Mini-review do sidux

Mini-review do sidux

O sidux é um dos derivados mais bem sucedidos do Knoppix, desenvolvido pela sidux e.V., uma entidade sem fins lucrativos sediada na Alemanha.

O principal objetivo do sidux é oferecer uma versão “suportada” do Debian Sid para uso em desktops, adicionando scripts e ferramentas de configuração e solucionando bugs e problemas diversos relacionados ao uso dos pacotes instáveis, de maneira que o sistema possa ser usado e atualizado sem sustos. Entre os truques usados estão o reempacotamento ou o congelamento de pacotes problemáticos (uma versão corrigida do pacote é disponibilizada como uma solução temporária, ou a versão anterior continua sendo usada até que uma versão corrigida seja disponibilizada pela equipe do Debian) e o uso de versões alternativas de alguns pacotes.

Embora o sidux não seja exatamente uma boa escolha para iniciantes, ele é bastante popular entre os usuários mais técnicos, justamente por combinar o uso de pacotes muito atuais com uma boa estabilidade e flexibilidade. Como pode imaginar, a ênfase é (diferente do Knoppix) que você realmente instale o sistema no HD e o use como distribuição principal.

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O Sidux surgiu como uma derivação do Kanotix, um projeto anterior também baseado no Knoppix e no Debian Sid. Devido a divergências com relação aos rumos da distribuição, Stefan Lippers (slh), que era o responsável pelos pacotes do Kernel e outros componentes do sistema, decidiu criar um novo projeto, dando origem ao sidux, que rapidamente herdou a maior parte dos usuários e dos desenvolvedores, tornando-se uma espécie de sucessor do Kanotix.

Com o tempo, ele acabou se tornando um “epicentro” para diversos usuários avançados e desenvolvedores herdados de outras distribuições, que acabaram formando uma equipe bastante competente e coesa.

Oficialmente, o sidux não é mais baseado no Knoppix, já que praticamente todos os scripts e componentes herdados dele já foram substituídos por outras ferramentas, fazendo com que o sidux ganhasse uma identidade própria. Entretanto, historicamente é impossível negar a descendência, assim como no caso do Mandriva, que veio do Red Hat.

O nome é uma derivação de “Sid”, o nome do eterno release instável do Debian, que ganhou o nome a partir do personagem do filme Toy Story. O nome “sidux” é sempre escrito em letras minúsculas, um ponto em que os desenvolvedores colocam uma grande ênfase. Aqui vai a lista de links rápidos:

Site oficial e fórum: http://sidux.com/
Manual: http://manual.sidux.com/
Comunidade no Brasil: http://www.sidux.com.br, http://sidux.forumdebian.com.br/
Mirror no Brasil: http://sidux.c3sl.ufpr.br/release/

Usando o sidux você notará muitas semelhanças com o Kurumin na organização do desktop, menus, uso de uma pasta separada para os ícones de montagem das partições, a janela do Konqueror com o manual que é aberta durante o boot e assim por diante, já que na verdade estes são traços de personalidade herdados do Knoppix.

Até a versão 2009-1 (Ouranos) o sidux foi baseado no KDE 3.x, seguindo a tradição iniciada com o Knoppix. A partir daí, foi feita a migração para o KDE 4.x, acompanhando a atualização dos pacotes no Debian Sid que seguiu o lançamento do Lenny.

Um dos pontos fortes do sidux e o que faz com que ele seja perfeitamente utilizável para usuários do Brasil é o bom suporte a internacionalização incluído no sistema. Embora o Inglês seja a língua oficial, o sidux inclui também suporte a Português do Brasil, basta pressionar a tecla F4 na tela de boot:

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Se você estiver usando a versão em DVD, que já vem com os pacotes de internacionalização pré-instalados, as traduções são usadas automaticamente. Mesmo se estiver usando a versão KDE-lite (a versão em CD-ROM), é possível instalar os pacotes de internacionalização manualmente:

# apt-get update
# apt-get install kde-i18n-ptbr myspell-pt-br iceweasel-l10n-pt-br aspell-pt-br

Assim como no caso do Ubuntu, o sidux vem com o sudo ativado por padrão, permitindo que você se logue como root ao rodar a partir do live-CD com um “sudo su” ou “sudo sh” e a partir daí defina as senhas, use o apt e configure o sistema como quiser. Quando o sistema é instalado, o uso do sudo é desativado, mas você pode ativá-lo novamente configurando o arquivo “/etc/sudoers”.

