Em 24 de fevereiro de 2025, Steve Jobs completaria 70 anos. Embora sua vida tenha sido encerrada em 2011, seu legado e influência continuam sendo revisitados e enaltecidos.
Ontem exploramos neste artigo uma das principais capacidades de Jobs, gerar frases de impacto, que ajudaram a solidificar alguma ideia para o produto da vez que ele estava querendo vender, e mais do que isso, lições que muitos adotaram como um modo de como viver a vida.
Hoje, vamos para mais um ponto da habilidade de Jobs como comunicador: o grande apresentador de produtos.
Jobs dominava a arte do storytelling, conseguindo gerar slongs de impacto e construir uma narrativa envolvente para cada lançamento. Ele era um mestre nessa arte, com apresentações meticulosamente ensaiadas e pensadas para tornar o anúncio de um novo produto da Apple algo grandioso.
Neste artigo, vamos relembrar 5 apresentações lendárias conduzidas por Steve Jobs.
Lançamento do Macintosh (1984)
Vamos começar com garbo e elegância. No alto dos seus 29 anos, Jobs apresentou em janeiro de 1984 um dos computadores pessoais mais lembrados de todos os tempos, o Macintosh.
Definitivamente, o IBM PC se sagrou campeão em termos de mercado contra o Macintosh, mas é inegável o impacto desse produto da Apple na história, e também em termos de comunicação.
Além do lendário comercial, a apresentação de Jobs para o produto é inesquecível, com um momento engraçado e de impacto.
Jobs retirou o computador de uma sacola de lona no centro do palco, ligou-o e deixou que o próprio Macintosh falasse por si mesmo. O computador saudou o público dizendo: “Oi, sou o Macintosh. É ótimo sair da bolsa”.
Lançamento do iMac G3 (1998)
Saltamos agora para uma realidade completamente diferente, tanto para Jobs quanto para a Apple.
Jobs tinha saído da Apple em 1985, uma série de fatores se alinharam, e ele retornou para a companhia em 1996. E sua missão era duríssima: salvá-la da falência.
Steve Jobs era um grande defensor de bons produtos, ele sabia que isso era o que salvaria a empresa que ajudou a fundar. E a primeira aposta para salvar a marca foi o iMac G3, anunciado em maio de 1998.
Nada pode representar mais Jobs que isso. Era definitivamente um computador que tinha um apelo visual, uma personalidade. Design brilhantemente pensado por Jony Ive, que também seria uma nome fundamental para os anos seguintes da Apple.
Em termos de posicionamento, o iMac G3 tinha o objetivo de chamar a atenção de estudantes que queriam acessar a internet de modo simples e rápido. A ideia deu super certo, o design comunicou diretamente com o público-alvo.
Lançamento do iPod (2001)
“Mil Músicas no seu bolso”. Essa foi a grande frase de efeito usada por Jobs durante a apresentação de uma espécie de Walkman dos anos 2000, um produto que ultrapassou a proposta de um gadget de tecnologia, se transformou em um ícone de estilo, algo cultural.
O uso de uma linguagem simples era uma forte característica de Jobs, era algo que o executivo investia muito tempo para refinar.
Descrições mais técnicas jamais teriam o mesmo impacto e poder que uma frase sobre um player para a reprodução de músicas que condensa tudo que é possível com o slogan “mil musicas no seu bolso”.
Jobs também usou sua técnica de contraste para mostrar que insistir em CDs, MP3 Players tradicionais e jukeboxes era um erro. O iPod chegava para revolucionar tudo. O impacto foi gigantesco, estabelecendo a Apple como líder no mercado de eletrônicos de consumo.
Lançamento do iPhone (2007)
Agora chegamos naquela apresentação que é realmente um objeto de estudo. O anúncio do do iPhone em 9 de janeiro de 2007, durante a Macworld, é um dos momentos mais emblemáticos da história da tecnologia e do uso de uma narrativa bem amarrada e pensada para tentar convencer alguém sobre alguma coisa.
A sacada de Jobs em mencionar que naquele dia a Apple lançaria três produtos revolucionários, um iPod com touch, um telefone e um comunicador de internet e no fim mostrar que tudo isso estava em único dispositivo, o iPhone, foi brilhante!
Novamente Jobs foi habilidoso no aspecto de criar um contraste, posicionando os outros aparelhos como “vilões”, menos inteligentes e com uma usabilidade mais fraca, e o iPhone como o personagem que iria causar essa reinvenção.
A apresentação do iPhone também contou com um truque que muitos não sabem. Diversa unidades do aparelho foram usadas durante a condução do anúncio, já que apenas pequenas seções do software funcionavam.
Para passar batido, Jobs usou vários iPhones, que iam sendo trocados e que permitiam que fosse mantida uma rotina milimetricamente calculada do que fazer com o aparelho, cada função demonstrada foi pensada, levando em conta as limitações.
Lançamento do MacBook Air (2008)
Estou escrevendo este artigo aqui num MacBook Air M1 (2020), modelo que foi um ponto de virada importante para a Apple, já que marcou o fim da parceria com a Intel e o investimento em chips da própria gigante de Cupertino. O primeiro modelo do MacBook Air foi lançado bem antes, em 2008, e Jobs foi mais uma vez o cara para imprimir a narrativa e contar a história daquele produto.
Assim como em outros momentos em sua carreira, Jobs adotou um tom teatral para a condução da apresentação. A grande sacada foi tirar o MacBook Air de um envelope, criando um momento inesperado e que conversava diretamente com a estratégia de enfatizar que se trava do notebook mais fino do mundo.