Ryzen é o retorno da AMD que o mercado precisava

Ryzen é o retorno da AMD que o mercado precisava

No ano passado durante o artigo sobre os 10 anos do Intel Core 2 Duo, eu disse que em meados de 2005 e 2006 a rivalidade entre Intel e AMD era bem mais interessante, porém ao decorrer dos últimos anos essa grande rivalidade foi se esvaindo e o que vimos foi uma supremacia da gigante de Santa Clara perante a gigante de Sunnyvale, ditando completamente o mercado (o mercado de gama de alta performance que o diga). E você sabe muito bem a consequência de uma empresa segurando as rédeas de mercado: preços elevados, já que como não há competição à altura, ou você compra o que eu tenho ou fica sem.

Porém esses bons dias de competição estão de volta, principalmente no mercado gamer, a rivalidade história entre AMD e Intel retornou, e em grande estilo, graças a nova geração de processadores da gigante de Sunnyale, a família Ryzen, que de acordo com a Lisa Su, CEO da AMD, é o produto mais inovador já feito pela companhia.

Independente se você gosta mais dos processadores Intel, o lançamento do Ryzen foi bom pra todo mundo. E os efeitos já começaram a aparecer, já que a Intel diminuiu o preço de todos os seus processadores que estão no mercado, inclusive da recém-lançada 7ª geração Intel Core, Kaby Lake.

Outro ponto importante que o Ryzen irá ajudar muito é na “democratização dos threads”. É praticamente um consenso que jogos não costumam lidar muito bem com múltiplos núcleos, e o motivo disso é que a Intel dominava essa questão dos modelos de múltiplos núcleos recomendados para o público gamer, isso limita o alcance, o que faz com que um número menor de pessoas tenham acesso a isso, devido a falta de opções e preços nada convidativos, porém como o Ryzen aposta no SMT, seguindo a linha dos núcleos físicos e lógicos, então se há 8 núcleos físicos há 16 threads (lógicos), e graças aos  preços altamente competitivos, isso abre margem para que haja essa ampliação de multi-cores e consequentemente os desenvolvedores de games podem levar isso mais a sério.

Com o Ryzen a AMD não aposta só em núcleos e clock, e sim na arquitetura como um todo, o núcleo Zen, o coração dessa nova linha que está sendo desenvolvida desde 2013, é o que determinará o que irá acontecer com a companhia daqui pra frente. A passagem de uma litografia de 28nm para 14nm FinFET, a utilização de técnicas de aprendizagem de máquina para gerenciamento do cache e outros elementos, o aumento de 52% de IPC (Instruções por Ciclo), 3,7x mais eficiência energética e a plataforma AM4 formam esse bom conjunto que traz a AMD de volta ao jogo.

Além do reforço em multi-thread o Ryzen eleva o patamar da AMD em single-thread, e embora o topo de linha, o Ryzen 7 1800X, nesse quesito esteja perdendo para o Kaby Lake, Core i7-7700K, fica claro os avanços que a AMD conseguiu quando comparado com os FX.

Créditos: PC World

No ano passado a AMD começou essa boa retomada de mercado, com as placas de vídeo Polaris, porém essa arquitetura foi pra ganhar mercado, apostando em modelos de entrada e intermediários, deixando que em 2017 a Vega faça as honras da alta performance.

No caso do anúncio do Ryzen, a abordagem foi diferente, a AMD focou nesse primeiro momento em três CPUs de alta performance: Ryzen 7 1800X, Ryzen 7 1700X e Ryzen 7 1700, praticamente um aviso: eu voltei com tudo para o mercado high-end.

Ao decorrer do ano, além das APUs, chegará ao mercado a linha Ryzen 5 e Ryzen 3, que com certeza no Brasil serão as melhores apostas para quem não quer gastar muito e pretende montar um novo computador gamer ou para produtividade. O Ryzen 7 busca mais o público entusiasta, mas com um precinho camarada quando comparado com as opções da Intel.

Além da nova arquitetura, e processadores, a AMD acertou em cheio na nova plataforma, a AM4, que traz tecnologias que já estão no mercado há algum tempo, mas que ainda não estavam casando com os chips AMD, como as memórias DDR4, por exemplo. No entanto o ponto mais interessante é a unificação, é a possibilidade de transitar entre qualquer chip do lineup Ryzen mantendo a mesma placa-mãe. Isso torna as coisas muito mais fáceis e baratas para o consumidor.

Essa nova plataforma conta com três chipsets voltados para desktop: o A320 (entrada), B350 (intermediário) e X370 (alta-performance). Os três contam com suporte nativo a USB 3.1 e SATA Express. O X370 é o especifico para aqueles que estão buscando configurações multi-GPU, como SLI e CrossFire. 

A caminhada da AMD com o Ryzen ainda será bem longa, já que os anos de supremacia da Intel, permitiram que a companhia se tornasse referência aos desenvolvedores de games no quesito otimização, e agora com a AMD de volta par a a briga da alta performance, esse processo de otimização também será de suma importância para o Ryzen se sair ainda melhor. Dentre os estúdios que já estão envolvidos com a AMD nesse processo de otimização, destaca-se a Bethesda, que fechou uma parceria com a AMD para melhorar a performance, principalmente na API Vulkan.

O Ryzen é o retorno da AMD, mas principalmente, é o retorno da velha treta com a Intel, que é sempre bem-vinda para o mercado e consumidores 🙂

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Sobre o Autor

Editor-chefe no Hardware.com.br, aficionado por tecnologias que realmente funcionam. Segue lá no Insta: @plazawilliam Elogios, críticas e sugestões de pauta: william@hardware.com.br
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