Recentemente, ou melhor, nessa segunda-feira (17), surgiram informações em diversos sites especializados sobre uma nova patente submetida pela Xiaomi que visa a criação de um smartphone com um sistema de câmera modular.
A princípio, câmera modular, em poucas palavras, é uma câmera composta por pequenas partes individuais que podem ser configuradas de múltiplas formas. Desse modo, uma câmera modular permite uma intercambiabilidade nos componentes e acessórios da câmera.
Ou seja, a montagem, o encaixe ou a substituição entre dois ou mais componentes interligados, ou que consigam interagir e não dependam de ajustes, na eventual substituição de um ou mais destes para que a função do substituído, ou dos substituídos, seja plena.
No entanto, não é comum encontrar esse sistema em câmeras de smartphone, pois, embora haja um interesse crescente no assunto, poucas fabricantes se arriscam a inserir câmeras modulares em seus aparelhos.
Empresa tentou criar um aparelho similar em 2013
Em 2016, a Motorola, através dos módulos Moto Mods, inseriu um sistema modular no Moto Z, que expandia as funções do celular. No entanto, a recepção não foi muito positiva, com críticas definindo o sistema como algo “sem graça”.
Mesmo assim, a Xiaomi, que é conhecida justamente por não se acomodar nos designs de seus smartphones, pretende criar um smartphone com câmera modular que contaria com nódulos intercambiáveis com diferentes funções.
A propósito, essa não é a primeira vez que a Xiaomi flerta com esse tipo de dispositivo. Em 2013, Lei Jun, co-fundador e CEO da empresa, publicou diversas fotos na rede social Weibo de um smartphone modular que levava o nome de Xiaomi Magic Cube.
A Xiaomi não chegou a lançar o celular, mas, a empresa continua a alimentar a ideia de desenvolver um smartphone com sistema e câmera modular.
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Como serão as configurações do celular?
De acordo com o site holândes LetsGoDigital, a Xiaomi submeteu a patente de um “dispositivo eletrônico” ao Escritório de Patentes e Marcas dos Estados Unidos (USPTO).
A documentação da patente, divulgada no dia 29 de abril, foi incluída no banco de dados da OMPI (Organização Mundial da Propriedade Intelectual). Isso foi feito com o fim de proteger mundialmente a tecnologia patenteada.
Essa documentação informa detalhadamente o desenvolvimento de um smartphone da Xiaomi que teria tês módulos cujas funções se diferenciariam entre si.
O primeiro módulo, na parte superior do telefone, abriga a placa-mãe e o sistema de câmera. No segundo, localizado na área central, há a bateria. Por fim, o terceiro módulo é utilizado para abrigar os componentes da parte inferior do celular.
Os três módulos são facilmente intercambiáveis e poderão ter recursos adicionais, como um módulo de alto-falante ou para uma câmera de zoom.
Dois dos três módulos possuem uma tela que formam um grande display quando se conectam. Além disso, os módulos podem se conectar, ou desconectar, através de um sistema de arrastar.
Quando ativados corretamente, os módulos fazem contato entre si, permitindo que o smartphone possa ser utilizado.
Smartphone da Xiaomi terá câmera modular quádrupla
Sobre a câmera modular do celular da Xiaomi, haverá dois módulos, que foram descritos na documentação da patente.
Primeiramente, há um sistema formato quadricular, que consiste em uma câmera tripla com flash. A outra câmera modular é quádrupla, indicando que este módulo terá uma câmera com zoom periscópico.
Ademais, uma câmera frontal também fará parte do dispositivo, embora o documento não informe como será esse sistema. Possivelmente, seguindo os avanços da indústria, essa câmera frontal ficará sob a tela.
Xiaomi patenteia smartphone com câmera giratória sob a tela
O que reforça essa presunção é o fato de a Xiaomi planejar o anúncio de seu primeiro smartphone com uma câmera sob o display. Além disso, recentemente, a empresa chinesa patenteou um modelo de um smartphone com uma câmera rotativa sob a tela.
Por que a Xiaomi quer desenvolver um celular modular?
Embora sejam inúmeras as vantagens, na perspectiva do consumidor, de um smartphone com sistema e câmera modular, os motivos da Xiaomi, ao desenvolver um aparelho com esse sistema, não giram somente em torno disso.
A própria empresa afirma na documentação da patente que a principal razão para a criação de um smartphone modular é que tal dispositivo poderia reduzir, consideravelmente, os custos em reparos. Substituir apenas um módulo defeituoso, certamente, é muito mais barato que substituir um celular inteiro.
Além do mais, isso beneficiaria o meio ambiente, pois não haveria partes desnecessárias a serem substituídas, reduzindo, portanto, o desperdício e o lixo eletrônico.
Com isso, a Xiaomi seguiria a linha da Apple, que anunciou, no início do mês passado (ironicamente, no dia primeiro de abril), o compromisso com a redução de lixo eletrônico e a meta de operar de forma completamente sustentável a partir de 2030 em toda a sua cadeia de produção.
Contudo, uma polêmica acerca do lançamento do iPhone 12 sem carregador incluso, cuja justificativa, de acordo com a Apple, foi para contribuir com a redução de lixo eletrônico, não pegou muito bem na opinião pública.
A maioria das críticas sobre essa nova política comentava que a estratégia, na verdade, era uma forma de obter mais lucro, pois a Apple não apresentou nenhum dado científico para embasar tal mudança. No entanto, a Samsung, principal rival da Apple, fez o mesmo com o Galaxy S21, lançado poucos meses após o iPhone 12.
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Tendo em vista essas duas ações polêmicas, no final de 2020, a Xiaomi lançou o Mi 11, modelo flagship da empresa, com duas opções: com carregador ou sem carregador incluso. Entretanto, ambas as versões possuíam o mesmo preço, o que pode ter confundido muita gente.
Para lançar um smartphone modular e obter, consequentemente, a aceitação do público, a Xiaomi precisa combinar as principais tendências da indústria atualmente, pois, apenas reduzir o impacto ambiental e, em contrapartida, lesar o consumidor, não chegará em um resultado positivo.