Breve análise do LinuxConsole 1.0.2009

Breve análise do LinuxConsole 1.0.2009

A look at LinuxConsole 1.0.2009
Autor original: Jesse Smith
Publicado originalmente no:
distrowatch.com
Tradução: Roberto Bechtlufft

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A distribuição LinuxConsole é um desses projetos pequenos que lançam versões novas discretamente, com melhorias graduais, e que quase nunca chamam a atenção de alguém. O projeto, liderado por Yann Le Doare, lançou recentemente a versão 1.0.2009 dessa distribuição, e fui conferir o que ela tinha a oferecer. A versão atual está disponível em três edições: a edição multimídia, que é um pequeno live CD feito para navegar na internet, ouvir música e assistir a vídeos; a edição completa em CD, com o desktop GNOME; e a edição em DVD, que inclui todos os pacotes do CD e mais alguns extras. Também há uma ferramenta chamada Jukebox, com a qual o usuário pode criar sua própria imagem de instalação personalizada. Ela se assemelha ao criador de ISOs do Slax, e é bastante flexível. Para os meus testes, baixei a edição multimídia.

Primeiras impressões

Durante o download, dei uma olhada rápida no site do projeto. Ele tem um layout ordenado e simples que me atrai. É fácil navegar pelo site, que oferece documentação básica, fóruns para suporte, uma seção de notícias e, obviamente, uma página de downloads. Uma coisa que salta aos olhos imediatamente é que o site do LinuxConsole mistura inglês e francês. O formulário de login pergunta, “Forgot your password?”, e na mesma página há um aviso de que a edição multimídia é “Pour les ordinateurs anciens, ou les système avec peu d’espace disque”. O meu francês até quebra um galho, mas meus talentos no idioma não se estendem a termos técnicos, e por isso achei melhor não tentar a sorte com o recurso Jukebox de construção de imagens personalizadas. Só gostaria de acrescentar que enquanto eu ia usando o LinuxConsole ao longo da semana, mais e mais textos do site eram passados para o inglês, e parece que a tradução está andando.

Para testar essa distribuição, botei o CD da edição multimídia para rodar no meu desktop com CPU de 2,5 GHz, 2 GB de RAM e placa de vídeo NVIDIA. Também testei a distribuição no meu laptop LG, com CPU de 1,5 GHz, 2 GB de RAM e placa de vídeo ATI. Para ver como a distro se sairia com hardware mais modesto, usei também uma máquina virtual. Depois que baixei e gravei a imagem do LinuxConsole em um CD as coisas correram sem complicações. O CD oferece a opção de selecionar seu idioma favorito, e o desktop live abre em poucos segundos. Ele tem visual agradável, e traz alguns ícones para navegar pelas pastas e abrir o Firefox (versão 3.5). O tema das janelas imita o estilo do Mac OS X, mas você pode mudar, escolhendo entre quinze estilos diferentes.

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LinuxConsole 1.0.2009 – o desktop padrão, com o gerenciador de janelas IceWM

Configuração do sistema e do hardware

O menu de aplicativos oferece um pequeno mas bem diversificado leque de software, incluindo o XMMS para a reprodução de áudio, o MPlayer para vídeos, um visualizador de PDFs, uma janela de terminal virtual, ferramentas para gravar CDs, uma calculadora e alguns jogos. Também há um navegador de arquivos e uma central de configurações. Uma rápida passada pelo menu de aplicativos mostrou que tudo estava funcionando e que o sistema respondia bem, mesmo em um ambiente virtual com 256 MB de RAM. A central de configurações combina bem o poder e a simplicidade. A partir dela, é possível adicionar contas de usuário, definir senhas, alterar configurações do desktop e a resolução da tela, adicionar e remover módulos de software, gerenciar configurações do Samba e alterar a configuração da rede. Os controles parecem simples, mas tudo funciona bem, resultando em um sistema flexível.

