2008 foi um ano fantástico para a divisão mobile da LG. Neste ano, a sul-coreana entrou no Top 3 das marcas que mais vendiam celulares em todo o mundo. Pódio que tinha outra gigante sul-coreana, a Samsung, numa posição acima: Samsung na segunda posição e LG na terceira. O pódio era encabeçado pela Nokia.
Passados 13 anos, apenas sua coirmã local, a Samsung, conseguiu se manter relevante até o momento no mercado. Infelizmente, a LG foi perdendo ritmo para uma avalanche chamada Apple, que a ultrapassou em 2011 e deste ritmo de derrocada a dona de clássicos, como o Chocolate e o G3, jamais saiu.
Em 2014, a LG já não figurava nem no Top 5 dos fabricantes que mais vendiam smartphones. Novamente engolida por novos “fenômenos”: Huawei e Xiaomi.
LG se despede do mercado de celulares
Confirmando rumores que já vinham pipocando na web há meses, a LG decidiu cortar na carne. Encerrar de vez sua participação no mercado de celulares. Motivos para isso não faltaram.
Foram quase seis anos de prejuízo em sua divisão mobile, totalizando US$ 4,5 bilhões. A LG como marca de preferência dos consumidores em relação a smartphones também perdeu toda a sua relevância, amargando um market share global de cerca de 2%.
Realmente a decisão de acabar com esse martírio foi uma ação totalmente estratégica. Como destacou em seu comunicado oficial, o headquarter global da LG “decidiu por fechar esta divisão a fim de fortalecer sua competitividade futura por meio de seleção e foco estratégico”.
A LG até tentou vender sua divisão mobile para outra empresa. O The Korea Times informou em fevereiro que as negociações estavam em andamento. Porém, o acordo não foi pra frente. Com o revés, tanto com uma empresa da Alemanha quanto do Vietnã, a LG decidiu tirar seu time de campo e encerrar de vez o setor.
Ousadia acima de tudo
Mesmo com tantos problemas nos últimos anos, uma coisa é indiscutível. A LG tentou de todas as formas se manter no mercado. Por diversas vezes a companhia abraçou a ideia do “vamos fazer algo fora do senso comum”. É claro que este posicionamento traz uma série de riscos, ainda mais no mercado móvel que se tornou cada vez mais restrito.
Essa marca da ousadia apareceu no último grande suspiro da LG no mercado móvel, o LG Wing, smartphone com duas telas e um sistema giratório. O aparelho chegou até a figurar na conhecida lista da Time das maiores inovações de 2020. Mas no que era realmente o ponto central o aparelho não deslanchou: vendas.
Mais um formato ousado que fracassa, assim como a LG já tinha experimentado com o LG G5 em 2016 com seu conceito modular. O sucessor, o G6, lançado no ano seguinte, aparelho que deixou de lado o modo tresloucado da modularidade, também não conseguiu emplacar. Inclusive, o G6 foi colocado pela própria LG como o responsável pela perda de US $117 milhões da divisão mobile da empresa naquele ano.
Além de uma aplicação prática medonha, sem dúvidas, o G5 foi uma das maiores decepções dos compradores fiéis da LG. Conheço algumas pessoas que apostaram na ideia da modularidade, vislumbrando um forte ecossistema em cima deste conceito e se sentiu abandonado pela LG que simplesmente quis apagar a ideia de que alguma vez colocou tal aparelho no mercado.
Pós-Wing, a LG tinha tudo para dar ainda mais um passo avassalador no quesito ousadia. A empresa estava preparando o LG Rollable. O conceito, revelado durante a CES 2021, se tratava simplesmente do primeiro celular com tela extensível do mundo. A ideia vai ficar somente no teaser mesmo.
A LG estava tentando, com base no seu know-how na produção de displays, emplacar alguma nova mania em termos de formato para o mercado de smartphones. A ideia passou longe de funcionar.
Novos caminhos
O encerramento de sua divisão mobile é uma ação, de acordo com a própria LG, para fortalecer sua competitividade futura. E quais são essas áreas que a LG quer competir de maneira mais enfática?
- Componentes para veículos elétricos
- Casa inteligente
- Robótica
- Inteligência artificial
- Soluções corporativas e outras plataformas e serviços.
A LG seguirá vendendo os smartphones que ainda estão no estoque da sua própria loja. Os varejistas independentes também seguirão vendendo os aparelhos que restam. O suporte e atualizações devem ser mantido por algum tempo, período que deve variar de região para região.
A divisão mobile da LG será encerrada completamente no dia 31 de julho. 4 mil funcionários serão realocados para o segmento de eletrodomésticos.
Em 2017, quando a Microsoft enxugou sua divisão e esforços no mercado de smartphones, 0 CEO da companhia, Satya Nadella, declarou que era preciso tomar decisões difíceis em áreas onde as coisas não estão funcionando. É exatamente o que a LG faz agora. A decisão era difícil, mas era a alternativa que restava.
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