Na virada do século a Dell tentou oferecer um desktop Linux,
para ser discretamente tirado de linha algum tempo depois.
Algumas teorias da conspiração apontam dedo da Microsoft,
mas isso não explica o compromisso da Dell com o Linux na
área de servidores, onde oferece equipamentos tanto com
Suse quanto com RedHat, além de hospedar uma ativa
comunidade de usuários e desenvolvedores. Embora a
Microsoft hoje tenha um valor de mercado de US$227
bilhões, a Dell, avaliada em quase US$60 bilhões não
é exatamente uma quitanda. Não é fácil pressionar alguém
com esses números.
O buraco no caso é muito mais embaixo.
Não é que a Dell morra de amores pela Microsoft, o negócio deles é
vender computadores. Investem onde há retorno. Inclusive no Linux.
Em 2004 Michael Dell investiu US$ 100 milhões do próprio bolso na RedHat, se ainda há alguma dúvida de que ele leva o produto a sério.
Nas palavras de Michael Dell:
As pessoas sempre pedem para que suportemos Linux no desktop, mas a questão é: "de qual Linux vocês estão falando?" Se dissermos que gostamos do Ubunto, o pessoal vai dizer que escolhemos a opção errada. Se dissermos que gostamos e suportamos Ubuntu, Novell, RedHat e Xandros, então alguém vai nos perguntar: Por quê vocês não suportam o Mandriva? O problema de escolher uma distribuição é que com isso vamos desapontar os defensores de outras distribuições.
Não é que haja muitas distribuições de Linux para desktops, o problema é que elas são todas diferentes, todas tem defensores e nenhuma delas tem a maioria do mercado.
O que ele não disse é que "suportar" é mais que apoiar instalando.
É oferecer patches, upgrades, auxiliar na configuração e instalação
de dispositivos e todos o monte de atividades do dia-a-dia que
um vendedor popular tem que ajudar seus usuários a realizar.
O comprador da Dell NÃO aceita um RTFM como resposta. Ele
até vai editar um .conf seguindo os passos de um técnico ao telefone,
mas não é viável se o técnico tem que suportar 30 distros diferentes.
Sobre a sua primeira tentativa de um desktop Linux, Michael Dell continua:
Nós tentamos com o RedHat nas linhas OptiPlex e Dimension, mas tivemos muita gente não comprando e dizemos que escolhemos a distribuição errada.
Seguindo uma indicação do próprio Dell, uma visita ao DistroWatch
revela mais de cem distribuições diferentes. Sei que a maioria não
é relevante, mas vá você dizer isso aos defensores delas...
Como alternativas, no campo dos desktops, a Dell oferece máquinas
com o FreeDOS e uma pequena linha de workstations Precision com RedHat.
A alternativa seria a Dell assumir uma única distribuição no Desktop,
dar uma banana para os usuários das outras distros e investir suas
fichas na escolhida. A questão é: Os usuários das outras distros deixariam?
De qualquer forma, Michael Dell já deixou claro não seguirá essa linha.
Nosso objetivo é acompanhar o Linux, não liderá-lo. Não vamos escolher uma distribuição e tentar transformá-la na número 1. O Ubuntu é agora a distribuição mais popular nos desktops da Dell, mas pode não ser daqui a um ano.
O que ele quer é mais que justo. Uma plataforma única, seja uma distro
dominante ou uma padronização entre as distros, na área de drivers,
configurações, etc, para que possam oferecer os serviços de suporte
que acompanham os produtos atuais.
Está na mão das distros padronizar seus produtos, processos
e procedimentos. Interesse da Dell não falta.
Quanto à Microsoft influenciando as decisões da empresa, ele é enf'ático:
A Microsoft não falou conosco sobre Linux. Se falassem eu não daria atenção. Não é da conta deles.
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zizu
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