Bem antes de termos contato como os tais “virais” da internet, a Microsoft protagonizou um momento contrangedor/icônico, que até hoje é lembrado: o primeiro grande momento que uma tela azul da morte se fez presente. Nada poderia ser mais fora de hora, já que a tela de erro apareceu no dia 20 de abril de 1998, durante uma demonstração do Windows 98, na COMDEX.
Durante a saia justa, Bill Gates se saiu bem e soltou a seguinte pérola: “esta deve ser a razão pela qual ainda não estamos vendendo o Windows 98”.
As vendas, começaram oficialmente no dia 25 de junho de 1998, há recém-completados 20 anos. O sistema foi comercializado em 40 países (incluindo o Brasil), e em 30 opções diferentes de idiomas.
A Apresentação no Brasil foi feita em São Paulo, lançamento simultâneo com o resto do mundo. O sistema era Disponibilizado de duas formas: ‘‘atualização’’, dedicada para usuários do Windows 3.1 ou do Windows 95, com preço de US$ 118, e a versão ‘‘completa’’, com preço sugerido de US$ 252.
O Windows 98 não é tão badalado quanto o Windows 95, que como relatamos no ano passado, em comemoração aos seus 22 anos, se tornou o primeiro grande SO midiático, que despertou um grande interesse do público e que introduziu elementos que se tornaram inseparáveis do sistema da Microsoft (o botão iniciar é um deles).
Na época que foi lançado o Windows 98 era visto pela mídia norteamericana como um patch de luxo, uma continuidade da parte estética do Windows 95, mas com diversas novidades “debaixo do capô”, e um trabalho ferrenho na correção de bugs – mais de 30 mil melhorias foram aplicadas.
O Windows 98 se destaca pela presença do sistema de arquivos FAT32, que garantiu uma ampliação em relação às econômicas partições de somente 2 GB, permitidas pelo Windows 95.
Foi introduzido um novo protocolo para drivers, o WDM (Windows Driver Model), que ajudou a melhorar diversos aspectos em termos de suporte de hardware na interface gráfica AGP, portas USB, Firewire, mídia óptica de DVD e suporte a multi-monitores. Esse meio facilitador na forma de desenvolvimento de drivers foi essencial para as próximas versões do Windows.
O marketing de divulgação também bateu muito na questão da integração, o sistema que se integra com a internet. Além da inclusão de links internos em alguns pontos, como no Painel de Controle, a Microsoft frisava que o Windows 98 era pelo menos duas vezes mais rápido que o seu antecessor no acesso à internet.
Em termos de aprimoramentos, o Windows 98 ampliou o suporte para dispositivos USB. O Sistema suportava, graças aos drivers integrados, scanners, hubs, teclados e mouses USB.
Houve também o tal do plug’n’play, tão natural nos dias de hoje. Teoricamente, permite conectar um dispositivo ao computador sem a necessidade de reiniciar o computador. É, nem sempre funcionou às mil maravilhas. Como no caso da apresentação citada no início, durante a COMDEX, em que Chris Capossela, que na época era o gerente de produtos (ele continua na Microsoft até hoje, só que como gerente de Marketing), conecta um scanner no computador, e a máquina prontamente se manifesta com a infame tela azul da morte.
Outras melhorias garantidas pelo sistema foram relacionadas ao ACPI (Windows 98 foi a primeira versão do Windows a suportar isso), permitindo a suspensão e hibernação. Para dispositivos portáteis, os notebooks, o Windows 98 também contou com melhorias, no gerenciamento de energia.
A Microsoft também garantia que em relação ao Windows 95 o novo sistema inicializava, em média, 36% mais rápido, entregava 28% mais espaço em disco por meio do sistema de armazenagem de dados mais eficiente, e a execução de aplicativos ficou 30% mais rápida.
Foi no Windows 98 que o Windows Update foi introduzido. A função era a mesma que vemos hoje em dia: uma forma simplificada para realizar atualizações de drivers e questões relacionadas à segurança.
Para executar o Windows 98 era preciso apenas 16 MB de RAM. Um processador Pentium a 166 MHz era o suficiente para que sistema funcionasse sem muitos problemas.
Nos anos 90, durante todo esse oba-oba do Windows 95/98, a Microsoft protagonizou uma verdadeira guerra com a Netscape, período que ficou conhecido como “Guerra dos Navegadores” (assista aqui o documentário no youtube). A Netscape acusava a gigante de Redmond de jogar sujo para emplacar seu browser, o Internet Explorer, já que oferecia o navegador instalado junto com o sistema. O caso clássico de venda casada.
Durante a apresentação do sistema no Brasil, João Bortone, que era o gerente de marketing de produto da Microsoft Brasil, chegou a declarar que o Internet Explorer não era um browser, numa tentativa de afastar tal polêmica. Juro que gostaria de estar presente para perguntar, então o que ele é?
Windows 98 Second Editon
Ainda houve tempo para a Microsoft capitalizar ainda mais com o Windows 98, com uma versão revisada, chamada Windos 98SE (Second Edition), lançada no dia 5 de maio de 1999.
Essa versão oferecia o Internet Explorer 5.0, melhorias no DirectX, suporte ao Wake-on-LAN, Windows Media Player 6.2, e mais um caminhão de coisas. Porém esse patch embalado não era gratuito!
O suporte para o Windows 98 e 98 SE terminou em 30 de junho de 2002, e o suporte estendido foi encerrado em 11 de julho de 2006. Após o Windows 98 veio o odiado Windows ME (Millenium Edition), porém isso é papo para outro momento.
Caso você queira matar a saudade do Windows 98 acesse esse link e confira essa versão que roda diretamente pelo navegador.
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