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LinuxConsole 1.0.2009 – a central de configurações

O CD do LinuxConsole permite instalar o sistema operacional no disco rígido local. O menu de inicialização do live CD traz uma opção de instalação, bem como várias opções de idiomas. O instalador é um dos mais simples que já vi, e é todo feito com menus usando ncurses. Com ele, o usuário pode selecionar um idioma favorito e o tamanho da partição de swap (de 0 a 512 MB), para então começar a trabalhar. O tempo total de instalação foi de mais ou menos cinco minutos nas minhas duas máquinas. Achei interessante o instalador não remover ou editar partições existentes: ele só usa o espaço disponível no disco. Se não houver espaço disponível no disco, o instalador pede ao usuário que execute o fdisk e entra com o desktop do live CD.

Nos meus testes, o LinuxConsole lidou muito bem com o meu hardware. O teclado, o mouse USB e a placa de som foram detectados e configurados corretamente. Minha única reclamação é o som vir no “mudo” na primeira inicialização, mas para aumentar o volume é só ir até o mixer de som do menu de aplicativos. Os arquivos multimídia, incluindo CDs de áudio, foram reproduzidos sem problemas. As placas de vídeo do meu desktop e do meu laptop foram detectadas, mas fiquei restrito a configurações de baixa e média resolução. Essa é uma limitação do driver de vídeo padrão. Drivers mais avançados da NVIDIA e da ATI estão disponíveis no repositório de pacotes da distribuição, e estão inclusos na edição em DVD. Minha conexão de rede foi detectada e habilitada automaticamente no meu desktop, mas a placa de rede sem fio do meu laptop não funcionou. Depois eu achei o gerenciador de rede wicd nos repositórios, então nem tudo está perdido para os usuários que precisam de conexão sem fio.

Segurança

Por padrão, o LinuxConsole faz login como root, sem pedir senha. Isso acontece tanto no live CD quanto na instalação local. A conta de root faz login automaticamente, mesmo que outras contas de usuário tenham sido criadas no sistema, até que uma senha de root seja criada. Depois que a senha de root é criada, a inicialização do LinuxConsole passa a levar a uma tela de login comum. Há mais alguns pontos estranhos na distribuição, a maioria deles relacionada às contas de usuário, o que me faz pensar que o LinuxConsole foi criado mais para ser usado como live CD do que como sistema instalado no disco rígido. As senhas, por exemplo, não estão protegidas em um arquivo shadow, como acontece com a maioria das distros; em vez disso, os hashes de senhas são mantidos diretamente no arquivo /etc/passwd. Os usuários comuns podem navegar por todas as pastas do sistema, incluindo a pasta do usuário root. Os usuários não podem excluir nem editar a maioria dos arquivos, mas podem ver tudo. Outra coisa que eu notei é que quando o sistema roda sem senha de root, o computador é desligado quando você faz logoff. Depois que a senha de root é criada, o logoff leva o usuário de volta à tela de login, e não parece haver nenhuma maneira de desligar o sistema a partir dela, obrigando você a se logar como root e entrar com o comando shutdown.

Mas sejamos justos: quando perguntei no fórum do LinuxConsole sobre a forma como as senhas são armazenadas, Yann Le Doare me forneceu prontamente um script que transfere todos os hashes de senhas de contas para um arquivo shadow comum. O arquivo em questão não pode ser lido por contas de usuários comuns. Os mais paranoicos vão gostar do recurso da central de configurações que permite montar o sistema de arquivos em modo apenas para leitura. Na minha opinião, embora superficialmente a distro não pareça estar muito preocupada com a segurança, torná-la segura é uma tarefa trivial. Seguindo essa linha de raciocínio, fiquei feliz em ver que não há serviços voltados para a internet rodando por padrão. O LinuxConsole vem com um servidor OpenSSH desabilitado, e que ao ser habilitado permite o acesso remoto.

