Configurando um servidor DHCP

Hoje em dia quase todas as redes utilizam algum tipo de servidor DHCP. Em geral, eles são ativados automaticamente ao compartilhar a conexão ou junto com algum outro serviço, de forma que você acaba não aprendendo muita coisa sobre a sua configuração.
De um modo geral, o trabalho de um servidor DHCP é bastante simples. Ele responde aos pacotes de broadcast das estações, enviando um pacote com um dos endereços IP disponíveis e os demais dados da rede. Os pacotes de broadcast são enviados para o último
endereço da rede, como em 192.168.1.255 ou 255.255.255.255, e são recebidos por todos os micros da rede.

Periodicamente o servidor DHCP verifica se as estações ainda estão lá, exigindo uma renovação do “aluguel” do endereço IP (opção “lease time”). Isso permite que os endereços IP sejam gastos apenas com quem realmente estiver online, evitando que os
endereços disponíveis se esgotem. No Linux o serviço de DHCP é exercido pelo dhcp3-server, que nas distribuições baseadas no Debian pode ser instalado através do comando:

# apt-get install dhcp3-server

Os comandos “/etc/init.d/dhcp3-server start” e “/etc/init.d/dhcp3-server stop” gerenciam a atividade do serviço. No Fedora o pacote com o servidor dhcp se chama simplesmente “dhcp” e pode ser instalado através do yum. Uma vez instalado,
use os comandos “service dhcpd start” e “service dhcpd stop”. No caso do Mandriva, o pacote se chama “dhcpd“.

Em qualquer um dos três casos, o arquivo de configuração é o dhcpd.conf. No Debian, o caminho completo para ele é “/etc/dhcp3/dhcpd.conf” e no Mandriva e Fedora é apenas “/etc/dhcpd.conf”. Apesar dessas diferenças nos
nomes, o que interessa mesmo é a configuração do arquivo e esta sim é igual, independentemente da distribuição.

Este é um exemplo de arquivo de configuração básico:

ddns-update-style none;
default-lease-time 600;
max-lease-time 7200;

authoritative;

subnet 192.168.0.0 netmask 255.255.255.0 {
range 192.168.0.100 192.168.0.201;
option routers 192.168.0.10;
option domain-name-servers 200.177.250.10,200.204.0.10;
option broadcast-address 192.168.0.255;
}

A opção ” default-lease-time” controla o tempo de renovação dos endereços IP. O “600” indica que o servidor verifica a cada dez minutos se as estações ainda estão ativas. Se você tiver mais endereços IP do que máquinas, os endereços IP das estações
raramente vão precisar mudar. Mas, no caso de uma rede congestionada, o “max-lease-time” determina o tempo máximo que uma estação pode usar um determinado endereço IP. Isso foi planejado para ambientes onde haja escassez de endereços IP, como, por
exemplo, em um provedor de acesso, onde sempre existem mais clientes do que endereços IP disponíveis e se trabalha contando que nem todos vão ficar conectados simultaneamente.

Em condições normais, essas duas opções não são muito importantes. O que interessa mesmo é o bloco que vai abaixo, onde ficam as configurações da rede.

A opção “range” determina a faixa de endereços IP que será usada pelo servidor. Se você utiliza a faixa de endereços 192.168.0.1 até 192.168.0.254, por exemplo, pode reservar os endereços de 192.168.0.1 a 192.168.0.100 para estações configuradas
com IP fixo e usar os demais para o DHCP, ou então reservar uma faixa específica para ele, de 192.168.0.100 a 192.168.0.201, por exemplo. O importante é usar faixas separadas para o DHCP e os micros configurados com IP fixo.

Na “option routers” vai o endereço do default gateway da rede, ou seja, o endereço do servidor que está compartilhando a conexão. Não é necessário que o mesmo micro que está compartilhando a conexão rode também o servidor DHCP. Pode ser, por
exemplo, que na sua rede o gateway seja o próprio modem ADSL que está compartilhando a conexão e o DHCP seja um dos PCs.

A opção “option domain-name-servers” contém os servidores DNS que serão usados pelas estações. Ao usar dois ou mais endereços, eles devem ser separados por vírgula, sem espaços. Em geral você vai usar os próprios endereços DNS do provedor, a
menos que você configure um servidor DNS interno na sua rede, que pode ser instalado no próprio micro que está compartilhando a conexão e rodando o DHCP. Estes serviços consomem poucos recursos da máquina.

O servidor DNS mais usado no Linux é o Bind. No Kurumin ou Debian em geral, você mata o coelho com um “apt-get install bind“. Este servidor DNS pode ser configurado para implementar um sistema de domínios e subdomínios na sua rede, mas o uso
mais comum é simplesmente fazer um “cache”, onde o servidor DNS simplesmente repassa as requisições para um dos 13 root servers da internet e vai armazenando os endereços que já foram acessados.

Você pode substituir o arquivo de configuração padrão por este modelo, ou editá-lo conforme a necessidade. Ao fazer qualquer alteração no arquivo, você deve reiniciar o servidor DHCP usando o comando:

# /etc/init.d/dhcp3-server restart
(ou “service dhcp restart” no Fedora)

Sempre que configurar um servidor com duas placas de rede, é importante que o servidor DHCP seja configurado para escutar apenas na placa da rede local. No Debian, esta configuração vai no arquivo “/etc/default/dhcp3-server“. Procure pela
linha:

INTERFACES=””

… e adicione a placa que o servidor DHCP deve escutar, como em:

INTERFACES=”eth0″

Para que a configuração entre em vigor, basta reiniciar o serviço novamente.

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