Entendendo o LTSP

O LTSP é, na verdade, uma espécie de distribuição Linux destinada a ser carregada pelos terminais. Ele é composto por um conjunto de pacotes, que criam um sistema de arquivos dentro da pasta “/opt/ltsp/i386/“, que é compartilhada com a rede e
acessada via NFS pelos clientes como se fosse uma partição local.

Dentro do diretório vai um sistema simplificado, destinado apenas a detectar o hardware do cliente e permitir que ele abra uma sessão do X. Terminado o boot, o cliente obtém a tela de login do servidor via XDMCP. A partir daí, o servidor roda os
aplicativos e o cliente apenas mostra as imagens geradas na tela, atuando como uma espécie de terminal burro.

Veja que o LTSP é carregado nos clientes usando uma série de serviços. Tudo começa com o cliente dando boot usando a imagem de boot gravada no chip de boot, disquete ou CD-ROM. Essa imagem contém um software muito simples, que ativa a placa de rede e
envia um pacote de broadcast, pedindo a configuração da rede.

Um servidor DHCP instalado no servidor LTSP é configurado para responder ao chamado, enviando a configuração da rede, juntamente com informações do Kernel, que o cliente deve carregar via TFTP, e a pasta no servidor com a instalação
do LTSP, que deve ser acessada via NFS.

O TFTP é um protocolo bem simples de transferência de arquivos dentro de redes locais. Tão simples que a imagem de boot, com seus poucos kbytes, é grande o suficiente para incluir um cliente TFTP, usado na etapa inicial do boot.

Depois que o Kernel é carregado via TFTP, começa o boot “real” da estação. O TFTP é substituído, então, por um cliente NFS (um protocolo muito mais robusto), que é usado para montar a pasta “/opt/ltsp/i386” do servidor (em modo somente leitura)
como diretório raiz. A estação pode então carregar o sistema do LTSP, que se encarrega de detectar o hardware da estação e abrir o X.

Todos os arquivos de configuração e alterações gerados nesta fase são salvos em um ramdisk, já que a estação não tem permissão para alterar os arquivos do servidor.

Opcionalmente, é possível especificar também uma configuração específica para cada estação, especificando o tipo de mouse e a resolução de tela, por exemplo. Esta configuração fica armazenada em um arquivo de configuração central, o
“/opt/ltsp/i386/etc/lts.conf” (armazenado no servidor), que é lido pelas estações durante o processo de boot.

Ou seja, além do LTSP propriamente dito, é necessário ter instalado um conjunto de serviços, cuidadosamente configurados, para que tudo funcione em conjunto. Isso faz com que o LTSP seja um sistema um pouco trabalhoso de instalar, onde é necessário
prestar muita atenção em cada passo da configuração, já que qualquer erro pode fazer com que tudo deixe de funcionar.

O LTSP inclui dois utilitários de configuração: o ltspadmin, que automatiza partes da instalação e configuração inicial do sistema, e o ltspcfg, que é utilizado para alterar a configuração depois de
instalado. Entretanto, como são desenvolvidas para trabalhar em conjunto com muitas distribuições, essas duas ferramentas nem sempre funcionam corretamente; por isso, seguindo a idéia inicial deste livro, vou explicar aqui como fazer uma instalação manual
do LTSP, para que você entenda os componentes envolvidos e aprenda a solucionar problemas. Depois de instalar manualmente da primeira vez, experimente as duas ferramentas e veja até que ponto elas podem facilitar seu trabalho em futuras instalações.

Sobre o Autor

Redes Sociais:

Deixe seu comentário

X