O instalador merece uma saudação à parte. Embora seja um descendente indireto do knoppix-install (o script original de instalação do Knoppix, do qual o instalador do Kurumin também se originou), ele evoluiu de forma independente, abandonando as raízes e se tornando um instalador gráfico bastante elegante e efetivo:

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As opções são organizadas em um conjunto de abas, permitindo que você especifique todas as opções antes de iniciar a instalação. Ao clicar no “Guardar Configuração & Seguinte”, o restante da instalação acontece automaticamente, sem que você precise ficar na frente do micro acompanhando o processo. Assim como em outros live-CDs baseados no Knoppix, a instalação consiste em copiar os arquivos da imagem para o HD (e não instalar um conjunto de pacotes, calculando as dependências, como em distribuições tradicionais), por isso o processo é bastante rápido.

Por default, o sidux utiliza apenas o repositório principal do Debian, deixando de lado os repositórios não-livres. Assim como no caso do Debian, é necessário adicioná-los manualmente, incluindo o “contrib non-free” no final da linha, como em:

deb http://ftp.br.debian.org/debian/ sid main contrib non-free

Por questões de organização, a configuração do repositório do Debian vai no arquivo “/etc/apt/sources.list.d/debian.list” e não diretamente no “/etc/apt/sources.list”. A linha com o repositório do sidux (que inclui os pacotes com os scripts e os componentes extras), por sua vez, vai no “/etc/apt/sources.list.d/sidux.list”.

O sidux inclui também um painel de controle simples, que serve apenas como uma interface para outras ferramentas do sistema. Essa é uma abordagem bastante inteligente, pois permite que o painel cumpra seu papel sem reinventar a roda, consumindo poucos recursos de desenvolvimento. Além de estar disponível através do “Iniciar > Sistema > sidux Control Center”, existe também uma versão em modo texto, o “siduxcc“, que é bastante útil em casos de problemas com a abertura do ambiente gráfico.

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Entretanto, a grande ênfase do sidux não é na facilidade de uso, mas sim nas atualizações de sistema. Grande parte do trabalho dos desenvolvedores é focado justamente em testar as atualizações do Debian Unstable, criar mecanismos para reduzir a incidência de problemas e postar avisos de problemas transitórios, que possam comprometer a atualização.

Atualizar o sidux (ou qualquer outra distribuição baseada no Debian Unstable) é como ir para a praia: existem bons dias, onde faz sol e a atualização “desce redondo” e maus dias, onde chove e algum pacote problemático trava a atualização ou causa algum problema posterior.

A “previsão do tempo” é postada regularmente no http://sidux.com/, com os tradicionais avisos de “No Dist-Upgrade” (vai chover), postados quando existe algum problema pendente nos repositórios.

Escaldados, os desenvolvedores criaram uma ferramenta de atualização, disponível dentro do “siduxcc”, que executa uma serie de workarounds para corrigir problemas e avisa sobre problemas com a atualização.

Para prevenir os problemas derivados da necessidade de reiniciar o ambiente gráfico ao atualizar alguns pacotes, ele precisa ser executado sempre em um terminal de texto puro. Para usá-lo, pressione Ctrl+Alt+F1 para chavear para o terminal, logue-se como root, finalize o ambiente gráfico digitando “init 3” e em seguida execute o atualizador chamando o comando “siduxcc”:

# init 3
# siduxcc

Dentro dele, use a opção “Software > run a dist-upgrade only”:

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A diferença em usar a função do painel (em vez de simplesmente rodar um “apt-get upgrade” no terminal) é que o script de atualização executa algumas checagens adicionais e evita a instalação de pacotes problemáticos, marcados manualmente pela equipe do sidux. Está disponível também a opção “Software > Show DU warnings” que exibe avisos sobre eventuais problemas com o dist-upgrade devido a bugs ainda não corrigidos em pacotes do Debian Unstable.

Outra opção é usar o smxi, um script que permite fazer um “upgrade assistido” do sistema, oferecendo diversas opções, realizando checagens adicionais e exibindo mensagens explicativas (em inglês) durante o processo. Embora ele apareça no siduxcc (a opção “run smxi”), o script não vem pré-instalado no sistema. Para instalá-lo, é necessário baixar os scripts para a pasta “/usr/local/bin/”

# cd /usr/local/bi
# wget http://smxi.org/smxi.zip
# unzip smxi.zip

A partir daí, você pode executá-lo através da opção no siduxcc, ou diretamente, executando o “smxi” (no terminal de texto puro) como root.

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