Atores de vídeo game estão em greve por causa de IA

No final de julho, o Screen Actors Guild – American Federation of Television and Radio Artists (SAG-AFTRA) iniciou uma greve que impacta profundamente a indústria de videogames e acaba impedindo jogos em desenvolvimento.

A decisão de entrar em greve veio após o fracasso das negociações para um novo contrato que regula a mídia interativa e os videogames, afetando mais de 160.000 membros do sindicato, desde grandes editores até pequenos estúdios independentes.

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Por que a greve?

O principal ponto de discórdia entre SAG-AFTRA e os editores de videogames gira em torno das proteções para os trabalhadores contra o uso de inteligência artificial (IA). As empresas de videogames que participaram das negociações incluem grandes nomes como Activision, Take-Two, Insomniac Games, WB Games, entre outras, totalizando 30 empresas signatárias.

Embora ambas as partes tenham concordado em diversas propostas durante os últimos dias, a questão da IA ainda permaneceu como o principal obstáculo entre as negociações, o que acabou resultando na greve.

Proteções de IA: a centro da questão

Essas disposições do SAG-AFTRA sobre IA envolvem tanto os artistas de voz quanto os de movimento, abordando o uso de réplicas digitais e a criação de novas performances sem a participação do artista original. A preocupação central do sindicato é evitar que performances digitais sejam criadas sem o consentimento e a remuneração justa dos atores.

As empresas de videogames inicialmente quiseram garantir proteções apenas para artistas de voz, excluindo aqueles que realizam performances de movimento, como dublês. Ray Rodriguez, diretor de contratos do SAG-AFTRA, destacou que isso deixaria muitos artistas desprotegidos, especialmente aqueles que atuam em cenas de ação e performances de criaturas.

Posteriormente, as empresas estenderam as proteções para incluir artistas de movimento, mas com uma condição: as proteções só seriam aplicáveis se o artista fosse identificável no resultado da réplica digital de IA.

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Essa proposta foi rejeitada pelo SAG-AFTRA, já que acabaria excluindo a maioria das performances de movimento. Andi Norris, membro do comitê de negociação do SAG-AFTRA, ainda criticou a proposta:

“A proposta deles excluiria qualquer coisa que não pareça e soe idêntica a mim. [A proposta] deixaria especialistas em movimento, incluindo dublês, totalmente desamparados, a serem substituídos… por performers sintéticos sem alma, treinados em nossas performances reais.”

Resposta das empresas de videogame

As empresas de videogame, por sua vez, afirmaram que suas propostas de IA eram robustas e exigiriam o consentimento dos atores. Audrey Cooling, representante das empresas de videogame no comitê de negociação, declarou que as proteções oferecidas são algumas das mais fortes na indústria do entretenimento, incluindo consentimento obrigatório e compensação justa para todos os artistas que trabalham sob o IMA.

“Nossa oferta responde diretamente às preocupações do SAG-AFTRA e estende proteções significativas de IA que incluem exigir consentimento e compensação justa a todos os artistas que trabalham sob o IMA. Esses termos estão entre os mais fortes na indústria do entretenimento”

Exceções e impacto da greve: todos os jogos vão parar?

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A greve do SAG-AFTRA inclui várias exceções, o que acaba tornando o verdadeiro impacto da greve um tanto incerto, sem muita certeza do que vai ser impactado ou não.

Trabalhos realizados sob o Acordo de Mídia Interativa Independente de Orçamento Gradual ou um Acordo de Mídia Interativa Interina são isentos da greve. Além disso, a “carta lateral seis” do IMA isenta jogos em produção antes de agosto de 2023, permitindo que títulos como GTA 6 continuem em desenvolvimento.

No entanto, membros do comitê de negociação do SAG-AFTRA têm incentivado outros a se absterem de trabalhar em jogos isentos. Sarah Elmaleh, artista de videogame e presidente do comitê de negociação do SAG-AFTRA, enfatizou em um vídeo no TikTok que essas exceções minam a ferramenta mais valiosa do sindicato: a greve.

Histórico e consequências futuras

A última greve de videogames do SAG-AFTRA ocorreu em 2016 e durou 11 meses, resultando em aumentos de taxa fixa para os artistas, melhores garantias de segurança no set e supervisão aprimorada para prevenir o estresse vocal em artistas de voz.

Esta nova greve, centrada em torno das proteções de IA, mostra as complexidades crescentes da tecnologia na indústria do entretenimento e a necessidade contínua de negociações que assegurem os direitos dos trabalhadores principalmente agora, já que esse cenário segue passando por mudanças e está em evolução constante.

Com a greve ainda em andamento, resta saber como a indústria de videogames vai responder a essas demandas e como isso pode acabar afetando o futuro dos direitos dos trabalhadores nessa nova era da inteligência artificial. As negociações futuras deverão levar em consideração tanto o equilíbrio entre inovação tecnológica e a proteção dos direitos dos artistas, garantindo que ambos os lados possam prosperar em um ambiente justo e equitativo.

Fonte: The Verge

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