Nos últimos anos, a inteligência artificial deixou de ser uma curiosidade de laboratório para se tornar prioridade estratégica em corporações do mundo inteiro. Gigantes como Meta e Google desembolsam cifras bilionárias para adquirir startups promissoras e atrair talentos especializados, com salários que chegam a valores astronômicos.
No entanto, um estudo da consultoria McKinsey & Company revela um dado desconfortável: 8 em cada 10 empresas que implementaram IA generativa não viram impacto positivo nos lucros. Esse fenômeno vem sendo chamado de “paradoxo da IA generativa”, em referência à “paradoxo da produtividade” observado nas décadas de 80 e 90, quando computadores invadiram os escritórios, mas demoraram a gerar ganhos proporcionais aos investimentos.
O salto de investimento não garante resultado
Segundo dados da IDC, empresas destinaram cerca de US$ 61,9 bilhões à IA generativa recentemente. Porém, junto ao aumento do investimento, cresceu também a taxa de abandono de projetos: 42% dos pilotos iniciados em 2024 foram interrompidos, contra apenas 17% em 2023, e acordo com levantamento da S&P Global.
Os motivos são variados: desde barreiras técnicas complexas até resistência de funcionários e clientes à adoção das novas ferramentas, passando pela falta de habilidades internas para operar e integrar a tecnologia aos fluxos de trabalho.
Entre a promessa e a realidade corporativa
O discurso dominante no Vale do Silício fala em impactos imediatos, produtividade sem precedentes e retorno acelerado. Na prática, empresas que tentaram se adiantar descobriram que a IA exige adaptações profundas e longos ciclos de aprendizado antes de entregar valor real.
Essa lacuna entre expectativa e realidade lembra a bolha das pontocom no início dos anos 2000, quando o entusiasmo superava a maturidade tecnológica e o preparo organizacional. Especialistas, como o economista Torsten Slok, alertam para sinais de superaquecimento do mercado de IA, com risco de uma correção brusca caso o retorno financeiro continue tímido.
O próximo capítulo da corrida da IA
Para que a inteligência artificial cumpra seu potencial no ambiente corporativo, será preciso alinhar tecnologia, pessoas e processos. Isso inclui treinamento interno, integração com sistemas existentes e métricas claras de retorno sobre investimento.
O hype pode até ter esfriado, mas para as empresas que ajustarem a rota agora, a próxima onda da IA pode ser menos sobre modismos e mais sobre resultados concretos.