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Lukas.Bios
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Capital Humano: O maior desafio civilizatório da população Brasileira

#1 Por Lukas.Bios 07/09/2011 - 15:42
Todas as grandes e maiores dificuldades que a população Brasileira tem, gravitam em torno de se fazer escolhas intertemporais corajosas e acertar perdas momentâneas para apostar num futuro de longo prazo. Os países que hoje possuem uma estrutura educacional, social, política e econômica estáveis, fizeram escolhas intertemporais corajosas, aceitarem perdas substancialmente importantes, porem momentâneas, simplesmente para apostarem a um futuro muito melhor, a um vôo muito mais alto, em longo prazo.

O Capital Humano tem influenciado muito na evolução do PIB per capita. O PIB per capita, que é o PIB de produção média por individuo/trabalhador traduzido para paridade de compra da moeda, nos revela alguns dados interessantes. Se pegarmos os países com alto PIB per capita, países com médio PIB per capita e países com baixo PIB per capita, como por exemplo, Canadá, Brasil e Índia, veremos que a taxa de trabalho anual de um Canadense agrega um valor muito maior do que de um Brasileiro, assim como meteoricamente maior do que de um Indiano, a produtividade do trabalho humano em cada um desses países do exemplo são divergentes por dois motivos, investimento e alocação eficiente de recursos intangíveis e tangíveis.

Mas, o que trás essa enorme divergência de produtividade entre estes países, ou melhor, entre os trabalhadores destes países, é simples, investimento. Quando digo investimento me refiro a Capital Físico e Humano. O Capital Humano é todo investimento em Pesquisa, tecnologia e educação que um país faz em longo prazo. Como sabemos a educação Brasileira, pegando o país mediano de produção do nosso exemplo acima, não teve grandes melhorias em sua qualidade nestes últimos anos, digo isso a nível internacional, a nível nacional a educação evoluiu, saiu de um ponto A – estagnado e complacente, para um ponto B – evolutivo paulatino, mas ainda não evoluiu internacionalmente, o que seria muito mais necessário acompanhar.

Já o Capital Físico é o investimento que um país faz em relação a estruturas e infra-estruturas sócio-políticas e educacionais, é a diferença que faz entre o individuo trabalhar com alta-tecnologia ou com suas próprias mãos. A alocação destes recursos também é supra-essencial para ser analisado, um país que possui as duas estruturas estáveis – Capital Humano e Físico – porem, os recursos produtivos destas duas estruturas não estiverem direcionados as suas principais áreas de atuação ou elevação econômica, com toda certeza, todo o investimento será em vão.

Muitos países que possuem grandes recursos de Capital Físico e Humano estão abaixo da linha de produção média por habitante em relação a países que não possuem os mesmos grandes recursos de Capital Físico e Humano, a explicação é simples, não sabiam como alocar os recursos de produção de forma eficiente, isso é falta de incentivo, falta de instituições que possam garantir o máximo retorno da hora trabalhada.

Até o final do século XIX, a maioria dos economistas olhava para acumulação de capital dentro de um conceito quase exclusivo de Capital Físico como, infra-estrutura, maquinas, indústrias, estradas de ferro, estradas, edifícios, meios de transportes, ou seja, coisas tangíveis. Porem, na virada do século XIX para século XX, houve uma grande descoberta por alguns relevantes nomes da economia como Alfred Marshall. Eles descobriram que o Capital Físico era apenas uma das alocações de recursos produtivos de um país e que por fato aumentaria o PIB per capita, porem, descobriram que o Capital Humano, a alocação de recursos ou ativos intangíveis do individuo aumentaria, mais até que o Capital Físico, o PIB per capita de um país.

Capital Humano é simplesmente um investimento que se torna em capacitação orientadora, em criação de conhecimento e habilidades, e em meios de alavancar a produtividade de uma empresa e refletindo-se ao país, porem, que diferentemente do Capital Físico, não há como se vender o Capital Humano quando investido, talvez aqui repouse a origem de todos os males nas organizações, o medo de investir ou a falta de ação corajosa de se investir em Capital Humano, em capacitação e orientação para novas habilidades cognitivas, com o medo de se perder o Profissional para a empresa rival ou por novas propostas.

Entenda que Capital Humano não é simplesmente investimento em educação por parte das empresas em um funcionário, quando se fala em PIB per capita e calcula-se juntamente com Capital Físico também o Capital Humano, estamos falando de um investimento das três formas de Governo, Estadual, Municipal e Federal, das famílias e das empresas em pesquisa, educação, capacitação, pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias, infra-estrutura social e educacional, tudo aquilo que tem como dimensão Conhecimento, educação, capacitação e transferência de recursos no tempo.

