Tentando preencher uma lacuna entre o mundo real e o mundo digital, a Sony, impulsionada pelo enorme popularidade daquele momento do Second Life, resolveu lançar em 2008 uma espécie de metaverso gamer, em uma época em que o próprio termo metaverso não estava em voga. O PlayStation Home era a aposta da gigante japonesa para injetar um novo olhar no público para o PlayStation 3 e também fortalecer a comunidade digital.
Anunciado em 2007 em San Francisco, durante a Game Developers Conference daquele ano, o conceito estava claro como um cristal no vídeo que apresentava o serviço.
Cruze a porta do mundo real e embarque em um ambiente digital, em que o seu avatar interage com seus pares, explorando um mundo que visava redefinir como um console poderia entreter. O PlayStation 3 sairia de um puro e simples reprodutor de jogos e outras mídias e se transformava numa plataforma de acesso a um hub conectado e social. A iniciativa tentava mapear este apelo social de comunidade virtual que a Microsoft conseguiu, de uma forma diferente, emplacar naquela época com a Xbox Live.
O termo metaverso foi cunhado pela primeira vez no romance Snow Crash, lançado em 1992, escrito por Neal Stephson. O termo designa uma realidade virtual em que as pessoas podem acessar e interagir em uma ampla variedade de ambientes virtuais.
A Sony tentava vender essa ideia com o PlayStation Home. Acesse o mundo virtual e explore a interação com outros avatares, desde um jogo de boliche virtual com seus “parças”, a boa partida de poker ou até mesmo uma espécie de excursão por ambientes de alguns jogos.
Era uma sacada e tanto para promover os games ou outras mídias por outro prisma. Assim como a Disney tem atrações temáticas baseadas em suas propriedades intelectuais, o PlayStation Home oferecia atrações atreladas aos games disponíveis no PS3.
Como foi relatado no comunicado de lançamento do beta do PlayStation Home, publicado no dia 10 de dezembro de 2008, a Sony se dizia empenhada em fornecer aos utilizadores da PS3 experiências de jogo emocionantes com o PlayStation Home, em conjunto com os parceiros, para que os usuários consigam expandir o novo mundo do entretenimento interativo.
Assim como foi feito no Second Life, e assim como muitas companhias que já estão implementando com o metaverso do momento, o PlayStation Home era uma mina de ouro a ser explorada pelo lado publicitário. Expor sua marca em um ambiente em que muitas pessoas passarão horas conectadas era, e continua, uma estratégia eficaz.
Os frequentadores da PlayStation Home se deparavam com elementos relacionados a Coca-Cola, Red Bull, Diesel, EA, Capcom, e muito mais. A montadora alemã de automóveis Audi chegou a oferecer um apartamento dentro da plataforma, o Audio Space.
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Os frequentadores da PlayStation Home se deparavam com elementos relacionados a Coca-Cola, EA, Capcom, e muito mais. A montadora alemã de automóveis Audi chegou a oferecer um apartamento grátis dentro da plataforma.
Apartamento? Sim. Os avatares não ficavam simplesmente vagando por aí sem um lar. O senso de realismo, e interseção com a vida mundana, que o PlayStation Home tentava emplacar também passava pela aquisição de propriedades.
Além da personalização do seu avatar, era possível modificar o seu “HomeSpace”, a sua casa naquele ambiente. E ainda era possível comprar novos itens, uma espécie de DLC para sua casa, em lojas virtuais atreladas ao serviço. Era posível customizar o papel de parede, adicionar mesas, cadeiras, estantes, sofá, quadros, televisão, entre outras coisas.
Naqueles momentos que o tédio de ficar em casa bater era só se levantar e ir curtir as possibilidades oferecidas pelo mundo virtual. A Home Square teria alguma atração para roubar sua atenção. Quem sabe até uma dança com algum avatar.
Outro caso bem interessante foi a parceria da Sony com a distribuidora de conteúdo Cranckle, que colocou à disposição dos avatares do PlayStation Home uma coleção de filmes, de Resident Evil a Final Fantasy. Episódios de alguns desenhos também estavam disponíveis. E o melhor: gratuito
O mundo sonystico, em teoria, era lindo, mas, na prática, nunca conseguiu atender os objetivos da Sony. Além dos custos reais para os jogadores, exigidos para que eles conseguissem expandir as possibilidades dentro daquele universo, muitos não gostavam do fato de downloads recorrentes a cada nova área disponibilizada, elevando a capacidade que a plataforma abocanhava do disco rígido do console.
Comparado ao Second Life, o PlayStation Home também era mais fechado, e controlado com mão de ferro pela Sony, impossibilitando a livre negociação entre os players. As comparações acabaram afetando os voos da gigante japonesa.
Em 2011, a Sony chegou a anunciar uma reformulação para a PlayStation Home, trazendo a noção do hub de conteúdo, com a integração de missões, eventos de comunidade, etc. Era a cartada final para tentar manter a plataforma adiante. Não deu certo.
Três anos depois foi confirmado que o PlayStation Home seria fechado permanentemente em 2015. Em postagem no blog, a companhia explicou que o “PlayStation Home serviu a comunidade do PS3 desde dezembro de 2008. Durante esse tempo, dezenas de milhões de usuários ao redor do mundo ajudaram essa plataforma social a se tornar uma comunidade próspera de jogadores criativos e apaixonados”.
Para blindar aqueles que contribuiram com o PlayStation Home, um evento final foi realizado com a distribuição de obejtos e acessórios para os avatares que ainda estavam no metaverso do PlayStation.
Em 2021 surgiu a informação quer a Sony atualizou o registro do PlayStation Home, entusiasmando muitos que acreditam que a companhia possa reviver o serviço em algum momento. Falando nisso, alguns já estão tentando fazer isso por seus próprios meios.
No ano passado a aquipe por trás do projeto Destination Home, que visa reviver o que foi o PlayStation Home, iniciou um beta fechado do serviço.
Aparentemente, muitas pessoas gostariam de retornar, ou acessar pela primeira vez, esse mundo virtual do PlayStation.
No video acima, que captura os instantes finais antes do PlayStration Home sair do ar, é possível observar comentários que capturam um pouco o que o PlayStation Home representou para alguns:
“Omg, eu sinto falta do PS Home! Me diverti muito e fiz tantos amigos”,
“Eu me lembro de jogar isso 11 anos atrás, em 2010, e conhecer tantas pessoas legais e falar sobre o mais novo Call Of Duty e apenas me divertir… é triste ver que ele ainda se foi e olhar as fotos sempre me traz lágrimas aos olhos”.
“Faz anos desde que eu joguei este jogo. Passei meus dias solitários no ensino médio jogando este jogo e foi fantástico”
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