Instalação de software

Quando se trata de instalar software, o LinuxConsole adota uma abordagem semelhante à dos módulos do Slax. O gerenciador de pacotes abre o Firefox e leva o usuário a uma página da internet com uma lista de vários pacotes de software. Cada módulo tem um nome, uma descrição (incluindo o tamanho do pacote), um link de download e uma lista de dependências, caso existam – a maioria dos módulos parece não depender de outros. Instalar programas é fácil: basta clicar no link de download e executar o programa de instalação de módulos do menu de aplicativos, ou apenas clicar no arquivo do pacote baixado. Há uma ampla variedade de programas nos repositórios, incluindo o OpenOffice.org, software para a gravação de CDs, clientes de mensagens instantâneas, vários jogos e aplicativos multimídia. A maioria dos módulos é voltada para os usuários de desktops, mas também há algumas ferramentas para desenvolvedores e uma cópia do WINE. Baixei e rodei alguns pacotes. Todos eles foram incluídos no menu de aplicativos e rodaram sem problemas. É possível desabilitar ou excluir módulos indesejáveis com poucos cliques do mouse na central de configurações, tornando o gerenciamento de pacotes um passeio no parque.

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LinuxConsole 1.0.2009 – o navegador Firefox mostrando os módulos de instalação de software disponíveis

Eu não esperava que o LinuxConsole fornecesse atualizações de pacotes, já que se trata de uma distribuição pequena que parece mais preocupada em ser um bom live CD. Só que eu estava errado. Há uma opção no menu de aplicativos chamada LiveUpdate, que baixa um pacote contendo patches. De acordo com a descrição, esse pacote é atualizado regularmente, quase todos os dias.

Depois de passar um tempo usando o sistema, comecei a admirar o seu desempenho. O LinuxConsole responde rapidamente, e não tive problemas de instabilidade mesmo depois de dias mexendo na central de configurações (só tive um probleminha quando fiz logoff durante uma atualização de um patch, mas obviamente a culpa foi minha). Os ícones têm visual agradável, bem como a maioria dos temas, e é fácil achar o que você procura no menu de aplicativos. Há algumas idiossincrasias dignas de nota, como quando você topa com um menu em francês ou com frases traduzidas que não soam muito naturais. É raro ver isso acontecer, mas de tempos em tempo acontece. Talvez você ache isso divertido (eu acho), talvez não. Acho que o LinuxConsole tem uma personalidade própria, no melhor sentido da expressão.

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LinuxConsole 1.0.2009 – MPlayer com a janela de configuração em francês

Conclusões

Quando a semana chegou ao fim, percebi que tinha gostado do LinuxConsole. Ele não é perfeito, mas tem um jeito ordeiro de fazer as coisas. O design modular é bem feito, e o sistema é muito leve. Há uma boa dose de funcionalidade para um download de meros 200 MB, e tenho certeza de que minha experiência teria sido ainda melhor se eu tivesse baixado a imagem de DVD, que traz todas as “firulas” extras. Há algumas coisas que eu gostaria que fossem melhoradas na próxima versão, e a documentação seria a mais importante delas. O site cobre algumas coisas básicas, mas na maioria das vezes o usuário tem que clicar nas coisas para descobrir o que elas fazem.

Outra área importante é a de contas de usuário, ou mais especificamente, da segurança e dos privilégios de usuários comuns. Os usuários comuns não devem ser capazes de acessar todo o sistema de arquivos por padrão. Por outro lado, seria bom que eles pudessem reiniciar o sistema quando logados localmente. Tirando isso, acho que o LinuxConsole é uma distribuição excelente para quem já tem alguma experiência com o Linux e quer configurar um PC para um único usuário. Ele também pode transformar um laptop velho em um bom dispositivo de mídia portátil ou em um computador para jogos. Acho que Yann Le Doare fez um ótimo trabalho com sua distro. O LinuxConsole tem o charme de um trabalho feito com amor, e mal posso esperar para ver o que o projeto vai apresentar no futuro.

Créditos a Jesse Smithdistrowatch.com
Tradução por Roberto Bechtlufft <info at bechtranslations.com.br>

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