O grande momento das TVs OLED e o macete de produção que tornou isso possível

O grande momento das TVs OLED e o macete de produção que tornou isso possível

No mesmo ano em que TVs com resolução 4K começaram a aparecer no mercado brasileiro, o noticiário nacional também começou a dar atenção para uma tecnologia promissora que tinha muito a oferecer por um preço que pouquíssimos podiam pagar. O ano era 2013. A tecnologia era o OLED. O preço para embarcar nessa alternativa às TVs de LCD não era nada convidativo: R$ 40 mil por uma TV da OLED LG de 55 polegadas. Ela era curva, mas não era compatível com resolução 4K, ainda era Full HD.

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LG EA9800, primeira TV OLED no mercado brasileiro

Passados 8 anos, uma TV OLED de 55 polegadas do mesmo fabricante, e, agora sim, compatível com a resolução 4K, no momento em que escrevo este artigo, pode ser encontrada no mercado brasileiro por R$ 5.300.

Além da redução quase inacreditável de preço, o OLED passou pelo mesmo caminho que boa parte das tecnologias desfrutaram e continuarão desfrutando: o salto de qualidade ao longo dos anos.

Certos “mantras” da tecnologia continuam sendo repetidos à exaustão mesmo quando a comparação acaba perdendo um pouco de relevância. No caso do OLED, o temor com o burn-in sempre seguirá em pauta, já que, devido a uma característica intrínseca ao painel, pode realmente acontecer. No entanto, a evolução do OLED, aliado a alguns “macetes” aplicados pelos fabricantes garantem uma redução drástica sobre esse problema.

Esses macetes em cima do burn-in acontecem não somente no universo das TVs. Devemos lembrar que o OLED também está presente num outro segmento de mercado de consumo muito importante, o de smartphones.

A Apple, por exemplo, é uma empresa que faz uso do OLED em seus aparelhos mais recentes e também cuida para atenuar o burn-in. Abaixo há um trecho retirado do site da companhia que explica sobre essa solução aplicada:

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Desenvolvemos as telas Super Retina e Super Retina XDR para oferecer o melhor da indústria em termos de redução dos efeitos de “gravação” OLED. Isso inclui algoritmos especiais que monitoram o uso de cada pixel para produzir dados sobre a calibração da tela. O iPhone usa esses dados para ajustar automaticamente os níveis de brilho de cada pixel, conforme necessário, para reduzir os efeitos visuais de “gravação” na tela e manter uma experiência de visualização consistente.

A consolidação da inteligência artificial no mercado de dispositivos, como o de TVs, trouxe como uma das vantagens justamente este ponto da configuração inteligente e ajustes rotineiros para reduzir os efeitos de uma tecnologia com desgaste implícito.

O crescimento exponencial de popularidade do OLED no mercado, principalmente em TVs, não passa por múltiplos fatores:

  • A evolução técnica, principalmente em relação a atenuação do burn-in e elevação do brilho (outra deficiência do OLED);
  • Aumento progressivo dos painéis LCD;
  • Queda significativa de preços para o cliente final;
  • Ampliação da variedade de tamanhos de tela.

A variedade de tamanhos é um dos elementos mais legais do momento atual das TVs OLED. Os modelos de 48 polegadas, por exemplo, já são uma realidade. Temos o exemplo da LG CX, Sony A9S e Philips OLED+935.

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Sony A9S

Aliás, a LG, líder no desenvolvimento da tecnologia, já sacou que o interesse por telas OLED abaixo de 55 é algo muito promissor. Na CES 2021, realizada em janeiro, a empresa confirmou que este ano lançará uma TV OLED de 42 polegadas.

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Reduções no tamanho do painel representam preços ainda mais competitivos e abrem margem para que mais pessoas interessadas possam finalmente comprar uma TV OLED. Até alguns anos atrás era impensável tentar fazer uma aposta deste tipo.

A evolução das unidades de fabricação aliadas aos macetes técnicos tornaram isso posssível. Neste artigo vou falar sobre um deles. É um detalhe que gera uma pergunta que provavelmente você já fez, mas que é difícl chegar na resposta sem conhecer este detalhe.

A pergunta é: por que há uma variação de preço tão grande entre, por exemplo, uma TV de 65 polegada e uma de 75? A principal resposta é: o corte do substrato de vidro e o desperdício. Relaxa aí que vou tornar mais fácil.

O substrato de vidro e as gerações de fabricação

O ponto-chave de uma TV é o painel. Este painel tem diversas variações, uma delas é o OLED. Temos outras variações, como o popular LCD. O ponto mais crítico para a fabricação deste painel é o substrato de vidro. É comum que a empresa que fabrica o painel não seja necessariamente a responsável por fornecer o substrato de vidro.

