O que esperar dos netbooks para os próximos anos?

O que esperar dos netbooks para os próximos anos?

Até o lançamento do iPad, os netbooks eram a febre do momento. Simples, práticos, leves e baratos, se tornaram extremamente úteis para os usuários que necessitam ter à disponibilidade, sistemas móveis os quais pudessem carregá-los consigo. No entanto, a baixa capacidade de processamento e os poucos atrativos em suas especificações, acabaram abrindo o espaço para outras novidades emergentes, como os tablets e os MIDs. Portanto, os netbooks precisam recuperar o seu espaço! Mas para isto acontecer, eles precisarão de muitas inovações…

Dell Inspiron Duo: este é um netbook ou um tablet? Você decide!

Ao analisarmos os dispositivos comercializados atualmente vemos uma série de limitações. De tão óbvias, certamente não teremos muito trabalho para adivinhar as novas promessas para um futuro não muito distante: CPUs e IGPs mais poderosos (e ao mesmo tempo econômicos), sistemas operacionais otimizados e ofertas de conectividade ilimitada, encabeçam a lista das expectativas a serem atendidas pelos os novos modelos de netbooks.

Intel Atom: boa autonomia, mas baixo desempenho.

O Intel Atom, embora seja uma CPU bem concebida para atender os requisitos técnicos dos netbooks, ainda não agradou plenamente aos seus usuários. Devido à necessidade de preservar ao máximo a autonomia dos dispositivos, esta CPU não oferece a performance desejada por esta classe de usuários; para variar, o IGP também carece de recursos básicos, como a decodificação de vídeo em alta definição (720p e 1080p) e a (óbvia) boa performance em 3D. Por estes motivos, não só a própria Intel vêm aprimorando o desenvolvimento das suas novas arquiteturas, como também a concorrência buscam trazer alternativas interessantes, com ênfase exclusiva sobre um determinado objetivo: o maior desempenho em cálculo e processamento, no geral.

À esquerda, uma CPU Intel Atom dual-core (330); à direita, uma CPU Intel Atom Pinetrail dual-core (D510), com o IGP integrado ao mesmo encapsulamento.

Há tempos, a Intel já vem trabalhando no desenvolvimento de plataformas móveis que, ao mesmo tempo oferecem uma performance decente, também agradam por disporem de excelente autonomia. Seus projetos iniciaram-se com o Intel Atom, mas vai bem além disso: a integração de dispositivos e recursos, bem como a assimilação de um sistema operacional dedicado, com um ecossistema de aplicações interessantes, também fazem parte desta iniciativa. A integração do IGP ao mesmo encapsulamento da CPU será o primeiro passo destas iniciativas, assim como foi o surgimento das primeiras CPUs dual-core. Eis, as expectativas para o futuro, as quais se concentrarão na APU: esta, combinará “os poderes” do IGP e da CPU em um único die monolítico, compartilhando recursos de modo a maximizar ao máximo o desempenho, ao mesmo tempo que trazem uma relação única de custo-benefício. Em poucas palavras: um bom desempenho geral em cálculo e processamento a um custo atraente.

Projeto da micro-arquitetura Sandy Bridge.

Atualmente, embora o Intel Pine Trail traga apenas o IGP ao lado da CPU no mesmo encapsulamento, ainda assim não é a integração desejada: ambos os elementos deverão estar intimamente ligados como se fossem uma peça única (vide o conceito APU). Porém, já temos a micro-arquitetura Sandy Bridge. Embora seja voltada para o uso em PCs desktops e portáteis, os netbooks e nettops certamente serão contemplados com o know-how tecnológico obtido com o processo de desenvolvimento desta arquitetura. Inclusive, será bem provável que versões ULV (Ultra Low Voltage) de CPUs desta arquitetura possam equipar os nettops, além de outros notebooks ultra-compactos que se assemelham bastante aos netbooks (mas que não são netbooks “de fato”).

Projeto da micro-arquitetura Bobcat.

Já a AMD, está prestes a disponibilizar para o mercado projetos bem mais promissores, como as suas APUs Ontario e Bobcat. Estas trarão integradas o IGP Radeon, o qual não só irá desempenhar as funções de aceleração gráfica 3D, mas também serão responsáveis pela decodificação de vídeo em alta definição e reprodução de animações Flash, atividades as quais geralmente requerem uma boa dose de processamento de cálculo. E com uma interessante vantagem: ao lado da nVidia, os GPUs e IGPs da AMD são os mais poderosos do mercado, além de disporem de mais outras tecnologias. Enquanto que a nVidia desenvolve e patrocina tecnologias voltadas para a aceleração física (PhysX) e cálculos de propósitos gerais (CUDA), a AMD também oferece os mesmos recursos (Havok e OpenCL), mas destacando-se por serem iniciativas abertas (e Open-Source) e não proprietárias.

