), onde um mesmo servidor é compartilhado por milhares de sites diferentes e você fica restrito a uma quota de tráfego e espaço em disco, sem poder mexer na configuração do servidor.

Hoje em dia, tudo está muito mais acessível, graças ao barateamento tanto dos links quanto dos servidores propriamente ditos. Você pode ter seu próprio servidor, hospedado em um datacenter dos EUA (ou mesmo no Brasil), hospedando o site da sua empresa ou de seus clientes, armazenando backups, entre inúmeras outras funções.

A principal vantagem de alugar um servidor dedicado, hospedado em um datacenter, ao invés de montar seu próprio servidor e ligá-lo na conexão via ADSL ou cabo que você já tem, é a questão da conectividade. Uma conexão via ADSL funciona bem para acessar a web como cliente e fazer downloads, mas não é uma boa idéia para hospedar servidores, pois o link de upload é muito estreito (em geral apenas 256 ou 500 kbits, de acordo com o plano), sem falar na questão da confiabilidade.

As grandes empresas de hospedagem trabalham com links absurdamente rápidos, sempre ligados simultaneamente a vários dos principais backbones. Isso garante uma boa velocidade de acesso a partir de qualquer lugar do mundo. A confiabilidade também é melhor, pois os datacenters são ambientes fechados, com geradores próprios, segurança física, links redundantes, etc.

Os servidores dedicados mais baratos chegam a custar menos de US$ 100 mensais, sempre com um link de 10 ou 100 megabits (correspondente à velocidade da porta do switch) e uma quota de tráfego de um ou dois terabytes mensais, variando de acordo com o plano:

Existe também a opção de usar um VPS, um servidor virtual obtido através do uso do VMware Server, Xen ou outro sistema de virtualização. Usando um VPS, você tem acesso completo ao sistema, da mesma forma que ao usar um servidor real. A quantidade de memória RAM e de espaço em disco é menor e o processamento é compartilhado entre os vários servidores virtuais hospedados na mesma máquina, mas, em compensação, os preços são muito mais baixos.

No final do capítulo 1 você encontra dicas de planos de baixo custo, onde você pode locar um VPS por menos de US$ 10 mensais. Isso permite que você tenha um servidor disponível para estudar e testar tudo o que aprenderemos ao longo do livro, sem precisar arcar com o custo de um servidor dedicado:

O primeiro passo com relação à administração de um servidor dedicado é ter uma boa familiaridade com o uso da linha de comando e com a edição dos arquivos de configuração. O capítulo 1 contém um resumo dos comandos básicos e do uso dos editores de texto, além de um conjunto de dicas sobre a administração do sistema, que serve como um bom ponto de partida.

O uso do terminal acaba sendo uma necessidade, pois, quase sempre, a administração do servidor é feita via SSH, usando ferramentas em modo texto. Existem diversos utilitários para automatizar a administração do servidor (como o ISPConfig, que veremos no capítulo 9), mas ao longo do livro você verá que fazer a configuração manualmente oferece um controle muito maior sobre o servidor. Existem clientes SSH para todas as principais plataformas, incluindo clientes Windows e também clientes para diversas famílias de celulares e smartphones, o que permite executar tarefas rápidas de administração até mesmo enquanto estiver preso no trânsito. 🙂

Para quem vem do Windows, administrar um servidor via linha de comando parece uma coisa exótica, mas, com o tempo, você percebe que é realmente a forma mais rápida de fazer muitas coisas. A maior parte da configuração do servidor consiste em instalar pacotes e editar arquivos de configuração em texto, o que pode ser feito via linha de comando sem maiores problemas.

Existem ainda ferramentas como o Webmin, phpMyadmin e outras, que são acessadas via navegador. Elas são bastante práticas, pois você não precisa instalar o ambiente gráfico no servidor para usá-las, o que é desejável do ponto de vista da performance e até mesmo segurança.

Além de permitir executar comandos e rodar aplicativos remotamente, o SSH permite transferir arquivos e executar diversas outras funções, como veremos em detalhes no capítulo 10. Além do bom conjunto de recursos, o SSH prima pela segurança, oferecendo respostas para praticamente todo tipo de ataque conhecido. Isso faz com que ele seja de longe a ferramenta de administração mais usada no mundo Linux.

