Uma espiada no Mandrake 9.0 beta

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Uma espiada no Mandrake 9.0 beta

Ontem foi disponibilizado o primeiro beta da próxima versão Linux Mandrake, três CDs que demorei quase um dia para baixar via ADSL. É justamente por isso que só estou escrevendo esta matéria hoje 🙂

Depois de gravar os CDs, fui para a frente do Beta-2 (aquele Celeron 366@550 que apresentei no artigo sobre a minha rede doméstica). Apesar de terem alterado o modo de geração dos ISOs, o boot via CD-ROM funcionou normalmente, abrindo o menu de seleção da mídia de instalação (CD-ROM, HD, rede, etc.), semelhante ao da instalação via disquete de boot do 8.2. Mas, depois de escolher a instalação via CD-ROM o instalador gráfico abriu normalmente.

O instalador é idêntico ao do 8.2, com essencialmente as mesmas opções. Logo no início ele pergunta a linguagem desejada; basta escolher Português > Brasil para que o restante da instalação já seja feito na nossa língua.

Os passos básicos são deixar o instalador detectar sua controladora SCSI (caso tenha alguma) indicar o modelo do mouse (que já funciona usando o driver genérico desde o início da instalação) e escolher o layout do teclado, caso você não esteja usando um modelo ABNT-2.

O particionamento do HD é bem simples, feito através de um utilitário gráfico. Se você tiver uma partição Windows no HD, ele se oferecerá para redimensioná-la e instalar o Mandrake em dual boot. Caso contrário, existe a opção “Auto Alocar”, que formata o HD e cria as partições necessárias ou a opção de particionar o HD manualmente.

No meu caso, criei uma única partição de 3.5 GB, formatada em ReiserFS, meu sistema de arquivos preferido entre os com suporte a journaling. Mas, se você não gostar dele, pode criar partições usando praticamente qualquer sistema de arquivos conhecido. A lista inclui até alguns de que você provavelmente nunca ouviu falar: Amoeba, DCE376, QNX, THEOS, Venix, entre outros tipos estranhos 🙂

Depois disso, o próximo passo é a seleção dos pacotes. Sem muito mistério aqui, já que está tudo organizado em categorias: Estação de Trabalho, Multimídia, Jogos, Desenvolvimento, Servidor Web/FTP, etc.

Apesar de serem os mesmos 3 CDs do 8.2, a quantidade de softwares disponíveis aumentou, pois passaram a utilizar CDs de 700 MB. Neste beta o CD 3 ainda está com quase 300 MB livres, mas com certeza teremos mais de 2 GB de programas na versão final, por isso, se você quer manter seu sistema leve, seja parcimonioso na hora de escolher o que instalar. Uma instalação típica consome cerca de 2 GB, enquanto uma completa pode facilmente superar os 3 GB.

É realmente bastante espaço, mas temos que levar em conta que além do sistema operacional em sí, estamos instalando um grande número de outros programas: navegadores, suítes de escritório, imagens, vídeo, programação, jogos, etc. daí que vem toda esta gordura.

Existem distribuições menores, como por exemplo o Peanut Linux e o Gentoo, que podem ser instalados em menos de 300 MB. Eu por exemplo estou desenvolvendo uma mini-distribuição usando os pacotes do www.linuxfromscratch.org para usar nos meus 486, que não deve ficar com mais de 150 MB (o “Pulga Linux”, enquanto não arrumo nome melhor :-). A diferença é que nestes casos o número de aplicativos instalados é bem menor. É possível criar um sistema básico em menos de 50 MB, mas em compensação só o KDE 3 sozinho ocupa quase 250 MB 🙂

Esta máquina não tem nada de muito especial, então todo o hardware foi detectado durante a instalação: gravador LG, placa de rede Realtek, Vídeo Riva TnT2, SB AWE 32 e um modem Cirrus (hardmodem) de 33.6. Mas, infelizmente ainda não foi dessa vez que incluíram drivers para softmodems…

Esta versão já inclui tanto o KDE 3.02 quanto o Gnome 2. Ambos evoluíram muito em relação às versões 2.22 e 1.4 incluídas no Mandrake 8.2. O KDE está mais rápido e com um visual bastante melhorado, com a ajuda dos novos temas e ícones e o Konqueror finalmente consegue abrir quase todas as páginas sem problemas, perdendo apenas para o IE.

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A principal mudança do Gnome foi a mudança da biblioteca de desenvolvimento, mudanças mesmo devem vir nas próximas versões. Mesmo assim temos alguns recursos novos, como o suporte a fontes com anti-alising, melhorias visuais e uma reformulada geral no gnome panel.

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Voltando à instalação, depois de instalar os pacotes (quase uma hora), faltou definir a senha de root, criar os logins de usuário e configurar a rede, junto com a conexão via modem. Nada de diferente aqui, basta fornecer o endereço IP e outros dados necessários. Nesta etapa é possível configurar também conexões de banda larga, basta escolher a opção “ADSL connection” ou “Acesso via cabo”. Já está disponível inclusive a opção de login via PPPoE, usado pelas instalações recentes do Speedy.

Antes do final da instalação você pode ainda personalizar a configuração do lilo, resolução do vídeo e baixar atualizações dos softwares do pacote via web, caso já tenha configurado a sua conexão.

Depois de reiniciar, a primeira surpresa é a grande melhoria no visual do aurora, o inicializador gráfico que que substitui as tradicionais mensagens de texto e também na tela de login. Também melhoraram os ícones do sistema e incluíram mais alguns temas no KDE e Gnome. Até a versão final o número de temas e ícones deve aumentar, segundo o prometido. De qualquer forma, isto não faz tanta diferença, já que podemos baixar um monte de temas diferentes no www.themes.org. Aliás, você pode baixar também o próprio KDE 3.02 ou Gnome, é só ter paciência para baixar os mais de 100 MB de cada um 🙂

Fora as melhorias estéticas, tivemos uma atualização geral nos pacotes do sistema, o que significa mudanças e novas funções espalhadas pelo sistema e, claro, vários bugs corrigidos 🙂 Só para citar um exemplo, o pacote já inclui a versão 3.0-pr1 do Quanta Plus (o editor HTML que estou atualmente usando para atualizar o site) que ainda não está disponível nem no site oficial.

Também tivemos algumas melhorias nos utilitários de sistema. O DrakXTV, que não servia para muita coisa no 8.2 agora é capaz de detectar um número muito maior de placas com saída para TV, vários problemas no Mandrake Control Center foram corrigidos e, claro, o sistema passou a suportar um número de dispositivos muito maior, graças às atualizações do Kernel e dos utilitários.

Embora ainda possam ser incluídos novos recursos até a versão final, as mudanças foram apenas incrementais, assim como foi do 8.1 para o 8.2. Como estamos falando de um beta, sempre existe a perspectiva de encontrar problemas, mas até agora não encontrei nenhuma falha grave, pelo contrário, encontrei mais problemas resolvidos do que novas dores de cabeça.

Entre os bugs deste primeiro beta já reportados na lista de desenvolvimento está o automount do CD-ROM, que não funciona com o root, o suporte a Java, que não funciona e problemas com a suporte a 3D do vídeo onboard das placas baseadas no chipset i810. Entre os que eu notei está o assistente de boas vindas do KDE 3 que não salva as configurações e o Mandrake Control Center que só abre quando quer :-/

Se você não vê problema em ser cobaia, os ISOs do MDK 9.0 Beta-1 podem ser baixados no:
http://www.mandrakelinux.com/en/ftp.php3#90beta

Você pode também comprar os CDs já gravados aqui conosco, no:
https://www.hardware.com.br/press/

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