Usando os terminais

Tenha em mente que, ao utilizar o LTSP, todos os aplicativos rodam no servidor e, por isso, os arquivos gerados também são salvos nele. Por isso, o ideal é criar uma conta de usuário para cada usuário do sistema, de modo que ele possa salvar seus
arquivos e configurações, sem ser perturbado pelos demais usuários do sistema.

É importante que cada usuário tenha permissão de acesso apenas ao seu próprio diretório home, sem ter como xeretar nos arquivos nos demais. Para isso, depois de adicionar cada usuário, use o comando “chmod -R o-rwx”, que retira todas as permissões de
acesso para os demais usuários, deixando apenas o próprio usuário.

# chmod -R go-rwx /home/usuario

Para modificar de uma vez as permissões do diretório home de todos os usuários do sistema, use:

# chmod -R go-rwx /home/*

Para fazer com que todos os arquivos criados daí em diante, por todos os usuários, já fiquem com as permissões corretas, adicione a linha “umask 077” no final do arquivo “/etc/bash.bashrc“.

O comando umask configura as permissões default para novos arquivos, subtraindo as permissões indicadas. Se o umask é “077”, significa que são retiradas todas as permissões de acesso para todos os usuários, com exceção do dono do arquivo. Na maioria
das distribuições, o padrão é “022”, que retira apenas a permissão de escrita.

Outra questão interessante ao usar terminais LTSP são os backups, que se tornam bem mais simples, já que os arquivos ficam centralizados no servidor. Você pode ter, por exemplo, um segundo HD e uma gaveta para fazer o backup sempre que necessário e
guardá-lo em um local seguro. Uma dica importante é sempre usar um sistema com suporte a journaling no servidor, como o ReiserFS (preferencialmente) ou o EXT3. Ambos são muito mais seguros que o antigo EXT2, que é muito suscetível à perda de dados depois
de desligamentos incorretos.

A manutenção do servidor pode ser feita a partir de qualquer terminal, ou até mesmo via internet (se você configurar o firewall para liberar o acesso via SSH). Se precisar instalar novos programas, basta instalá-los no servidor.

Os problemas com vírus e cavalos de Tróia são muito menores no Linux. Um programa executado pelo usuário não tem mais permissões do que ele mesmo, ou seja, se um usuário não tem permissão para alterar arquivos fora da sua pasta, qualquer programa
executado por ele também não terá. Na pior das hipóteses, ele pode acabar com seus próprios arquivos pessoais, mas não afetará os arquivos dos demais usuários ou as configurações do sistema.

Nas estações, a única preocupação é com problemas de hardware, que provavelmente serão relativamente freqüentes, já que estamos falando de máquinas com, em muitos casos, 6, 8 ou até 10 anos de uso. Mas pelo menos você não precisará se preocupar com
perda de dados, já que estará tudo no servidor. Se possível, mantenha uma ou duas torres já montadas de reserva, assim você poderá trocar rapidamente qualquer terminal com problemas de hardware.

Existem naturalmente algumas limitações no uso dos terminais, como os jogos, por exemplo. Jogos de cartas, ou de tabuleiro, ou até mesmo títulos como o Freeciv (um clone do Civilization 2), onde existe pouca movimentação, rodam sem problemas, mas jogos
de movimentação rápida, em tela cheia, não vão rodar satisfatoriamente. Naturalmente, os terminais leves também não são um ambiente adequado para rodar jogos 3D.

O CD-ROM e o drive de disquetes do servidor poderão ser usados normalmente pelos usuários, inclusive com vários usuários acessando o CD que está na bandeja, por exemplo. Você pode também criar imagens dos CDs usados, utilizando o comando dd, e montar
estas imagens como pastas do sistema (mantendo assim vários CDs disponíveis simultaneamente) através do comando “mount -o loop nome_do_cd.iso /mnt/nome_do_cd” como em:

# dd if=/dev/cdrom of=cdrom1.iso
# mount -o loop cdrom1.iso /mnt/cdrom1

No LTSP 4.2 ficou bem mais fácil de ativar o suporte a dispositivos locais, permitindo usar também CD-ROM, pendrives e outros dispositivos de armazenamento instalados nos terminais. Ao plugar um pendrive, um ícone aparece no desktop permitindo acessar
os arquivos. Com o suporte a dispositivos locais ativado, os terminais podem ser usados de forma transparente, como se cada um fosse um desktop completo.

A princípio, pode parecer que rodar aplicativos de 10 clientes no servidor ao mesmo tempo irá deixá-lo bastante lento, mas na prática isso funciona da mesma forma que as linhas dos provedores de acesso discados. Nenhum provedor tem o mesmo número de
linhas e de assinantes, geralmente utilizam uma proporção de 10 ou 20 para um, presumindo que jamais todos os assinantes vão resolver conectar ao mesmo tempo.

Mesmo com 10 clientes, raramente todos vão resolver rodar ao mesmo tempo algo que consuma todos os recursos do servidor por um longo período. Normalmente temos apenas tarefas rápidas, como abrir um programa, carregar uma página web, etc., feitas de
forma intercalada. Ou seja, na maior parte do tempo, os clientes vão se sentir como se estivessem sozinhos no servidor.

Em um ambiente típico, um servidor de configuração razoável, com 1 GB de RAM, pode manter de 20 a 30 terminais, enquanto um servidor dual, com 2 GB de RAM e HDs em RAID, pode atender a 50 terminais. Em ambientes em que as estações rodem alguns poucos
aplicativos específicos (um navegador e um aplicativo de gerenciamento, por exemplo), é possível manter 40 ou 50 terminais com um servidor de configuração mais modesta.

Outro ponto interessante diz respeito às suas estratégias de upgrade. Ao invés de gastar dinheiro com upgrades de memória e processador para os clientes, você deve investir os recursos disponíveis em melhorar o servidor e a rede, além de trocar
monitores, teclados e mouses nas estações. Um monitor de 17″ e um teclado novo em algumas das estações vão fazer muito mais efeito que um upgrade na torre.

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