Já cansei de expressar minha admiração pela concorrência. A melhor forma de uma empresa consolidada “beneficiar” o consumidor é quando está “contra a parede”, e para isso uma briga acirrada de mercado é sempre bem-vinda.
Um exemplo claro é a histórica rivalidade entre Intel e AMD, que nos últimos anos ficou adormecida, já que a AMD com seus problemas financeiros e de projetos ficou totalmente perdida, permitindo que a Intel “nadasse de braçada”, e ditasse completamente o mercado, principalmente o de alta performance.
Mas agora a situação é diferente, como já escrevi aqui o Ryzen é a volta da AMD que o mercado precisava, e a cada novo episódio isso fica mais concreto. Por mais que a Intel tente transparecer que está tudo sob controle e que o lançamento dos Ryzen não estremeceu suas bases, a realidade é completamente diferente, a AMD está inclusive batendo na gigante de Santa Clara no topo da cadeia, com os modelos voltados para HEDT, com a linha Ryzen Threadripper.
Essa rivalidade ganhou hoje mais um episódio com o anúncio da 8ª geração Intel Core, e mais uma vez ficou claro que a Intel parece que está “perdendo a mão”. Além de uma boa comunicação visual, e performance, um produto tem que ficar claro para o consumidor. Mas a 8ª geração Intel Core é uma verdadeira salada, uma confusão generalizada, que pode (e com certeza vai) confundir muitos usuários.
Em primeiro lugar, os tais processadores Coffee Lake, que até então era o que as pessoas tinham em mente para essa nova geração Intel Core, não foram anunciados, a companhia de forma surpreendente disse que essa família de chips será uma espécie de emaranhado de gerações, um 3 em 1: Haverá processadores Coffee Lake, Cannon Lake e versões atualizadas dos Kaby Lakes, chamados de Kaby Lake Refresh, que foram justamente os apresentados nesse primeiro momento.
Outra coisa no mínimo estranha é a escolha de começar anunciando somente os processadores voltados para dispositivos móveis, sendo que no momento a briga com os Ryzen está acontecendo justamente no campo dos desktops.
Essa estratégia de começar pelos modelos para notebooks também foi adotado na 7ª geração Intel Core (Kaby Lake), mas na rivalidade que acontece no momento, acredito que seria bem mais plausível começar pelos modelos de desktop, já que a AMD ainda não anunciou as suas APUs.
O terceiro ponto é todo esse enrosco de arquiteturas com processos de fabricação diferenciados. Particularmente acho que essa mudança da Intel do modo tick-tock para o modelo de hoje dividido em três etapas, que garante mais tempo uma mesma arquitetura no mercado, bem confuso. Claro que está presente toda a questão da dificuldade na redução da litografia, mas em questão de comunicação com o consumidor, é bem ruim!
Nessa 8ª geração Intel Core, além dos 14nm+ dos Kaby Lake “refresh”, há 14nm++ dos Coffee Lake e 10nm dos Cannon Lake. What? Três microarquiteturas diferentes numa mesma família.
Quando eu escrevi que a “Lei de Moore” acabou (ou ficou meio em stand-by), disse que nos últimos anos, principalmente, seguir esse “mantra industrial” virou um verdadeiro martírio pra Intel, e criou uma série de complicações para seguir as tais regras da “lei”, e foi justamente nesse ponto que a Intel começou a tratar seus produtos de forma completamente diferente.
A 8ª geração Intel Core é mais uma constatação, devido as dificuldades na redução da litografia o line-up dos produtos é assim mesmo, variado, que visa atender diferentes tipos de público em diferentes faixas de preço. Porém o ponto aqui é a comunicação, a dificuldade que pode ser para alguns diferenciar e saber escolher um produto adequado com uma geração diferenciada assim.
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