A plataforma X, anteriormente conhecida como Twitter, anunciou a suspensão do uso de postagens de usuários europeus para o treinamento de seu chatbot de inteligência artificial, Grok.
A decisão veio após pressão da Comissão de Proteção de Dados da Irlanda (DPC), que lidera a supervisão da privacidade de dados da empresa no continente europeu e mostra uma preocupação cada vez maior com o uso de dados pessoais para treinar ferramentas de IA sem o devido consentimento.
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Elon Musk acatou decisão da Irlanda
A DPC revelou que a X concordou em parar de usar milhões de postagens públicas de europeus, coletadas entre 7 de maio e 1º de agosto de 2023, para alimentar o desenvolvimento de Grok.
A decisão foi tomada em resposta às investigações regulatórias que apontaram que a empresa não notificou os usuários nem obteve consentimento para o uso de suas informações nesse processo.
A X foi alvo de duras críticas após se descobrir que estava usando os dados dos usuários europeus para treinar sua IA sem a devida transparência. Esta prática chamou a atenção da Comissão de Proteção de Dados da Irlanda, que rapidamente iniciou uma investigação sobre possíveis violações do Regulamento Geral de Proteção de Dados (GDPR), a legislação de proteção de dados mais robusta da União Europeia.
Em um comunicado, o Comissário de Proteção de Dados da Irlanda, Des Hogan, destacou que o acordo alcançado é um passo importante para garantir que os direitos e liberdades dos usuários da X sejam protegidos. Ele também acrescentou que o DPC continuará examinando se o uso de dados pessoais para o treinamento do Grok pela X está em conformidade com o GDPR.
Ação é inédita na Europa e envolve outras empresas
Antes do acordo, a DPC tomou uma ação judicial urgente contra a X, pedindo à Suprema Corte da Irlanda que suspendesse, restringisse ou proibisse o processamento de dados pessoais pela plataforma. Esse movimento legal é inédito, sendo a primeira vez que uma ação desse tipo é movida contra uma grande plataforma de mídia social na Europa.
Ela marca um momento importante na regulação das empresas de tecnologia no continente, onde há uma crescente vigilância sobre como dados de usuários estão sendo usados, especialmente para treinar modelos de inteligência artificial.
Isso porque o caso da X não é isolado. Diversas grandes empresas de tecnologia estão enfrentando desafios regulatórios semelhantes na Europa. Em junho de 2023, a Meta, controladora do Facebook e Instagram, anunciou a suspensão do uso de postagens e imagens de usuários europeus para treinar suas ferramentas de IA após uma série de reclamações relacionadas ao GDPR. Além disso, organizações de consumidores, como a Euroconsumers, também apresentaram queixas contra o LinkedIn por práticas semelhantes.
A Europa possui algumas das regulamentações de privacidade mais rigorosas do mundo, com o GDPR impondo fortes restrições sobre o uso de dados pessoais. Desde que entrou em vigor em 2018, o GDPR tem forçado as empresas de tecnologia a ajustar suas práticas para garantir o cumprimento das normas de privacidade europeias.
Fonte: Politico