Tik Tok mostra cada vez mais que impõe seu ritmo ao Instagram

Tik Tok mostra cada vez mais que impõe seu ritmo ao Instagram

2020, primeiro ano da maior pandemia do século XXI, momento transformador em diversos aspectos, incluindo o comportamento online. Ano também do impulsionamento global de um app chinês, que hoje ocupa o primeiro lugar entre os mais baixados e que, na visão de diversos analistas, detém a posição de destaque como fonte primária da maioria dos usuários da internet que buscam sobre música, moda, saúde mental e até mesmo educação financeira.

Conhecida por seus milhares de vídeos de dancinhas, o Tik Tok vem “sambando” no Instagram, e “agredindo” diretamente as pretensões de Mark Zuckerberg e a Meta.

Muito além dos números, a maneira mais clara e evidente de constatar o ritmo que o Tik Tok vem impondo ao Instagram é observar as mudanças de curso da plataforma da Meta, que vão bem além de estar consoante com as tendências da web na totalidade, o Instagram está literalmente seguindo o que o Tik Tok faz, colocando totalmente em xeque a própria identidade dessa que ainda é uma rede social amplamente popular.

Ainda rememorando 2020, o Facebook, hoje denominado Meta, quando falamos da empresa controladora desse gigantesco conglomerado de mídia, percebeu que para brigar com o Tik Tok seria preciso recrutar um dos seus carros-chefe.

Foi neste ano que a empresa resolveu desistir do Lasso, aplicativo de vídeo curtos, lançado em 2018, para rivalizar diretamente com a plataforma chinesa. Todas as fichas seriam depositadas no Instagram. Era o pontapé inicial da“tiktonização do Instagram”.

Lasso, encerrado pelo Facebook em 2020

O próprio CEO do Tik Tok tirou uma onda do Facebook na época do encerramento do Lasso. Kevin Mayer declarou que a empresa de Mark Zuckerberg estava lançando outra cópia do Tik Tok, o Reels, após a falha do Lasso.

O sucesso nas redes, métricas que variam consideravelmente entre a avaliação de quem usa e daquele que gere este tipo de plataforma, não depende somente da inclusão de um recurso que a rede vizinha já conseguiu emplacar. Incluir o formato de vídeo curto no Instagram, o Reels, não fez o Instagram sobrepor o Tik Tok. Dados internos, da própria Meta, mostram claramente isto.

No ano passado vazou uma publicação interna da Meta que reúne 46 slides de um estudo que aborda diversos pontos sobre Reels x Tik Tok.

Em um dos trechos aparece o seguinte: Há diversos valores além do entretenimento que tornam o TikTok mais atraente do que o Reels, incluindo melhor relevância [sic] e experiência mais profunda de engajamento. A principal vantagem deles [TikTok] é um relacionamento mais próximo entre criadores e espectadores, e a capacidade de descobrir novos conteúdos relevantes”.

Tik Tok

Você também deve ler!

TikTok e Instagram estão se tornando concorrentes do Google Maps

A versão chinesa do TikTok limita que as crianças usem o app 40 minutos por dia

A pesquisa interna também revelou um dos maiores problemas que o Instagram enfrenta com a rede chinesa. A publicidade orgânica do Tik Tok na plataforma da Meta. Muitos usuários replicam seus vídeos no Tik Tok no Instagram. Independente do local que será publicado depois, o Tik Tok se transformou na ferramenta primária em muitos usuários criam seu conteúdo.O Reels não tem o mesmo nível de fidelidade com o público.

Aliás, assim como fez com o stories, a Meta provavelmente tinha a convicção que um formato parecido ao Tik Tok derrubaria seu concorrente, assim como fez com o Snapchat, mas dessa vez o tiro saiu pela culatra.

Além da concorrência da rede vizinha, o Instagram enfrenta hoje uma crise com parte dos seus influenciadores, que manifestam publicamente sua insatisfação com os rumos da plataforma, cada vez mais parecida com o concorrente. Discurso que está alinhado também com usuários fora dessa bolha da fama digital.

Manifestações contrárias que resultaram até mesmo num movimentado chamado “Make Instagram Instagram again”. Esse, assim como outros movimentos parecidos, são endossados com petições online. O objetivo, daqueles que estão protestando, é que a plataforma retorne ao formato que a consagrou.

 

 

São diversos pontos que andam incomodando usuários mundo afora, como a redução no engajamento das fotos publicadas e até mesmo o formato vertical em tela cheia.

As reclamações carregam um certo saudosismo e até mesmo rejeição na mudança do comportamento de postagem. A queda no engajamento de um formato na plataforma, para um influenciador que depende profissionalmente da rede, significa uma mudança direta no comportamento do trabalho, estratégias precisam ser repensadas. Não tem jeito, a dependência algorítmica é implacável, é preciso adaptação constante.

E com o Instagram, a escolha de não tentar igualar o Tik Tok não está em pauta. A plataforma precisa tentar de todas as maneiras seguir relevante, com base nas posições atuais da web. É impossível uma plataforma tão gigante como o Instagram remar com uma aplicabilidade de nicho.

O próprio Instagram deixou isso bem claro. Em reposta aos movimentos que clamam pelo “Instagram raiz”,  Adam Mosseri, chefe da plataforma, publicou um vídeo em sua conta no Twitter e afirmou “que o Instagram terá mais e mais vídeos com o passar do tempo. […] As pessoas tem compartilhado mais e mais vídeos, mesmo quando ainda não havíamos mudado nada. Então, nós precisamos nos adaptar a essa mudança e continuar a oferecer o suporte a fotos”, esclareceu.

 

Você goste ou não, fotos, assim como o excesso de publicações no feed, já são elementos que remontam ao passado do Instagram. A plataforma está cada vez mais indo ao encontro dos conteúdos dinâmicos e em vídeo. Isso não é uma escolha do Instagram, isto é uma imposição do efeito Tik Tok, tanto no comportamento dos usuários quanto no mercado de mídias sociais.

Sobre o Autor

Editor-chefe no Hardware.com.br, aficionado por tecnologias que realmente funcionam. Segue lá no Insta: @plazawilliam Elogios, críticas e sugestões de pauta: william@hardware.com.br
Leia mais
Redes Sociais:

Deixe seu comentário

X