Tablets, androids e indianos

Os tablets são apontados como a próxima onda dentro do mercado tecnológico, sucedendo os netbooks. Há quem diga que os tablets podem eventualmente substituir os notebooks e até mesmo os desktops (já que eles permitem combinar portabilidade com o uso de dock-stations com teclado, mouse e outros periféricos para uso estacionário), mas esta é uma previsão difícil de sustentar, já que tipicamente os tablets usam telas muito pequenas (de 7″ a 12″), enquanto os notebooks se especializam em telas de 14″ a 17″ e os desktops no uso de múltiplos monitores.

Entre os fatos concretos temos o fato de que o Android permite a criação de dispositivos bastante leves e baratos, baseados em processadores ARM, indo dos antigos ARM9 (que podem ser usados em tablets de baixo custo e leitores de e-books) aos chips baseados no Cortex A9, que competem com o Atom em termos de desempenho. Já existe também um port do Android para processadores x86, que pode ser usado pelos fabricantes que prefiram produzir tablets baseados no Atom. Muitos dos SOCs atuais suportam a decodificação de vídeos full-HD, o que combinados com telas de boa resolução permitem criar dispositivos de entretenimento bastante poderosos.

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Outra ideia que deve crescer é o uso dos tablets como controles-remotos de PCs, acessando o desktop remotamente através do Windows Terminal Services ou outros sistemas de acesso remoto. Como os tablets são tipicamente usados em casa ou no escritório (dentro da área de cobertura da mesma rede onde está seu PC ou notebook) isso faz todo o servido, já que permite que você use seus aplicativos de trabalho e acesse seus documentos, sem precisar rodar uma cópia inteira do Windows localmente e manter tudo sincronizado.

Os tablets produzidos pelos grandes fabricantes devem orbitar na faixa de preço dos 300 a 500 dólares, a mesma faixa de preços dos netbooks, mas já temos fabricantes chineses produzindo tablets muito mais baratos, abaixo da faixa dos 100 dólares, como no caso dos tablets Eken M001 e M002, que podem ser comprados por de US$ 95 a 110 em lojas internacionais e chegam a custar menos de US$ 90 caso comprados em quantidade:

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Como era de se esperar, a qualidade de construção destes tablets não é particularmente boa e o índice de defeitos é bastante alto. A configuração de hardware também não ajuda, pois eles utilizam apenas 128 MB de RAM, combinados com um processador VIA 8505 de 566 MHz ou outro ARM 9 similar (cujo desempenho por clock é de 3 a 4 vezes inferior ao dos ARM Cortex A8 usados nos smartphones atuais), com um controlador gráfico fraco. Entretanto, apesar de limitados, eles podem ser usados para navegar na web, ler e-books ou mesmo assistir vídeos de baixa resolução, o que já é interessante considerando o preço.

Eles incluem apenas 2 GB de memória Flash de armazenamento, que podem ser expandidos através de um cartão SD e uma interface de rede Wi-Fi. Por não possuírem câmera, Bluetooth e nem GPS (sem contar a falta de interesse dos fabricantes Chineses em pagarem royalties) estes tablets não podem ser certificados para utilizarem o Android Market, o que leva ao uso de hacks diversos para acessar lojas alternativas, ou o próprio Android Market de forma clandestina. A compatibilidade com os aplicativos também varia, já que eles rodam versões antigas do Android (tipicamente o 1.6 ou 1.7) e não oferecem recursos usados por muitos aplicativos (Bluetooth, câmera, etc.).

Estes tablets estão se tornando assustadoramente populares na China e em outros países da Ásia e logo devem também invadir o Brasil, assim como no caso dos celulares Chineses. Por mais limitado que seja, um tablet de 200 ou 300 reais é uma tentação grande demais para a maioria resistir.

No futuro pode ser que os preços caiam ainda mais, conforme surjam opções de telas mais baratas e de SOCs ARM de baixo custo. Já começam a surgir também algumas iniciativas governamentais, como no caso do tablet de US$ 35 que o governo indiano pretende produzir para o uso da educação. Ele é bem similar ao Ekin M001, com uma tela de 7″, Wi-Fi, processador ARM 9 e o Android 1.6, e pode vir a ser produzido em volume a partir de 2011. A redução no custo reside na fabricação em massa de um único modelo (em vez de lançar novos modelos a cada mês, produzindo um punhado de unidades de cada um, como fazem muitos fabricantes), utilizando componentes baratos e mão de obra local:

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Embora tenham deixado de ser o centro das atenções, temos também alguns modelos de smartbooks, que compartilham dos mesmos componentes dos tablets (adicionando apenas o teclado, o touchpad e a carcaça maior) e estão também sendo vendidos na faixa dos US$ 100 pelos fabricantes Chineses, servindo como uma opção pé-de-boi aos netbooks:

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Entretanto, não devemos ver muitos modelos de smartbook por parte dos grandes fabricantes, que estão preferindo apresentar designs de tablets com teclados removíveis, imitando o iPad.

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