O chororô em relação ao fechamento do Mega Filmes HD escancara mais uma vez o jeitinho brasileiro

O chororô em relação ao fechamento do Mega Filmes HD escancara mais uma vez o jeitinho brasileiro

Ontem boa parte da internet brasileira entrou num processo de luto coletivo, tudo graças a operação Barba Negra, que teve como objetivo desmantelar o site Mega Filmes HD, que oferecia a seus visitantes um acerco com mais de 150 mil títulos, divididos entre filmes, séries, documentários e até show. Em alguns casos o site conseguia inclusive ter conteúdo antes da estreia, elevando ainda mais o número de acessos (cerca de 60 milhões no último trimestre), além dos ganhos de ncriveis R$ 70 mil mensais( graças a publicidade) do casal de Cerquilhos (SP) que administravam o site.

O fechamento de um site de download já faz parte do próprio andamento da internet, e todos sabemos que a força da pirataria e desses websites é parecido com a Hidra dos doze trabalhos de Hércules, corta-se uma cabeça (isto é, fecha um site), e surgem duas no lugar. Essa mesma situação está ocorrendo com o próprio Mega Filmes HD, já que o novo responsável por esse site disse que daqui a 30 dias todo o acervo será migrado e tudo voltará ao normal, por enquanto o site poder ser acessado através de um novo domínio, mas com problemas de instabilidade. A comoção do Mega Filmes HD no Brasil é bem similar ao mesmo sentimento que boa parte do mundo tem pelo The Pirate Bay, que graças aos seus seguidores sempre encontra um jeito de voltar.

 Ter a plena ciência que todo o acervo do Mega Filmes HD não seria perdido é apenas uma constatação que já esperávamos. O grande problema envolvendo toda a operação da Polícia Federal, foi a reação de muitas pessoas que através de comentários em diversos sites, e em suas redes sociais, manifestaram a imensa raiva por esse problema do casal, com justificativas no mínimo ridículas. Como por exemplo utilizar o seguinte argumento manjado: “A o congresso rouba milhões, e a Polícia Federal vai atrás do Mega Filmes HD”?

Não sei se caio na gargalhada ou fico com cara de espanto com tal declaração. Querer colocar dois crimes na balança e ver o que é menos pior é muita cara de pau. O mesmo ponto de vista pode ser aplicado na concorrência de qual drama é maior: o ataque terrorista em Paris, ou a queda das barragens em Minas Gerais. Querer fazer este tipo de comparação ou culpar algúem que homenageou Paris mas não prestou as mesmas condolências as pessoas em Minas é uma total alienação.

Essa grande comoção em “chorar as pitangas” pelos problemas do Mega Filmes HD reforça novamente, aquela famosa lei de gerson, isto é, querer sempre levar vantagem sobre tudo, o velho e conhecido jeitinho brasileiro. Claro que este tipo de atitude não ocorre só por aqui, mas antes de tentarmos apontar o dedo na cara dos outros é preciso olhar para o próprio umbigo, um tipo de análise que muitos descartam.

Jeitinho brasileiro em ação

Por isso que o preço dos serviços, principalmente os de streaming. não é a grande barreira para a adoção. Opções como a Netflix que possui um catálogo de conteúdo bem variado a uma mensalidade que por enquanto ainda é aceitável (vamos ver até quando será assim ), é uam boa forma de tentar se desvincular de opções ilícitas, além de receber um contéudo com alta qualidade de som e imagem. Porém, se houver qualquer possibilidade de não pagar e incentivar que essas empresas crescam e melhorem os seus serviços, muitos acabam ligando o disjuntor do modo brasileiro de ser, e pronto, o balde é chutado.

Obviamente também não podemos ser hipócritas, grande parte de quem acessa internet já andou na corda bamba da irregularidade e em diversas situações pisou na lama, usufruindo de itens sem o devido direito autoral. O que acaba reforçando a capa do livro dos professores Clovis de Barros Filhos e Julio Pompeu: somos todos canalhas. Querer maquiar um crime com outro é ainda mais perigoso e nociso. Parte dessa atitude que flerta com a alienação pode ser vista por exemplo na petição online clamando para que o casal que administrava o Mega Filmes HD seja liberado. A base da petição que já conta com mais de 16.000 assinaturas, defende o livre compartilhamento de cultura e informação. Um tipo de defesa altamente contestável, já que as informações do acervo não estavam ali por livre e espontânea vontade dos responsáveis, e sim por outros modos!

As mesmas pessoas que assinam a petição são as mesmas que por exemplo podem ter um cargo de balconista em um cinema, e acabam sendo mandados embora, devidos aos prejuízos da industria, e a opção de automatizar tais operações.

Com crise ou sem crise, o “jeitinho brasileiro” está impregnado na cultura de nosso país, e assim como um legado, continuará perpetuando….

Sobre o Autor

Editor-chefe no Hardware.com.br, aficionado por tecnologias que realmente funcionam. Segue lá no Insta: @plazawilliam Elogios, críticas e sugestões de pauta: william@hardware.com.br
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