No Brasil existe a questão do baixo investimento em Capital Humano. Até hoje os economistas em sua contabilidade das contas nacionais, até hoje usem o conceito do século XIX de investimento e formação bruta de capital – Maquinas, indústrias, estradas e infra-estrutura – quando se fala que o Brasil investiu ou esta investindo 18% em educação, esta se referindo a questões de Capital Físico e não Humano, que são as infra-estruturas, processos sociais, abrindo salas para mais alunos, por exemplo. Mas, não estamos tratando nestes números do investimento na qualidade da educação, seja em pesquisas seja em ensino.

Um exemplo claro disso é, se uma família investe na compra de uma casa ou apartamento, ou se uma empresa investe na fusão com uma nova companhia ou na compra de um prédio, é colocado como investimento nas contas nacionais, porem, se uma família investe na educação de seu filho a nível superior – graduação ou pós graduação – ou se uma empresa investe na capacitação profissional de seus funcionários, isso irá ser visto e colocado nas contas nacionais como consumo, como despesa, é ridículo isso, pois a alocação dos ativos intangíveis não são postos como acumulo e acrescimento do PIB per capita, mas sim como bens de consumo e despesa.
Mas, se acrescentássemos também a produção de Capital Humano ou investimento em Capital Humano nas dimensões mencionadas acima, muito provavelmente os números de investimento e crescimento do PIB per capita iria abaixar mais ainda, graças a baixa taxa de investimento na qualidade educacional que o país e a sociedade buscam e possuem.
O Brasil sempre andou bem atrás referente à educação se comparado os outros países, vide exemplo a universalização do ensino comemorado no final do século XX, os outros países já tinham feito isto no final do século XIX como os EUA, por exemplo. E não adianta puxar a sardinha dizendo que o Brasil teve grandes problemas e por isso demorou tanto e etc. Isso não cola, a realidade é clara e crua, a incompetência governamental do país fez com que ele simplesmente se estagnasse.

Mas, se quiser dados mais atuais e longe de toda e qualquer desculpa esfarrapada que se possa dar para justificar a ineficiência e estagnação do país na universalização do ensino, veja que o numero de estudantes que tem acesso hoje ao ensino superior no Brasil é similar ao numero de estudantes que tinham acesso ao nível superior nos EUA no final do século XIX, estamos também com um século de atraso em relação a isso.

Por fim. Um país, ou o nosso país, apenas vai conseguir se desenvolver a longo-prazo com investimento bruto, sem medo e em larga escala no Capital Humano, veja exemplo do Japão, melhor educação do mundo segundo a ONU/UNESCO, assim como outros países que são menores que o Brasil e que possuem varias divergências políticas, econômicas e sociais, estão a frente do Brasil, cito Israel, Grécia entre vários outros.

As empresas estão perdendo medo de investir em seus profissionais, a área de Inteligência Competitiva, e a própria ascensão de competitividade acessa, continua e ininterrupta do mercado, faz com que as organizações não parem de querer produzir novas idéias ou idéias recicláveis, pois sabem muito bem que se isso acontecer, é o fim de suas vidas dentro de um mercado com alto nível de competitividade e que esta prestes a te engolir se por algum motivo titubear.


Forte abraço


Lukas.
JAPICHIN
JAPICHIN Cyber Highlander Registrado
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#2 Por JAPICHIN
07/09/2011 - 19:05
boa reflexão, Lukas.
frequento unidades municipais e estaduais, onde a gente repara que os alunos não tem interesse em estudar, no telecentro ficam sempre em orkut e msn; o dia inteiro! caracas.
temos aulas para aprendizados de informática, mas quase ninguém quer fazer!.
os poucos que fazem desistem depois de uma semana, por não conseguirem acompanhar, pois não tem bases na formação, não sabem escrever e nem calcular, quanto mais então abrir um editor de texto ou planilha de cálculo tendo que ainda mexer no computador! Isso é inclusão digital?!! será...?

mas isso é um defeito antigo que vem tanto da parte popular como governamental, pois aqui se dá mais valor para jogador de futebol e times, carnaval, bumbum e pagode.
então essas amarras cada vez mais se manifesta nos adolescentes, estagnando o pensamento, o tempo passa e o cidadão não fez o que tinha de fazer em tempo. chega...o cara tá velho e desempregado por falta de formação...
daí... o governo ajuda com bolsas família, vale gás, bolsas de tudo quanto é tipo, criando daí uma dependência cada vez maior de subsídio.
então para que estudar? não é mesmo?!
abs.
Propague boas ações e cultive o senso crítico e de justiça
os 4 males: Álcool, Tabaco, Obesidade, Sedentarismo
boa.gif Feliz Ano Novo Chinês 2019 Ano do Porco!!!
comemorando.gif