Por exemplo, a Samsung, com a primeira versão do smartphone dobrável Galaxy Z Fold, é a responsável pelo painel do aparelho, enquanto o substrato de vidro vem da marca Schott. Lembrando que o substrato de vidro não é uma regra quando falamos de OLED. Há também o P-OLED – o plástic-OLED, essencial para a construção de painéis que precisam de curvatura, como painéis de carro que fazem uso da tecnologia OLED.

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Painel OLED implantado no Cadillac Escalade 2021

Uma TV de 75 polegadas ainda tem um preço elevado, principalmente se olharmos para o Brasil, mas o preço vem caindo. Essa queda tem relação com o corte do substrato de vidro. Se o tamanho do painel que o fabricante deseja cortar está dentro da área de “corte econômica” haverá menos desperdício, o que também representa um menor custo. As fábricas que realizam esse corte do substrato de vidro lidam com o termo geração para definir o seu padrão tecnológico em relação ao substrato de vidro.

Por exemplo, a famosa Corning, conhecida por sua solução Gorilla Glass, está na Geração 10.5 (Gen 10.5), melhor geração do mercado. Numa fábrica Gen 10.5 o substrato de vidro é 2940 x 3370mm. Quanto mais alta a geração mais interessante (entenda como redução no custo) fica a produção de TVs maiores. Com a popularização de mais fábricas Gen 10.5, a tendência é que telas maiores fique mais baratas.

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Vamos comparar a relação da área do substrato entre duas gerações e o resultado final. Numa fábrica Geração 8.5 (Gen 8.5), com substrato de 2200mm x 250mm, é possível alcançar uma eficiência (relação aproveitamento de painéis cortados x desperdício de material) de 94% com telas de 55 polegadas. Nessa área de substrato temos 6 telas de 55 polegadas.

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Com uma unidade de fabricação de Geração 10 o mesmo percentual de eficiência é alcançado com uma tela maior, de 65 polegadas, com um detalhe: mais painéis, 8 unidades.

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Repare também como neste caso a eficiência recebe o efeito contrário na produção de um painel menor, de 55 polegadas, em substrato Gen 10.

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Com a Geração 10 também é possível alcançar a mesma eficiência produzindo um painel ainda maior, de 75 polegada, porém, produzindo menos unidades por corte, mas mantendo uma alta eficiência.

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Agora precisamos passar pelo segundo ponto em relação ao corte. O corte do substrato de vidro pode ser feito não apenas para buscar um tamanho uniforme para o painel. Exemplo: utilizar o substrato de vidro apenas para gerar painéis de 55 polegadas e o resto é desperdiçado. Acontece também o que é conhecido como MMG (multi-model glass). Neste modo, o fabricante pode alcançar uma maior relação de aproveitamento em cima de um folha de substrato de vidro que seja de uma geração mais baixa.

Este método misto exige mais em termos da complexidade da produção, mas acaba compensando pela variedade de painéis que podem ser produzidos. O MGM e o acaso tornaram a TV LG OLED de 48 polegadas uma realidade. Originalmente, a LG não tinha a intenção de colocar no mercado TVs OLED de 48 polegadas. No entanto, a necessidade de fazer mais com menos, possibilidade devido ao uso da tecnologia MMG, tornaram isso possível.

A LG está na geração 8.5. A produção de painéis de 77 polegadas geravam muito desperdício. A partir da implementação do MMG a companhia conseguiu tornar a área que seria desperdiçada no corte de painéis de 77 polegadas virassem a área que acomodaria dois painéis de 48 polegadas. Alcançando uma eficiência de 80%.

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A produção saiu Paju na Coreia do Sul e ganhou o mercado. O resultado é que telas OLED de 48 polegadas foram muito bem aceitas, até mesmo no segmento de monitores para o público gamer. Atualmente a LG abriu uma linha própria para a produção de painéis de 48 polegadas.

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OLED C1

Como vimos a partir do anúncio na CES 2021, a LG seguirá em tamanhos ainda menores para o OLED, alcançando 42 polegadas.

Diferentemente da CX, que ganhou uma versão de 48 polegadas mas que não desembarcou no Brasil, de acordo com informações recebidas pelo Tecnoblog, a LG lançará no Brasil a sua nova opção OLED de 48 polegadas, a OLED C1. O lanamento provavelmente acontecerá no segundo semestre.

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Editor-chefe no Hardware.com.br, aficionado por tecnologias que realmente funcionam. Segue lá no Insta: @plazawilliam Elogios, críticas e sugestões de pauta: william@hardware.com.br
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