Depois de ganhar acesso ao servidor, o próximo passo é configurar o servidor web, que será provavelmente o responsável pela maior parte dos serviços oferecidos pelo servidor. No capítulo 6, veremos detalhes sobre como configurar um servidor LAMP, combinando o uso do servidor Linux com o Apache, o interpretador PHP e o banco de dados MySQL.

Esta é, justamente, a solução de hospedagem mais usada atualmente, que permite rodar diversos tipos de gestores de conteúdo, fóruns e outros tipos de aplicativos web, tais como o WordPress e o phpBB. Examinando os recursos de administração disponíveis, é fácil entender porque eles se tornaram tão populares. Eles automatizam toda a geração das páginas, atualização dos links, comentários e assim por diante, permitindo que os autores do site ou blog se preocupem apenas com o conteúdo:

Para disponibilizar arquivos de forma pública, você poderia usar o próprio servidor web, ou instalar um servidor FTP (sobre o qual também estudaremos no capítulo 6). Para acesso seguro ao servidor, você pode usar o SFTP ou o RSSH, que permitem transferir arquivos de forma segura utilizando o SSH.

Em casos em que outras pessoas tenham acesso limitado ao seu servidor (como ao hospedar vários sites, onde cada webmaster tem acesso apenas a seus próprios arquivos), é útil incluir um sistema de quotas, de forma que cada um tenha sua parcela justa de espaço, afastando assim o risco de alguém entupir o HD do servidor sozinho.

Ao hospedar sites, você vai precisar também configurar o servidor DNS para responder pelos domínios registrados. Você pode hospedar diversos sites no mesmo servidor, cada um deles com um domínio ou sub-domínio próprio, combinando a configuração do servidor DNS com a configuração dos virtual-hosts no Apache. No capítulo 7 veremos detalhes sobre a configuração do Bind, que é o servidor DNS mais tradicional, e também o mais usado.

Temos também a questão dos e-mails, que pode ser resolvida rodando um servidor Postfix ou utilizando o Google Apps for you Domain, como veremos em detalhes no capítulo 8.

Com a evolução dos processadores, aumento na capacidade dos HDs e o barateamento dos módulos de memória, mesmo os servidores de configuração mais básica acabam sendo subutilizados na maioria das situações. Uma boa forma de aproveitar os recursos ociosos e agregar mais funções ao servidor é utilizar um sistema de virtualização, que permite rodar várias máquinas virtuais em um único servidor, cada uma se comportando como se fosse um servidor completo. Dessa forma, você pode ter vários servidores pelo preço de um:

As máquinas virtuais podem ser usadas também como “caixas de areia”, rodando serviços potencialmente vulneráveis, de forma a não expor o servidor principal a riscos desnecessários, ou até mesmo serem sub-locadas, um negócio que pode ser bastante rentável. Veremos mais detalhes sobre o tema no capítulo 12, reservado à configuração do VMware Server.

Outra tarefa essencial são os backups, que funcionam como um seguro contra imprevistos. Afinal, em um servidor que armazena dados importantes, você não pode contar apenas com a sorte. Os backups podem ser automatizados através de scripts simples (como veremos em detalhes no capítulo 13), que podem, inclusive, serem executados de forma automática, fazendo backups diários, semanais ou até mesmo backups rotativos, sem que você precise se preocupar em logar diariamente no servidor apenas para executá-los.

Além da configuração e da manutenção do servidor, temos outra tarefa importante, que é a escolha dos componentes a utilizar, de forma a dimensionar corretamente os recursos do servidor e eliminar gargalos. Apesar da maioria dos servidores serem montados usando processadores e placas de baixo custo, muitas vezes utilizando gabinetes tipo torre e placas-mãe para micros desktop, existe toda uma classe de componentes e tecnologias destinadas ao uso em servidores, como veremos em detalhes no capítulo 14.

Tudo isso pode parecer complicado de início, mas, ao longo do livro, você vai descobrir que é bem mais simples do que parece. Assim como nos outros livros da série, o principal objetivo é explicar os temas de forma abrangente, porém em linguagem simples. Aperte os cintos e vamos lá. 🙂

Sobre o Autor

Redes Sociais:

Deixe seu comentário

X