Skylight, o smartbook da Lenovo.

O mais interessante é saber que o sucesso dos tablets também se deu graças à força de uma arquitetura de processadores, que inicialmente foi concebida para combater a arquitetura x86 (representada pelo Intel Atom), que por sua vez tem como meta conquistar o mercado dos portáteis. A ARM Holdings, uma empresa especializada em desenvolver CPUs de baixíssimo consumo, lançou a série ARM Cortex-A8 e A9 (monocore e dual-core, respectivamente), destinada à oferecer um desempenho tão bom ou melhor que o Intel Atom, ao mesmo tempo que oferece uma autonomia digna de um portátil. Enquanto que a Intel só agora começou a oferecer CPUs dual-core para os netbooks (antes, eram relegados aos nettops devido ao alto consumo), a ARM já dispõe de CPUs dual-core com excelentes IGPs (plataforma nVidia Tegra), além dos projetos de CPUs quad-core (Cortex-A15) já estarem próximos de serem lançados.

Os sistemas operacionais também serão profundamente reformulados. Há tempos, a própria Microsoft reconheceu que existe uma grande necessidade em tornar o Windows apto a ser rodado em netbooks. O projeto se iniciou com o Windows 7 Starter Edition, designado exclusivamente para os netbooks, onde o sistema baseado no core do Windows 7 recebeu apenas algumas optimizações, para oferecer uma melhor performance e experiência de uso para o usuário final. No presente momento, ainda não temos informações sobre as características da próxima versão do Windows (muitos acreditam que deverá se chamar “8” ou “Next”); porém, por terem deixado escapar que o sistema trará uma loja virtual – semelhante a loja de muitos outros sistemas de dispositivos móveis – já podemos ter uma ideia das tendências para os próximos anos.

Site oficial do Meego (Intel/Nokia).

Enquanto isso, outros fabricantes buscam criar novas opções de sistemas operacionais no mercado, numa época em que a ordem geral será a integração dos dispositivos móveis – netbooks, tablets, MIDs e smartphones – em um novo ecossistema continuamente conectado à Internet. O GNU/Linux, representado pelo simpático Tux continuará sendo o coração de muitos destes sistemas, ao passo que muitos aplicativos (ou serviços, como preferirem), serão oferecidos diretamente pela Internet ao invés de estarem disponíveis no sistema operacional em uso (conceito genericamente conhecido como “Computação em Nuvens”). Aos poucos, os novos sistemas abandonarão o conceito de computação pessoal tradicional, representado pelo sistema operacional clássico e a sua interface representando o ambiente de trabalho! Acaso, já repararam que a interface destes sistemas estão cada vez mais “iconizadas”? 🙂

Google Chrome OS, prestes a ser liberado!

Então, o que esperar dos netbooks para os próximos anos?

Sei que pode parecer um pouco arriscado fazer previsões futuristas sobre o futuro da computação pessoal; mas assim mesmo, lá vai: não serão os netbooks que perderão o seu espaço para os gadgets como tablets, MIDs e smartphones, e sim os tradicionais notebooks de baixo e médio custo. Ironicamente, estes últimos cederão terreno para os netbooks! Explico…

Assim que as plataformas móveis adquirem uma razoável capacidade de processamento, além de serem acrescentados outros recursos importantes, os netbooks estarão mais aptos a executarem tarefas que antes eram possíveis apenas com os notebooks, deixando os tablets & cia para as atividades casuais de consumo. A grande maioria dos usuários utilizam serviços básicos de edição de documentos, navegação na Internet e reprodução multimídia; portanto, podem ser bem atendidos por bons netbooks de 10″, desde que estes sejam equipados por plataformas mais poderosas. E se as dimensões minimalistas das telas LCDs forem um empecilho para outras atividades, os netbooks de 12″ certamente preencherão esta lacuna, trazendo tanto os benefícios dos netbooks quanto os de subnotebooks: tamanho compacto, baixo custo, portabilidade e autonomia!

E assim que os tablets, MIDs e smartphones dominarem a atividades casuais e de consumo, será a vez do extermínio dos e-readers. Mas para isso, eles precisarão de algumas inovações… &;-D

Consulte também: “À espera do Pine Trail“.

Por Ednei Pacheco <ednei.pacheco [at] gmail.com>

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