Diante da divulgação de um relatório que pede a anulação do resultado das eleições no segundo turno de 2022 devido a supostas fraudes nas urnas eletrônicas, 30 engenheiros do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica) assinaram uma carta aberta em repúdio ao que foi apresentado no documento.
Na carta, eles repudiam tanto a metodologia usada quanto a profundidade e até mesmo a qualidade técnica apresentada no relatório do Partido Liberal (PL), que coloca em dúvidas a segurança das urnas eletrônicas usadas na última eleição.
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Engenheiros do ITA afirmam que o relatório da PL é superficial e limitado
O Partido Liberal (PL), partido do atual presidente Jair Bolsonaro, divulgou um documento intitulado “Relatório Técnico Logs Inválidos das Urnas Eletrônicas” no dia 15 de novembro. De acordo com esse relatório, as urnas teriam um “mau funcionamento” durante seu uso nas eleições do segundo turno de 2022, e por isso pedem a anulação do resultado.
Já a carta assinada pelos engenheiros do ITA deixa claro que relatório mencionado não possui nenhuma validação metodológica ou revisão do ITA para garantir o rigor científico esperado da instituição”. Eles também revelam que não há nenhuma “evidência de causalidade entre a versão das urnas e características de seus resultados”.
De acordo com o relatório do PL, existem dúvidas sobre a integridade do log, que é o arquivo onde estão registradas todas as operações feitas no sistema de cada urna e que é produzido por casa um dos equipamentos. Nesse arquivo constam informações sobre todos os votos, como data e hora da liberação do voto e momento em que ele é computado. Só não mostra a identidade do eleitor.
O log é um documento público, por isso pode ser auditado. Os engenheiros do ITA afirmam em sua carta que os logs foram disponibilizados de forma correta e que “são identificados pela localização (combinação de município, zona e seção), não há indícios suficientes para apontar irregularidades nos registros ou não há impedimentos de análises. Adicionalmente, o relatório não explora como uma possível falha no código identificador logado teria qualquer influência sobre votos computados antes de sugerir uma intervenção no processo eleitoral”.
Segurança das urnas eletrônicas
Com isso, eles chegam à conclusão de que o relatório divulgado pelo PL é “superficial, limitado e não segue boas práticas de análises técnicas e científicas como criação e teste de hipóteses, além de não utilizar dados relativos à localização das urnas”.
Esse relatório do PL foi assinado por 3 engenheiros que foram formados no ITA, e esse foi o motivo principal da carta assinada pelos outros 30 engenheiros. Segundo eles, os autores do relatório da PL não representam os engenheiros formados na instituição e muito menos a própria instituição em si.
Fonte: carta aberta