巴西 日本国 中國 廣州 Ni Hao 北少林
SOPMod
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#3 Por SOPMod
08/09/2011 - 00:31
eu acho que um bom "exemplo" pro Brasil é a china. O país era pobre e atrasado há 60 anos atrás. Mas quero enfatizar a área educacional: a China era atrasada. Porém, com 50 anos de investimentos, eles deram uma arrancada fantástica. O mesmo aconteceu na Coréia do Sul.

Ou seja, o passado de um país não é um fator limitante considerável (no nosso caso). O problema é a falta de vontade política de investir no longo prazo.
Tchau, querida! policia.gif
Lukas.Bios
Lukas.Bios Ubbergeek Registrado
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#4 Por Lukas.Bios
08/09/2011 - 15:17
eu acho que um bom "exemplo" pro Brasil é a china. O país era pobre e atrasado há 60 anos atrás. Mas quero enfatizar a área educacional: a China era atrasada. Porém, com 50 anos de investimentos, eles deram uma arrancada fantástica. O mesmo aconteceu na Coréia do Sul.
Pois é, durante estes 50 anos a China deteve seus recursos e ativos para que no futuro pudesse dar vôos mais altos, e hoje o que vemos é simplesmente o resultado desse feito. O brasil pode fazer isso? Claro, desde que invista em Capital Humano e Fisico, o que não se tem visto durante estes ultimos 20 anos. E olha que o Brasil ja passou por bons momentos economicos e teve boa visibilidade de crescimento internacional/global no passado, isso é bem similar ao que acontece hoje economicamente no Brasil, porem, mudou muita coisa, pois naquela epoca a prioridade era apenas o Capital Fisico, hoje, como eu disse no artigo, existem duas prioridades, investimentos sim em infra-estruturas, estradas e construção civil, porem, muito mais em pesquisa, desenvolvimento, educação e tecnologia, e uma observação, a China somente cresceu porque visualizou esta projeção a anos atrás, investindo em Capital Humano e Fisico com equilibrio.

Forte abraço

Lukas
Não existe Homens melhores que outros Homens, apenas Homens mais preparados.
Roteiro Final / Principais areas de TI
csrocha
csrocha Ubbergeek Registrado
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#5 Por csrocha
08/09/2011 - 15:45
Considerando:

Lukas.Bios disse:
Todas as grandes e maiores dificuldades que a população Brasileira tem, gravitam em torno de se fazer escolhas intertemporais corajosas e acertar perdas momentâneas para apostar num futuro de longo prazo. Os países que hoje possuem uma estrutura educacional, social, política e econômica estáveis, fizeram escolhas intertemporais corajosas, aceitarem perdas substancialmente importantes, porem momentâneas, simplesmente para apostarem a um futuro muito melhor, a um vôo muito mais alto, em longo prazo.


mais:

japichin
...então essas amarras cada vez mais se manifesta nos adolescentes, estagnando o pensamento, o tempo passa e o cidadão não fez o que tinha de fazer em tempo. chega...o cara tá velho e desempregado por falta de formação...


Quero apenas dar meu testemunho do quanto isso é verdade. Por ter me casado muito cedo, em 1971, com 19 anos, deixei algumas oportunidades de ter um futuro melhor justamente por não ter tido coragem e desapego suficiente para deixar o pouco conforto que desfrutava por uma tentativa de fazer algo maior.

Fiz Jornalismo e Publicidade nos anos 70 ainda, aqui em Brasília e, por medo e um pouco de covardia, não ousei a seguir para São Paulo (cidade de origem) para tentar algo nessa área. Trabalhava como gráfico, e desfrutava de um porto seguro, porém acanhado. Tivesse partido nessa aventura, talvez hoje ocupasse o lugar de um Olivetto ou de um Alexandre Garcia (ou estivesse ao lado deles...) Mas minha alma foi pequena e fiquei para trás.

Hoje tenho uma aposentadoria irrisória, que me obriga a algum malabarismo para manter um nível de 20 anos atrás. Felizmente consegui passar a mensagem para meus 2 filhos, que seguem firmes em propósito bem melhor que o meu.

E não deixo de relatar (não gosto de aconselhar) a jovens com quem convivo essa experiência, procurando mostrar-lhes exatamente o que diz o artigo, a nível pessoal.
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