Desde o início da invasão russa à Ucrânia, a União Europeia tem implementado uma série de sanções para enfraquecer a economia e a capacidade militar da Rússia. Essas medidas variam desde a redução da dependência energética do gás russo até a restrição de produtos que poderiam ser usados no conflito. Agora, a UE está considerando uma nova medida que chamou a atenção: a proibição do envio de consoles e controles de videogame para a Rússia, sob a suspeita de que estão sendo utilizados no campo de batalha.
O contexto das novas sanções
No próximo dia 24 de fevereiro, completam-se três anos desde o início da invasão, e a UE planeja marcar essa data com um novo pacote de sanções. De acordo com Kaja Kallas, chefe de Política Externa da UE, o objetivo é minar ainda mais a economia russa e sua capacidade militar. Entre os produtos que estão sendo avaliados para inclusão na lista de sanções estão os consoles de videogame, já que, segundo Kallas, “aparentemente estão sendo usados para operar drones no conflito”.
Para que essas medidas entrem em vigor, é necessária a aprovação unânime dos 27 Estados-membros da UE. Embora a proposta reflita a determinação da UE em enfraquecer a Rússia, resta a dúvida se essas sanções terão um impacto real em sua capacidade militar ou se, como ocorreu com outras medidas, a Rússia encontrará maneiras de contorná-las.
Por que os consoles?
Embora possa parecer surpreendente, os consoles e seus controles possuem componentes que podem ser adaptados para usos militares, especialmente no controle de drones. Desde março de 2022, os principais fabricantes de consoles, como Sony, Nintendo e Microsoft, suspenderam suas vendas na Rússia. No entanto, o mercado negro e as importações por meio de terceiros países têm permitido que esses dispositivos continuem chegando ao país.
A nova sanção não visa apenas os consoles, mas também “controladores de videogame, simuladores de voo, joysticks e outras unidades de entrada que possam ser usadas para operar drones remotamente”. A ideia é cortar qualquer via que permita à Rússia acessar esse tipo de tecnologia.
O desafio das sanções
Apesar das boas intenções, há dúvidas sobre o impacto real dessas medidas. Desde o início da guerra, a China se tornou um aliado fundamental para a Rússia, especialmente no fornecimento de tecnologia. Segundo dados do Trade Data Monitor, em 2023 a China exportou para a Rússia mais de 120 milhões de dólares em consoles e dispositivos relacionados, um aumento significativo em comparação com os 30 milhões de dólares de 2022.
Olena Bilousova, especialista em bens militares da Escola de Economia de Kiev, ressalta que, embora os controladores de drones sejam essenciais para operações militares, as sanções podem não ser eficazes. “A maioria dos operadores depende de controladores fabricados na China, que estão amplamente disponíveis nos mercados online russos”, explica.
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