Há algum tempo, mais precisamente durante os últimos anos, os Estados Unidos e seus aliados têm ficado de olho e com uma preocupação crescente a respeito de uma atividade militar russa cada vez maior nas áreas de cabos submarinos críticos, que são considerados a espinha dorsal da internet global e das telecomunicações.
Isso porque esses cabos transportam a maior parte do tráfego de dados e eletricidade entre continentes. Agora, enquanto as tensões geopolíticas aumentam, eles podem estar se tornando alvos estratégicos em possíveis operações de sabotagem, com a Rússia sendo um dos principais suspeitos nessa nova frente de conflito.
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A importância dos cabos submarinos
A preocupação é justificável. Esses cabos submarinos são extremamente importantes já que são responsáveis por transportar mais de 95% do tráfego de internet e telecomunicações entre os países.
Estes cabos de fibra óptica, que seguem por milhares de quilômetros no fundo dos oceanos, facilitam tudo, tanto a comunicação pessoal quanto operações financeiras e governamentais de alta importância. Além disso, muitos deles são essenciais também no transporte de eletricidade entre vários países, principalmente na Europa.
E exatamente por serem tão importantes para o funcionamento da internet e do comércio global, qualquer interrupção ou dano a esses cabos poderia trazer um impacto gigante nas nações. Um ataque contra essa infraestrutura pode acabar trazendo prejuízos enormes em setores cruciais, como nos mercados financeiros, no fornecimento de energia, nas comunicações governamentais e até mesmo operações militares.
A estratégia russa
Relatórios recentes revelam um aumento da atividade naval russa ao redor de cabos submarinos em várias partes do mundo, especialmente nas proximidades da Europa. Segundo fontes dos EUA, a Rússia vem investindo em uma unidade militar secreta, conhecida como “Diretoria Principal de Pesquisa em Águas Profundas” (GUGI, na sigla russa), dedicada especialmente a sabotagem submarina.
E para isso GUGI conta com diversas ferramentas, como uma frota especializada de navios de superfície, além de submarinos e drones navais, o que permite que a Rússia possa realizar operações escondidas no fundo do mar.
Esse foco em operações submarinas acabou se destacando bastante nos últimos anos, especialmente no Mar Báltico e no Mar do Norte, regiões onde cabos submarinos são essenciais para a conectividade entre países europeus.
Investigações feitas por emissoras públicas da Suécia, Dinamarca, Noruega e Finlândia mostraram que existe de fato uma frota russa de navios espiões operando nessas águas, possivelmente mapeando cabos submarinos e instalações de energia, como parques eólicos, para ataques futuros.
Riscos globais e respostas ocidentais
E a Rússia dá tanta importância ao GUGI que o investimento na unidade não diminuiu nem um pouco, mesmo diante da guerra contra a Ucrânia, algo que com certeza vem mobilizando bastante grande parte dos recursos militares do país.
Ou seja, está claro que Moscou vê os cabos submarinos como uma potencial ferramenta estratégica para desestabilizar o Ocidente em tempos de conflito, mesmo fora da zona de guerra ucraniana.
As atividades russas ao redor desses cabos submarinos são bem preocupantes, já que uma sabotagem bem sucedida tem a capacidade de não apenas interromper as comunicações internacionais, mas também dificultar a resposta dos governos ocidentais.
Além disso, já que esses cabos são em sua maioria operados por empresas privadas, a responsabilidade pela manutenção e segurança acaba ficando fragmentada, e isso aumenta as vulnerabilidades. A destruição ou comprometimento dessas infraestruturas poderia escalar rapidamente as tensões geopolíticas, criando um cenário perigoso de mal entendidos que poderia resultar em conflitos ainda maiores.
Os EUA e seus aliados já estão tomando medidas para monitorar e proteger essa infraestrutura crítica. Patrulhas navais de países da OTAN, como as realizadas no Mar Báltico, estão de olho nas atividades russas, e ações preventivas estão sendo tomadas para diminuir o máximo possível o impacto de uma possível sabotagem.
Além da Rússia, a China também tem mostrado interesse em operações semelhantes. Nos últimos anos, forças navais chinesas foram vistas em torno de cabos submarinos nas proximidades de Taiwan, levantando suspeitas de que Pequim esteja se preparando para cortar a ilha do restante do mundo em caso de um conflito mais amplo.
Esse tipo de atividade representa um novo desafio para a segurança global das comunicações, especialmente em regiões de alta tensão geopolítica.
Fonte: CNN
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