O futuro do Moblin

O futuro do Moblin

The future of Moblin
Autor original: Caitlyn Martin
Publicado originalmente no:
distrowatch.com
Tradução: Roberto Bechtlufft

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Em fevereiro, Chris Smart deu uma olhada no primeiro alfa do Moblin V2 e achou que se tratava de uma distribuição promissora para netbooks. Nos três meses que se seguiram desde que Chris escreveu seu artigo sobre o Moblin muita coisa mudou, tanto no código quanto no que se refere a quem vai dirigir o futuro do Moblin. É hora de dar uma olhada na enxurrada de notícias sobre o assunto nos últimos três meses e ver o que podemos esperar dessa distribuição específica para netbooks nas próximas semanas e meses.

Uma breve história do Moblin

A Intel lançou o Moblin em julho de 2007, apenas um mês depois da ASUS anunciar o Eee PC. A versão 1.0, baseada no Ubuntu , foi lançada em abril de 2008 para coincidir com a primeira versão do processador Atom da Intel. A versão original, voltada para MIDS (Dispositivos móveis para internet) e que provavelmente foi bem-sucedida, na verdade não funcionava em netbooks – mesmo naqueles com CPUs Atom da Intel. A princípio, a Intel esperava que dispositivos baseados no Moblin atingissem o mercado até o verão de 2008, mas isso não aconteceu.

Em julho de 2008, já com um ano de desenvolvimento do Moblin, a Intel anunciou uma grande reformulação na distribuição. O kernel do Ubuntu foi substituído pelo do Fedora, o sistema de gerenciamento de pacotes RPM foi adotado, foi desenvolvida uma nova interface gráfica e foi marcado para inclusão na próxima versão um novo conjunto de aplicativos móveis para o GNOME. Para a versão 2 a Intel começou tudo do zero, mas agora voltou-se para os netbooks, nettops e dispositivos embarcados.

Em agosto do ano passado, a Intel adquiriu a OpenedHand, uma empresa especializada em Linux embarcado. A OpenedHand desenvolveu o Clutter, um framework para desenvolvimento simplificado de interfaces gráficas. O Clutter foi concebido para oferecer gráficos melhores e movimentos fluidos; ele agora é parte do Moblin. Em outubro de 2008, a Novell começou a contribuir com o projeto Moblin.

Acontecimentos recentes

O primeiro alfa do Moblin 2 foi lançado em janeiro, e essa foi a versão que recebeu a análise bastante positiva de Chris Smart. Um segundo alfa foi lançado em março, oferecendo uma inicialização mais rápida. A Phoronix fez medições com o segundo alfa e cronometrou um tempo de inicialização de 16 segundos em um netbook Samsung NC10 com armazenamento SSD. Da perspectiva do usuário, a inicialização parece ainda mais rápida, já que o X foi carregado em apenas três segundos e o Xfce 4.6 estava pronto para o uso em sete. O segundo alfa também acrescentou suporte a netbooks MSI Wind, uma versão atualizada do Clutter, o GNOME 2.26 RC e o kernel 2.6.29rc7. O segundo alfa ainda é a versão disponível para download atualmente no site do Moblin.

No início do mês passado, a Intel cedeu o controle do Moblin à Linux Foundation, embora continue fortemente envolvida no desenvolvimento da distro. Imad Sousou, diretor do Centro de Tecnologia de Código Aberto da Intel, declarou que “as grandes corporações não são boas pastoras de projetos de código aberto”. Uma semana depois, Sasou anunciou que versões futuras do Moblin iniciariam em apenas dois segundos. O processo ultrarrápido de inicialização é uma necessidade para os fabricantes de carros que querem incluir computadores embarcados em seus veículos, e a Intel mira nesse mercado com o Moblin. Sasou também declarou que a paralelização, ou a inicialização de múltiplos componentes ao mesmo tempo, utilizada por outras distribuições para alcançar tempos menores de inicialização, não é boa o bastante para o Moblin: “Uma bagagem inútil paralelizada continua sendo uma bagagem inútil.”

Na semana passada o Moblin voltou às manchetes, quando a Novell anunciou um importante compromisso com a distribuição, incluindo uma versão do SUSE Linux baseada no Moblin. O SUSE Linux Enterprise Desktop (SLED) já está disponível em alguns netbooks da HP, da Lenovo e da MSI, mas vem sofrendo com graves problemas de configuração em alguns modelos de netbook. Segundo um relato do DesktopLinux.com publicado na quinta-feira, o novo SUSE “parece mais uma versão ‘SUSEficada’ do Moblin do que uma versão ‘Moblinzada’ do SUSE”.

Guy Lunardi, diretor de clientes de pré-instalação da Novell, declarou: “Há boas possibilidades da Novell entrar no mercado com OEMs em pré-instalações em netbooks poucas semanas após o lançamento da versão final do Moblin 2.0.” Ele acrescentou que a nova versão do SUSE Moblin pode “atrair usuários insatisfeitos com o Windows e que achem o sistema da Microsoft demasiadamente lento.”

O futuro do Moblin?

Uma terceira versão alfa do Moblin 2 deve ser lançada a qualquer momento, de acordo com o que foi publicado quinta-feira no The Register. Um roteiro do projeto, incluindo datas de lançamento das versões beta, deve surgir logo depois. O roteiro deve fornecer os primeiros indícios sobre quaisquer alterações na direção que o Moblin seguirá agora que a Linux Foundation está no comando. A questão é saber se o Moblin será expandido para suportar algo além dos processadores e chipsets gráficos da Intel. O Register acha que se o Moblin quiser sobreviver essa mudança será “inevitável”, e que ele terá que suportar processadores ARM, PowerPC e possivelmente até MIPS. A VIA Technologies, concorrente da Intel no mercado de x86, também continua desenvolvendo ativamente chipsets para netbooks e nettops.

Nos netbooks, o Moblin enfrenta a forte concorrência do Ubuntu Netbook Remix, do Xandros Presto e do Linpus Lite. O Google também conquistou muitas atenção com sua distribuição Linux embarcada Android, usada atualmente em smartphones. O primeiro netbook com CPU ARM a rodar o Android foi anunciado no fim do mês passado. Grandes fabricantes de netbooks como Acer, ASUS e HP já estão testando o Android em netbooks, e dizem que a Dell já está se preparando para realizar seus próprios testes.

Com tantas mudanças em um período de tempo relativamente curto e sem um histórico de sucesso de marketing, alguns predizem um futuro negro para o Moblin. Outros veem grande potencial nele, especialmente com a parceria da Novell. A atual versão alfa suporta processadores Intel Core Duo e Atom, portanto deve ser possível experimentar o Moblin em alguns desktops. Além disso, o Moblin oferece imagens para o KVM e o VMware, possibilitando o uso da distro em um nettop virtual. Depois de experimentar o segundo alfa do Moblin 2, a única coisa da qual eu posso ter certeza é de que trata-se de uma distribuição interessante com um código único e atraente.

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Os primeiros alfas do Moblin usam um desktop Xfce padrão, mas ele será substituído por uma interface personalizada na versão final

Créditos a Caitlyn Martin http://distrowatch.com
Tradução por
Roberto Bechtlufft <robertobech at gmail.com>

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