Esse tema continua dividindo opiniões. Com tantos malwares que visam a infecção do Android, sistema para dispositivos moveis mais utilizados no mundo, pode soar irônico levantar o questionamento sobre o uso do antivírus. Já que o senso comum determina: para combater vírus é preciso de um antivírus. Mas, na prática, o assunto é bem mais complexo. Ter proteções de segurança em todos os dispositivos é algo sem discussão, mas será que você precisa realmente de uma solução de terceiros? Um software de empresas renomadas como a Kaspersky, BitDefedender, ESET, entre outras?
Bom, há argumentos que defendem a utilização como outros que descartam totalmente a necessidade de mais um software instalado no seu celular ou tablet que fique encarregado da segurança do dispositivo. Aqueles que recriminam o uso citam, por exemplo, o controle do Google sobre o desenvolvimento do Android, sua política no lançamento de atualizações, além da uma vigilância constante sobre os apps que estão disponíveis para download da Google Play, deletando aqueles que são falsos ou que carregam traquitanas contra a segurança do aparelho em que será instalado.
No outro lado do ringue, estão aqueles que defendem a instalação de um antivírus de terceiros. Em primeiro lugar porque as atualizações para Android são segmentadas. Quem não utiliza, por alguma limitação técnica, as versões mais recentes do sistema acabam ficando mais expostos. Outro fator é o número alto de aplicativos maliciosos que se misturam na Play Store com aqueles realmente certificados. Só para você ter uma ideia da quantidade de apps enquadrados com conteúdo inadequado ou que são diretamente maliciosos, o Google revelou que removeu em 2017 mais de 700.000 apps com esse perfil!
Um argumento que eu defendo é o bom senso. Vamos pegar como exemplo os mais variados golpes repassados via WhatsApp. Em praticamente todos, as vítimas poderiam ter evitado a infecção apenas não clicando em links suspeitos que prometem prêmios e promoções mirabolantes. Phishing clássicos como estes precisam da colaboração direta do usuário, pessoas que acabam caindo na trapaça por um conjunto de fatores, como o baixo conhecimento em noções básicas de segurança da informação e essa atenção mínima para ler e realmente analisar que tal conteúdo repassado é bom demais pra ser verdade.
Então, aquela máxima de a melhor segurança é o próprio usuário realmente vale, mas muitas pessoas não estão minimamente interessadas em redobrar sua atenção no ato da navegação e adotar medidas para manter a segurança do aparelho. Para esse público, os antivírus para Android são extramente úteis, você passa esse “trabalho” para o software. Ele ficará como o guardião do seu aparelho. Sabemos que na prática não há nenhum antivírus que salve um usuário totalmente descuidado, mas ele resolve em muitas situações.
O epicentro da discussão é que muitos que querem instalar um antivírus no Android não dedicam nem tempo suficiente para uma boa pesquisa sobre quais softwares de segurança podem realmente cuidar do dispositivo. Antivirus é um termo genérico, muitos softwares o aplicam, mas poucos realmente cumprem tal função.
Diferentemente de outros aplicativos – serviços de streaming, games etc, não recomendo que você instale este ou aquele antivírus com base nos comentários postados na Google Play. O motivo é simples. Grande parte das classificações envolvem elogios para as funções agregadas que o antivírus oferece, que vão além da segurança, como “boost na memória RAM” , artificio muito bem trabalhado pelas empresas de segurança para tentar convencer que os usuários instalem o seu software e não o do concorrente.
Hi there! Our Avast Mobile Security & Antivirus is free in the Google Play Store and also includes features like VPN, Wi-Fi Speed Test, Junk Cleaner, Photo Vault, RAM Boost, Call Blocker, Anti-Theft, and more. Try it out and let us know what you think: https://t.co/BchonCJLhU
— Avast Software (@avast_antivirus) 4 de maio de 2019
Outro problema sobre essas avaliações encontradas na sessão de comentários é que independente de qual seja o antivírus a avaliação é alta. Faça um teste você mesmo. Pegue seu smartphone, vá até a Play Store e digite antivírus no campo de busca. Agora repare na média de cada um deles. Praticamente todos tem uma nota superior a 4.0. O que é algo inacreditável, com base na avaliação da AV-Test, empresa líder de testes e fornecimento de certificados de segurança.
A AV-Test realizou uma análise com 250 softwares listados como protetores de segurança para dispositivo Android. Esses apps foram expostos há 2 mil variações de malware mais comuns disseminadas em 2018. Pasmen: apenas 80 antivírus conseguiram detectar mais de 30% dos malwares sem acusar um falso positivo, isto é, detectar ameças inexistentes.
Dos 250 apps analisados somente 23 detectaram 100% das ameaças. Esses dados deixam claro os dois lado do espectros da questão. Sim, o antivírus pode realmente ser uma camada extra de segurança para o seu dispositivos Android, mas a grande maioria é apenas um placebo, uma falsa sensação de segurança, mas que na verdade pode deixar o aparelho ainda mais exposto ou então apenas iludir o usuário
O caso clássico é do app Virus Shield. Em 2014 este aplicativo, categorizado como uma suposta solução de segurança, ficou disponível na Google Play, por US$ 3,99. Não demorou muito para que ele alcançasse o topo da lista dos aplicativos mais baixados na loja oficial do Android. Só tinha um problema, o tal do Virus Shield não protegia a segurança de aparelho nenhum. Análises do código deixaram claro que a única ação determinada era que o ícone do ap mudasse quando uma suposta varredura em busca de “pragas virtuais” fosse acionado pelo usuário.
Melhores antivírus para Android:
- AhnLab V3 Mobile Security
- AVL
- Avast Mobile
- AVG
- BitDefender
- ESET
- Kaspersky
Muitos usuários que também ridicularizam o uso de antivírus em aparelhos Android confiam cegamente no Google, e nas proteções internas do Android, mas ao mesmo tempo as neglicenciam no próprio dia a dia. Baixam aplicativos de fontes desconhecidas – inclusive por links repassados por SMS, e concedem qualquer tipo de permissão para o tal app que será instalado.
A Positive Technologies revela um dado bem alarmante: três quartos dos aplicativos móveis têm vulnerabilidades relacionadas ao armazenamento de dados, deixando os usuários do Android e também do iOS expostos a ataques cibernéticos. Estas brechas permitem que hackers roubem informações confidenciais. Por isso, é muito importante redobrar a atenção sobre quais aplicativos serão instalados em seu dispositivo.
O próprio Google oferece de forma nativa uma solução de segurança para o Android, o Play Protect, mas, até o momento, ele não é bem avaliado nos testes conduzidos pela AV-Test. Nos próximos anos acredito que, assim como aconteceu com o Windows Defender para o Windows, a solução nativa acabe se tornando uma opção competente para a proteção do Android.
Falando estritamente da segurança, deixando recursos extras de lado, o uso de um antivírus de terceiros em aparelhos Android não é tão essencial, principalmente para quem utiliza poucos aplicativos, baixa apenas de lojas oficiais e está de olho nas permissões que o programa exige para o funcionamento. Já para quem curte uns aptoide da vida, baixa qualquer coisa em qualquer lugar, um bom antivírus é recomendado.
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