O servidor

Em um servidor LTSP, os aplicativos usados por todos os clientes rodam no mesmo servidor, o que garante o compartilhamento de recursos. Por outro lado, em um desktop tradicional, o processador fica ocioso na grande maioria do tempo.

Você pode verificar isso no seu próprio micro, utilizando o comando “top“. Ele mostra uma longa lista dos programas abertos e um instantâneo da utilização do processador perto do topo da tela, atualizado freqüentemente. No meu caso, mesmo com vários programas abertos e com um mp3 tocando, a utilização do processador fica na maior parte do tempo entre 3 e 6%, com picos rápidos para 10 ou 15%. Aqui, por exemplo, estão sendo usados 2.6% dos ciclos de processamento para os programas que estão abertos e mais 1.7% para tarefas relacionadas ao sistema:

A menos que você passe a maior parte do tempo compilando programas, rodando games 3D ou editando vídeo, na maioria do tempo, a utilização do processador ficará sempre abaixo de 5 ou 10%.

É justamente isso que os processadores da maioria dos desktops do mundo ficam fazendo na maior parte do tempo: nada. Em um servidor de terminais, a utilização média do processador em geral continua sendo baixa, mesmo com 20 ou 30 terminais pendurados nele, já que temos uma máquina relativamente rápida e muitos dos usuários conectados ficam fazendo tarefas simples, como ler e-mails ou escrever textos.

Isso faz com que quase sempre que um usuário precisa executar um programa, ou realizar uma tarefa intensiva, encontra o processador livre, como se ele estivesse sozinho no servidor. O desempenho (subjetivo) ao utilizar um terminal ligado a um servidor com um processador de 3.0 GHz, compartilhado entre 20 terminais, é quase sempre melhor que utilizar um desktop com um processador (de desempenho por clock similar) de 1.5 GHz.

A memória RAM também é compartilhada de uma maneira bastante interessante. Os aplicativos são carregados na memória do servidor apenas uma vez, independentemente do número de usuários que o utilizarem simultaneamente. O sistema carrega o aplicativo uma vez, e depois passa a abrir diferentes sessões do mesmo programa (como ao abrir uma segunda janela do navegador, por exemplo), o que faz com que o carregamento passe a ser mais rápido (afinal, o aplicativo já está carregado) e o uso de memória seja otimizado.

Um servidor com 1 GB de memória RAM, dividido entre 20 terminais, executa, em geral, os aplicativos com um desempenho muito melhor que um desktop com 256 MB usado por um único usuário.

A configuração mínima para atender a 10 terminais seria um Pentium III ou Athlon com 512 MB de RAM. Mas, como o servidor é um só, é recomendável investir um pouco nele, principalmente hoje em dia, quando os preços dos pentes de memória estão cada vez mais baixos. O ideal é começar com um processador razoavelmente rápido e 1 GB de RAM.

Monitore a utilização do processador e a memória RAM livre durante algum tempo. Conforme for necessário, você pode adicionar mais 1 GB de RAM ou um processador dual core. Um servidor dual oferece uma grande vantagem ao utilizar muitos terminais, pois ele pode executar aplicativos separados em cada processador, executando mais tarefas simultaneamente e eliminando o gargalo em momentos em que vários usuários resolvem utilizar aplicativos pesados simultaneamente.

Ao contrário de um desktop regular, no qual em geral apenas um aplicativo pesado é executado por vez, fazendo com que o segundo processador seja pouco usado, um servidor de terminais está sempre executando muitos aplicativos diferentes e fazendo muitas coisas ao mesmo tempo. Isso faz com que realmente exista uma divisão de trabalho entre os dois processadores, fazendo com que o desempenho ao utilizar dois processadores seja, em muitos casos, próximo do dobro de utilizar apenas um.

A terceira característica mais importante, rivalizando com o desempenho do processador, é o desempenho e capacidade dos HDs. Lembre-se de que o servidor será quem armazenará todos os arquivos, por isso é importante que o HD tenha muito espaço livre. Um sistema RAID IDE (seja usando uma controladora dedicada, seja via software) é uma opção interessante, pois permite combinar vários HDs de forma a criar um único disco lógico com a capacidade e desempenho somados (RAID 0). Isso acaba sendo muito mais interessante do que simplesmente adicionar vários HDs separados.

O desempenho do RAID fará com que os aplicativos carreguem mais rapidamente e as operações de cópias de arquivo sejam concluídas muito mais depressa, evitando a saturação do servidor em momentos de pico. Em contrapartida, ao usar RAID 0, o risco de perda de dados é maior do que ao utilizar um único HD, pois uma pena de hardware em qualquer um dos discos faz com que todos os dados sejam perdidos. Por isso, um sistema de backup é essencial.

As dicas que dei até aqui são voltadas a redes de grande porte, com 20 a 50 terminais. Em uma rede pequena, com de 4 ou 6 terminais, você pode começar instalando o LTSP em um desktop comum, com 512 MB de RAM, e pensar em atualizar o servidor apenas se notar problemas de estabilidade, ou caso precise adicionar mais terminais.

Dessa maneira, o servidor não precisa sequer ser dedicado. Nada impede que você o utilize junto com os terminais, apenas tome o cuidado de não ficar apertando o botão de reset nem ficar dando tapas na CPU… 🙂 Outra configuração importante é desabilitar a opção de desligamento local e remoto no Centro de Controle do KDE > Administração do Sistema > Gerenciador de Login > Desligar > Permitir desligamento (acesse como root).

Fazendo isso, nenhum usuário vai conseguir desligar o servidor por engano. Lembre-se: “quem tem HD, tem medo”, como as estações não têm HD, então não existe necessidade de “desligar o sistema corretamente”, é só dar um logout e depois desligar a estação no botão. Apenas o servidor precisa passar pelo processo normal de desligamento.

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